Dar a ver o indizível: as capulanas no norte de Moçambique

Autores

  • Helena Santos Assunção Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2022.188052

Palavras-chave:

Antropologia da arte, Attachement, Objetos, Capulanas, Moçambique

Resumo

Este texto reflete teoricamente sobre as capulanas na região norte de Moçambique, e é baseado em trabalho de campo realizado nas cidades de Nampula e Ilha de Moçambique em 2015 e 2017. A partir de um diálogo com as proposições teóricas de Alfred Gell e Bruno Latour, proponho pensar como fazer capulanas não se restringe à produção, mas passa, principalmente, pela circulação e suas múltiplas formas de uso. Reflito, também, no que as capulanas fazem-fazer, e, sobretudo, no que fazem não-fazer. Ao cobrir os corpos e transmitir mensagens acerca de temas sensíveis como a doença, a morte ou a menstruação, elas permitem manter a esfera do invisível e do indizível, e, assim, “guardam segredo”

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Biografia do Autor

  • Helena Santos Assunção, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro

    Helena Santos Assunção é mestre e doutoranda em Antropologia Social no Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Graduada em Ciências Sociais (UFMG). Realiza pesquisa no norte de Moçambique desde 2015, com trabalhos de campo em 2015, 2017 e 2019-2020. No mestrado pesquisou as relações entre mulheres e capulanas, e atualmente pesquisa relações entre mulheres e espíritos (madjine) na Ilha de Moçambique.

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Publicado

2023-05-13

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Assunção, H. S. (2023). Dar a ver o indizível: as capulanas no norte de Moçambique. Revista De Antropologia, 66, e188052. https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2022.188052