“Cê anda igual bandido!”: o que dizem os jovens sobre a construção midiática do criminoso?

Autores

  • Camila Marques Silva Daher Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, MG, Brasil
  • Fernando Santana de Paiva Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, MG, Brasil
  • Luciana Ferreira Barcellos Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.1590/

Palavras-chave:

juventude, mídia, violência

Resumo

A partir do cenário brasileiro, marcado por diferentes expressões da violência, são construídas práticas midiáticas que representam a juventude pauperizada de forma a criminalizar tal grupo. Este artigo apresenta uma discussão a respeito dos sentidos produzidos por jovens de 14 a 16 anos sobre as representações midiáticas expressas por setores da mídia hegemônica. Trata-se de uma pesquisa participante, delineada a partir da perspectiva do sociólogo Orlando Fals-Borda e da ideia de coautoria de Mikhail Bakhtin. A pesquisa foi realizada em uma cidade do estado de Minas Gerais, e foram construídos sete grupos de discussão, em que reportagens nas quais jovens são associados a episódios tidos como criminosos foram discutidas. Por meio dos diálogos construídos, foi possível identificar que o conteúdo midiático pode resultar em uma série de violências nas vidas desses jovens, que resistem através da busca por estratégias criativas, envolvendo a arte e mídias alternativas.

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Publicado

2024-04-05

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

“Cê anda igual bandido!”: o que dizem os jovens sobre a construção midiática do criminoso?. (2024). Psicologia USP, 35, e220070. https://doi.org/10.1590/