“Jajeroky”: corpo, dança e alteridade entre os Mbya Guarani

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/2179-0892.ra.2019.161094

Palavras-chave:

Corporalidade, dança, guarani, xamanismo, alteridade

Resumo

Neste artigo procedo a uma reflexão sobre as práticas corporais mbya guarani que mobilizam a dança e sua relação com a alteridade. Diferencio alguns contextos específicos em que se dança de distintas maneiras, tais como, a opy (casa de reza), as apresentações de corais e danças de xondaro, e os bailes de forró, espaços que mobilizam aldeias e relações entre aldeias. Penso a centralidade de tais práticas nas vidas mbya; meu foco de análise toma tais espaços como arenas das relações com diversos outros, tema central da experiência xamânica.

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Biografia do Autor

  • Ana Lucia Ferraz, Universidade Federal Fluminense
    Ana Lucia Ferraz é Professora do Departamento de Antropologia da Universidade Federal Fluminense e Coordenadora do Laboratório do Filme Etnográfico (ICHF-UFF). É Coordenadora do Comitê de Antropologia Visual da Associação Brasileira de Antropologia (ABA). Professora no Mestrado em Antropologia Visual da FLACSO-Equador. Tem experiência com os temas: filme etnográfico, classes trabalhadoras, cidade, povos guaranis, cosmologia, artes e cinema.

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2019-09-17

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“Jajeroky”: corpo, dança e alteridade entre os Mbya Guarani. (2019). Revista De Antropologia, 62(2), 350-381. https://doi.org/10.11606/2179-0892.ra.2019.161094