De Columbine a Suzano: uma análise sócio-histórica de atentados escolares
DOI:
https://doi.org/10.1590/0103-6564e190164Palavras-chave:
escola, violência, materialismoResumo
Apesar dos 11 atentados escolares registrados no Brasil, os debates acadêmicos sobre o assunto ainda são escassos. O objetivo deste ensaio foi identificar as categorias histórico-sociais que permeiam a formação da singularidade dos infratores. Consultamos os materiais publicados pela mídia sobre os atentados brasileiros e as categorias encontradas na literatura internacional sobre o tema. Nossa análise fundamentou-se na perspectiva marxista, destacando as condições sociais, históricas e materiais nas quais os atentados ocorreram. Apontamos a socialização masculina, a relação com grupos de extrema direita e a reprodução da violência estrutural como configurações histórico-sociais fundamentais. Identificamos, também, que a destruição dos postos de trabalho e a assimilação da noção de indivíduo neoliberal agravam a cisão entre as dimensões coletivas e particulares, produzindo sujeitos que reproduzem a competitividade do mercado como régua para outras relações. O processo de precarização da escola pública a torna um alvo dos atentados, devido à ruptura que estabelece entre sujeito, educação e trabalho.
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