Desenvolvimento sustentável e constitucionalismo decolonial: a valorização do trabalho da natureza como fundamento da ordem econômica

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1676-6288.prolam.2024.227495

Palavras-chave:

Ordem econômica na Constituição brasileira, Meio ambiente na América Latina, Desenvolvimento sustentável, Trabalho da natureza, Constitucionalismo decolonial

Resumo

O presente artigo visa identificar um novo fundamento, ainda que implícito, no artigo 170 da Constituição brasileira de 1988, referente aos fundamentos constitucionais da Ordem Econômica. Argumenta-se que se a valorização do trabalho humano, ao lado do fundamento na livre iniciativa, tem seu princípio correspondente no ideal de busca do pleno emprego (inciso VIII), deve o ideal de defesa do meio ambiente, enquanto princípio previsto no inciso VI, também ter o seu fundamento correspondente previsto no caput. A partir do pensamento decolonial, como método de análise voltado para a própria sistemática jurídica, sustenta-se que tal reconhecimento faria o Brasil acompanhar a evolução de outros Países da América Latina no sentido de um constitucionalismo que contemple a Natureza como sujeito de direito, a exemplo de países como Equador e Bolívia. Assim, sob a perspectiva do Constitucionalismo decolonial, aprimora-se o conceito de desenvolvimento sustentável para incluir a ideia de valorização do trabalho da Natureza.

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Biografia do Autor

  • Marcelo Barros Jobim, Centro de Ensino Superior de Maceió

    Professor de Direito Constitucional no Centro de Ensino Superior de Maceió (CESMAC), Brasil. Advogado em Alagoas, Brasil. Doutor em Direito pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Brasil; mestre em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Brasil; graduado em Direito pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Brasil. E-mail: jobimar@gmail.com

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Publicado

2024-12-01

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Artigos

Como Citar

Jobim, M. B. . (2024). Desenvolvimento sustentável e constitucionalismo decolonial: a valorização do trabalho da natureza como fundamento da ordem econômica. Brazilian Journal of Latin American Studies, 23(50), 247-271. https://doi.org/10.11606/issn.1676-6288.prolam.2024.227495