Fotografia e sagrados afro-brasileiros: modulações da diferença em Pierre Verger e seus contemporâneos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2022.192797

Palavras-chave:

Fotografia documental, fotojornalismo, religiões afro-brasileiras, arte e antropologia, antropologia visual

Resumo

O artigo revisita a obra de Pierre Verger para analisar as condições de formação do seu olhar, acompanhando-o desde a França até o Brasil, o Benin e a Nigéria. Com apoio na literatura especializada, analiso os usos sociais da fotografia e abordo quatro modulações da alteridade expressas pela fotografia de Verger e de seus contemporâneos: indo da tipificação científica-moderna; passando pelo objeto de interesse etnográfico/antropológico; seguindo pelo englobamento da perspectiva religiosa e ritual; até o tratamento estereotipado do candomblé pelo mercado editorial. Considero, enfim, a contribuição de Verger para a transformação da cultura visual associada aos cultos afro no país.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Edilson Pereira, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, RJ, Brasil

    Edilson Pereira é antropólogo, professor adjunto da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Referências

AMADO, Jorge. 2008. Jubiabá. São Paulo: Companhia das Letras.

AMADO, Jorge. 2010. Tenda dos Milagres. São Paulo: Companhia das Letras.

AZOULAY, Ariella. 2019. “Desaprendendo as origens da fotografia”. Zum. Revista de fotografia. https://revistazum.com.br/revista-zum-17/desaprendendo-origens-fotografia

BASTIDE, Roger. 2017. Diálogo entre filhos de Xangô: correspondência 1947-1974. Apresentação e notas de Françoise Morin. São Paulo: EdUSP.

BASTIDE, Roger. 1992. “O sagrado selvagem”. Cadernos de Campo, vol.2. n.2:143-157. DOI https://www.doi.org/10.11606/issn.2316-9133.v2i2p143-157

BASTIDE, Roger. 1961. O candomblé da Bahia (Rito Nagô). São Paulo: Cia. Editora Nacional.

BASTIDE, Roger; VERGER, Pierre. 1949. “Candomblé”. A Cigarra, n. 183, junho de 1949. http://memoria.bn.br/docreader/003085/44806

BATAILLE, Georges. 1993. Teoria da Religião. São Paulo: Ática.

BATAILLE, Georges. 1989. The tears of Eros. San Francisco: City Lights Books.

BAZIN, Andre. 1991. “Ontologia da imagem fotográfica”. In: O cinema: ensaios. São Paulo: Brasiliense. pp.19-26.

BLANCHARD, Pascal; BOËTSCH, Gilles; JACOMIN SNOEP, Nanette (eds.). 2011. L'invention du sauvage. Catalogue de l'exposition du Quai Branly, Paris (29 novembre 2011 – 3 juin 2012).

BUARQUE DE HOLANDA. Lula. 1998. Pierre Verger: mensageiro entre dois mundos. Documentário, 82 min. https://youtu.be/tlbomZeH_p4

CHÉROUX, Clement; BAJAC, Quentin; POIVERT, Michel; LE GALL, Guillaume; MICHAUD, Philippe-Alain. 2009. La subvertion des images. Surréalisme, photographie, filme. Catalogue de la exposition du Centre Pompidou, Paris (23 septembre 2009 - 11 janvier 2010).

CLIFFORD, James. 2014. “Sobre o surrealismo etnográfico”. In: A Experiência Etnográfica. Rio de Janeiro: Ed.UFRJ: 121-162.

COSTA, Helouise; BURGI, Sergio (orgs.). 2012. As origens do fotojornalismo no Brasil: um olhar sobre O Cruzeiro, 1940/1960. São Paulo: Instituto Moreira Salles.

FREYRE, Gilberto. 1954. “Novo livro do francês Verger”. O Cruzeiro, n.5, de 13 de novembro de 1954. http://memoria.bn.br/DocReader/003581/88868

GIUMBELLI, Emerson. 2008. “A presença do religioso no espaço público: Modalidades no Brasil”. Religião & Sociedade, vol. 28, n. 2: 80-101. DOI https://www.doi.org/10.1590/S0100-85872008000200005

GURAN, Milton. 1998. “Notas de pesquisa sobre a iniciação e o trabalho fotográfico de Pierre Fatumbi Verger no Benin”. Cadernos de Antropologia e Imagem, vol. 7, n. 2: 105-114.

KASSAB, Álvaro. 2004. “O ano em que Clouzot, O Cruzeiro e intelectuais rodaram a baiana”. Jornal da Unicamp, 19 de julho a 1º de agosto de 2004. https://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/jornalPDF/ju259pag06.pdf

LATOUR, Bruno. 2008. “O que é iconoclash? Ou, há um mundo além das guerras de imagem?”. Horizontes Antropológicos, vol. 14, n. 29: 111–150. DOI https://www.doi.org/10.1590/S0104-71832008000100006

LATOUR, Bruno. 1994. Jamais fomos modernos. Rio de Janeiro: Editora 34.

LEIRIS, Michel. 2007. A África fantasma. São Paulo: Cosac & Naify.

MAGGIE, Yvone. 1992. Medo do feitiço: relações entre magia e poder no Brasil. Arquivo Nacional.

MAUSS, Marcel. 1926. Manuel d’ethnographie. [version numérique]: http://classiques.uqac.ca/classiques/mauss_marcel/manuel_ethnographie/manuel_ethnographie.pdf

MAUSS, Marcel. 2003. Sociologia e Antropologia. São Paulo: Cosac & Naify.

