“Eu tô vivo e isso aqui é minha vida agora”: produção de territórios e condições de existência no cotidiano de uma prisão

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2021.184480

Palavras-chave:

Prisão, território, táticas, resistência, cotidiano

Resumo

A partir da experiência de duas pessoas aprisionadas em uma penitenciária feminina de São Paulo, o presente texto reflete sobre os modos de produção de territórios e condições de existência no cotidiano do cárcere. As formas criativas e táticas de adequar os ambientes de modo a torná-los morada e as redes de suporte, favores e afetos tecidas ao longo de anos são justapostas às formas de dominação e tentativas institucionais de anulação do sujeito aprisionado. Em situações extremas, o corpo torna-se território último de resistência, a partir do qual são agenciadas linhas de fuga capazes de produzir verdadeiras máquinas de guerra contra o Estado, de modo a fazer vida perseverar. Por meio de narrativas que fazem ver diferentes formas de produzir territórios de vidas vivíveis, busca-se discutir as fronteiras entre subjugação, resistência e criação no cotidiano de uma prisão.

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Biografia do Autor

  • Sara Vieira Antunes, Universidade de São Paulo

    Sara Vieira Antunes é mestra em Antropologia Social pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo, USP (bolsista Fapesp). Integra o Núcleo de Antropologia do Direito (Nadir-USP) e, atualmente, pesquisa os seguintes temas: prisão, loucura, medida de segurança, sistema de justiça e tecnologias de poder.

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Publicado

2021-04-28

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Antunes, S. V. (2021). “Eu tô vivo e isso aqui é minha vida agora”: produção de territórios e condições de existência no cotidiano de uma prisão. Revista De Antropologia, 64(1), e184480. https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2021.184480