Etnia e nominação: ancestralidades em disputa e recomposições Artigo

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DOI:

https://doi.org/10.1590/0103-6564e220066%20

Palavras-chave:

nome próprio, etnopsicologia, identificação

Resumo

O nome próprio, para além de designativo de uma identidade transmitida intergeracionalmente, pode abrigar memórias sociais consubstanciais às representações de uma genealogia familiar, entrecruzada a processos históricos transgeracionais. Neste estudo de caso, as ressonâncias de sentidos atrelados ao significante “Terena” são analisadas à luz do processo social onomástico de transformação de etnônimos em sobrenomes, com base em fundamentos teóricos e metodológicos etnopsicanalíticos. Encontrou-se não haver transparência nem correspondência linear, pelo menos neste caso, entre o significante Terena na qualidade de etnônimo e na condição de sobrenome familiar, ficando em aberto em que medida a sua multivocidade se prende ao recalque da memória familiar e/ou a resistências a uma identificação genealógica que em diferentes momentos históricos terá assumido valorações distintas e eventualmente antagônicas.

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Publicado

2023-10-20

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Seção

Artigos

Como Citar

Etnia e nominação: ancestralidades em disputa e recomposições Artigo. (2023). Psicologia USP, 34, e220066. https://doi.org/10.1590/0103-6564e220066