MEDEIROS, José; SILVA, Arlindo. 1951. “As noivas dos deuses sanguinários”. O Cruzeiro, n. 48, de 15 de setembro de 1951. http://memoria.bn.br/docreader/003581/77972

MEDEIROS, José. 1952. “A purificação pelo sangue”. O Cruzeiro, n. 45, de 23 de agosto de 1952. http://memoria.bn.br/DocReader/003581/82645

MORIN, Françoise. 2017. “Introdução”. In: BASTIDE, Roger. Diálogo entre filhos de Xangô: correspondência 1947-1974. Apresentação e notas de Françoise Morin. São Paulo: EdUSP. p.9-27.

NÓBREGA, Cilda; ECHEVERRIA, Regina. 2002. Verger: um retrato em preto e branco. Salvador: Corrupio.

PARIS-SOIR. 1934. Tour du monde. Édition du 19/04/1934. Archives numériques de la Bibliothèque national de France, Gallica: https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k7640140t

PEIXOTO, Fernanda Arêas. 2011. “O olho do etnógrafo”. Sociologia & Antropologia, vol. 1, n. 2: 195–215. DOI: 10.1590/2238-38752011v129

PEREIRA, Edilson. 2019. “As imagens encarnadas entre mortos e vivos: notas etnográficas sobre ritual e retrato”. Sociologia & Antropologia, vol. 09, n. 2: 638-63. DOI https://www.doi.org/10.1590/2238-38752019v9213

PEREIRA, Edilson. 2020. “Fotografia e ritual: ensaio sobre os homens e as imagens da Paixão”. Cadernos de Arte e Antropologia, vol. 9, n. 2-1, p. 85-95. DOI https://www.doi.org/10.4000/cadernosaa.3286

PINNEY, Christopher. 1996. “A história paralela da antropologia e da fotografia”. Cadernos de Antropologia e Imagem, vol. 2. 29-52.

ROLIM, Iara C. P. 2014. “Pêche au harpon, a trajetória de uma fotografia”. Resgate. vol. XXII, n. 27. p. 15-29.

ROUCH, Jean. 2003. “On the vicissitudes of the self: the possessed dancer, the magician, the sorcerer, the filmmaker and the ethnographer”. In: Ciné-Ethnography. Minneapolis: University of Minnesota Press. p. 87-101.

SAMAIN, Étienne. 2001. “Quando a fotografia (já) fazia os antropólogos sonharem: O jornal La Lumière (1851-1860)”. Revista de Antropologia, vol. 44, n. 2: 89-126. DOI https://www.doi.org/10.1590/S0034-77012001000200003

SANDER, August. 2012.“A fotografia como linguagem universal (1931)”. Zum. Revista de Fotografia, n. 3. p. 164-173.

SANSI, Roger. 2020. “From crime to art. Contradictions in the cultural transformation of Afro-Brazilian Candomblé”. Social Compass, vol. 26, n. 2: 238–251. DOI https://www.doi.org/10.1177%2F0037768620917090

SEGALA, Lygia. 2010. “O clique francês do Brasil: a fotografia de Marcel Gautherot”. Acervo, v. 23, n 1: 119-132.

SONTAG, Susan. 2004. Sobre fotografia. São Paulo: Companhia das Letras.

SOUTY, Jerôme. 2011. Pierre Fatumbi Verger: do olhar livre ao conhecimento iniciático. São Paulo: Ed. Terceiro Nome.

TACCA, Fernando de. 2002. “O profano sacralizado”. Anais do INTERCOM, p. 1-9. http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2002/Congresso2002_Anais/2002_NP8TACCA.pdf

TACCA, Fernando de. 2003. Candomblé - Imagens do Sagrado. CAMPOS - Revista de Antropologia Social, vol. 3: 147-164. DOI https://www.doi.org/10.5380/cam.v3i0.1593

TACCA, Fernando. 2012. “O Cruzeiro versus Paris Match e Life”. In: COSTA, Helouise; BURGI, Sergio (orgs.). 2012. As origens do fotojornalismo no Brasil: um olhar sobre O Cruzeiro, 1940/1960. São Paulo: Instituto Moreira Salles. pp.267-287.

THE MUSEUM OF MODERN ART (MoMA). 1937. Photography, 1839-1937: Catalogue of the exhibition. New York. [digital version]: https://assets.moma.org/documents/moma_catalogue_2088_300061916.pdf?_ga=2.96076761.436964594.1598896517-2098048945.1598467973

THOMAS, Nicholas. 1991. “Against Ethnography”. Cultural Anthropology, vol. 6, n. o10.1525/can.1991.6.3.02a00030

VERGER, Pierre Fatumbi. 2012. Notas sobre o culto aos orixás e voduns na Bahia de todos os santos, no Brasil, e na antiga Costa dos Escravos, na África. São Paulo: EdUSP.

VERGER, Pierre. 2007. Pierre Verger – Andalucía 1935. Madrid: Agencia Española de Cooperación Internacional.

VERGER, Pierre. 1946. Photographie : “Brésil, Bahia, Salvador, Candomblé”. Collections du Musée du quai Branly. http://collections.quaibranly.fr/?permq=permq_f7106f4f-35f9-47a8-8eee-ef547b10e7fa

VERGER, Pierre. 1948. Photographie : "Dahomey, Ifanhin, 1948. Pierre Verger sur le terrain”. Collections du Musée du quai Branly. http://collections.quaibranly.fr/?permq=permq_f7106f4f-35f9-47a8-8eee-ef547b10e7fa

VERGER, Pierre. 1950. Photographie : “Novice d'Oshoun”. Collections du Musée du quai Branly. http://collections.quaibranly.fr/?permq=permq_f7106f4f-35f9-47a8-8eee-ef547b10e7fa

Downloads

Publicado

2022-05-04

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Pereira, E. (2022). Fotografia e sagrados afro-brasileiros: modulações da diferença em Pierre Verger e seus contemporâneos. Revista De Antropologia, 65(1), e192797. https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2022.192797