O refluxo gastroesofágico e a relação mãe e bebê: estudo de caso

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/0103-6564e210055%20%20

Palavras-chave:

maternidade, medicina psicossomática, relações mãe-filho, sistema gastrointestinal

Resumo

O presente artigo problematiza aspectos afetivos inerentes à relação materno-filial que podem estar associados ao surgimento e estabelecimento de sintomas psicossomáticos de refluxo gastroesofágico no bebê de até 1 ano de idade. Para tanto, apresenta-se estudo de caso de uma díade mãe-bebê auxiliado por entrevista semiestruturada, aplicação das pranchas 1, 2 e 7MF do teste de apercepção temática e observação naturalista. Cada instrumento foi analisado qualitativamente e teve seus resultados integrados e articulados à teoria psicanalítica. Os principais resultados apontaram certa fragilidade egóica e necessidade de apoio social por parte da mãe, compatíveis com o período do puerpério. São discutidas possíveis maneiras de funcionamento do psiquismo materno, por exemplo, quando sobrecarregado com afetos ansiosos, há sobredeterminação de sintomas psicofuncionais no bebê, os quais, por sua vez, causam efeitos no modo como a mãe se posiciona no exercício da maternagem suficientemente boa, marcando um interjogo relacional.

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Publicado

2023-10-20

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

O refluxo gastroesofágico e a relação mãe e bebê: estudo de caso. (2023). Psicologia USP, 34, e210055. https://doi.org/10.1590/0103-6564e210055