Spivak, pós-colonialismo e antropologia: pensar o pensamento e o colonialismo-em-branco dos nossos conceitos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2021.186659

Palavras-chave:

Ontologia, epistemologia, subalternidade, desconstrucionismo, reflexividade

Resumo

Partindo de uma leitura reversa do texto “Pode o subalterno falar?”, este ensaio busca recuperar e torcer os argumentos de Spivak para encontrar os fundamentos de um pensamento pós-colonial como medida de precaução e como treino imaginativo. A intenção é apresentar a necessidade de pensar o pensamento, o lugar em que, seguindo a Derrida, Spivak argumenta localizar-se o colonialismo-em-branco do pensamento europeu. Por fim, aproximaremos o problema de Spivak com as intenções do ontologismo antropológico, mostrando de que forma uma exploração ontológica na Antropologia depende de uma crítica epistemológica. Pretendemos, com isso, recolocar a vigência da teoria pós-colonial de Spivak para a antropologia, atualizando seus termos e seguindo seus argumentos.

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Biografia do Autor

  • Lucas da Costa Maciel, Universidade de São Paulo

    Lucas da Costa Maciel é doutorando em Antropologia Social (PPGAS/USP), pesquisador e discente vinculado ao Centro de Estudos Ameríndios (CEstA/USP) e ao Centro de Pesquisa em Etnologia Indígena (CPEI/Unicamp), editor da Maloca – Revista de Estudos Indígenas e participante da rede de conexões indígenas e transfeministas Fecundações Cruzadas.

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Publicado

2021-06-30

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Maciel, L. da C. (2021). Spivak, pós-colonialismo e antropologia: pensar o pensamento e o colonialismo-em-branco dos nossos conceitos. Revista De Antropologia, 64(2), e186659. https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2021.186659