O som da negridade em Apeshit

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2022.197958

Palavras-chave:

Performance, som, negridade, arte, tempo

Resumo

Este artigo pretende abordar as questões interseccionais no campo das artes e das ciências sociais em torno das categorias raça e gênero, articuladas pelo significante da negridade. Tendo como caso de análise o vídeo da música Apeshit, lançado em 2018, este artigo foca nos regimes de dizibilidade e visibilidade que se manifestam nas estéticas musicais. Nesta discussão, a performance preta opera uma quebra com regimes de (in)visibilidade na sequencialidade instaurada por uma certa narrativa da história da arte. Sonoridade, visualidade e corporalidade traçam um emaranhado sensível em uma performance, na qual se vislumbra problematicamente a reintegração de corpos subalternizados aos espaços que lhe foram negados como espaços da sua excelência. A dimensão performativa do clipe Apeshit permite trabalhar com estratégias de imaginação/criação de mundos que jogam com as ambivalências e os códigos da cultura hegemônica no sentido de traçar rotas e quebras performativas desde uma apropriação e decodificação da dimensão normativa e paródica desses códigos.

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Biografia do Autor

  • Kaciano Gadelha, Universidade Federal do Rio Grande

    Kaciano Gadelha é Professor Adjunto de Sociologia no Instituto de Ciências Humanas e da Informação na Universidade Federal do Rio Grande (FURG), Rio Grande-RS, coordenador do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas da FURG e membro do NuSEX do PPGAS/Museu Nacional. Doutor em Sociologia pela Universidade Livre de Berlim (2014).

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Vídeo:

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Publicado

2023-01-06

Edição

Seção

Dossiê - Resistências musicais entre arte e política

Como Citar

Gadelha, K. (2023). O som da negridade em Apeshit. Revista De Antropologia, 65(2), e197958. https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2022.197958