Blade Runner BR, 2071. Sitiando fronteiras entre Ceilândia e Brasília (o cinema de Adirley Queirós)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/2179-0892.ra.2020.168432

Palavras-chave:

Antropologia visual, Cinema, Documentário, Brasília, Ceilândia, Memória

Resumo

Este artigo analisa o cinema de Adirley Queirós tomando seu primeiro longa metragem, A cidade é uma só? (2013), como fio condutor da interpretação. Seu cinema, situado entre Brasília e Ceilândia, sitia lugares e espaços naturalizados, dessubstancializa conceitos como os de localidade, periferia, identidade, memória, finitude, história, arquitetura, ficção, documentário. Seu cinema evoca diálogos fecundos através de figurações da alteridade, da distopia, da entropia em cenários urbanos posmetropolis, em que se percebe a insurgência das cidades satélites enquanto lócus de contestação e crítica a projetos, tão redentores quanto autoritários, como os propostos pela ideologia modernista que planeja e institui Brasília, nos anos 1950 e 1960, no Brasil central.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Marco Antonio Gonçalves, Universidade Federal do Rio de Janeiro
    Marco Antonio Gonçalves é Professor Titular do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia da UFRJ e do Departamento de Antropologia Cultural do IFCS-UFRJ. É Mestre e Doutor em Antropologia Social pelo Programa Pós-Gradução de Antropologia Social do Museu Nacional-ufrj e realizou Pós-Doutorado na Universidade de St Andrews (1997), École des hautes études en sciences sociales (2005, 2008 e 2010), New York Universty (2015-2016) Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq - Nível 1D.

Referências

ALMEIDA, Mauro W. B. de. 1999. “Simetria e entropia: sobre a noção de estrutura de Lévi-Strauss”. Revista de Antropologia,v. 42, n.1-2: 163-197.

ALMINO, João. 2007. “O mito de Brasília e a literatura”. Estudos Avançados, v. 21, n. 59: 299-308.

ARDOIN, Paul. 2015. “’The courage to be a writer’: Theorizing writerly courage in Burroughs’s Blade Runner: a movie”. The Papers of the Bibliographical Society of America, v. 109, n. 1: 63-81.

ARNHEIM, Rudolf. 2011. Entropy and art: an essay on disorder and order. Berkeley, University of California Press.

ATTLEE, James. 2007. “Towards anarchitecture: Gordon Matta-Clark and Le Corbusier”. Tate Papers, Londres, n. 7.

BATISTA, Caio Bortolotti. 2018. Cinema e Alteridade: relações “eu”/outro” nas fronteiras entre o documentário e a ficção. Rio de Janeiro, Dissertação de mestrado ECO-UFRJ.

BEGLEY, Varum. 2004. “Blade Runner and the postmodern: a reconsideration”. Literature/Film Quarterly, v. 32, n. 3: 186-192.

BORGES, Antonádia. 2009. “Explorando a noção de etnografia popular: comparações e transformações a partir dos casos das cidades-satélites brasileiras e das townships sul-africanas”. Cuadernos de Antropologia Social, v. 29: 23-42.

BROOKER, Will. 2005. The Blade Runner experience: the legacy of a science fiction classic. New York, Columbia University Press.

BROOKER, Peter. 2005. Imagining the real: Blade Runner and discourses on the postmetropolis. In: Brooker, W. (org,) The Blade Runner experience: the legacy of a science fiction classic. New York, Columbia University Press.

BRUNO, Giuliana. 1987. “Ramble city: postmodernism and Blade Runner”. October, v. 41: 61-74.

BURROUGHS, William. 1979. Blade Runner: a movie. New York, Blue Wind Press.

CHEVRIER, Yves. 1983. “Blade Runner ou la sociologie d’antecipation”. Esprit, n. 74: 138-143.COSTA, Lúcio. 1973. “L’urbanisme de Brasilia”. La Nouvelle Revue des Deux Mondes, Paris, Octobre: 129-133.

CHEVRIER, Yves. 1991. Plano Piloto de Brasília. Brasília, Secretaria de Cultura e Esportes. COUTINHO, Eduardo. 1997. “O cinema documentário e a escuta sensível da alteridade”. Projeto História São Paulo.

DESCOLA, Philippe. 2006. Par-delà nature et Culture. Paris, Gallimard.DELEUZE, Gilles. 2005. A imagem-tempo. Cinema 2. São Paulo, Brasiliense.

FOUCAULT, Michel. 2013. O corpo utópico, as heterotopias. São Paulo, n-1 Edições.

GAUTHEROT, Marcel. 1960. The construction of Brasilia. New York, Park Books.

GONÇALVES, Marco Antonio. 2008. O real imaginado: etnografia, cinema e surrealismo em Jean Rouch. Rio de Janeiro, Topbooks.

GONÇALVES, Marco Antonio. 2016. “Moscou: o encontro marcado entre Coutinho e Tchekhov e a construção de uma estética distópica”. Novos estududos CEBRAP, v.35, n.3: 157-170.

HAESBAERT, R ogério & BRUCE, Glauco. 2002. “A desterritorialização na obra de Dleuze e Guattari”. Geographia, v. 4, n.7: 1-15.

HARVEY, David. 1989. The condition of postmodernity. Oxford, Basil Blackwell.

HOLANDA, Frederico de. 1989. “Brasília: the daily invention of the city”. Ekistics, Atenas, v. 56, n. 334/335: 75-83.

HOLSTON, James. 1989.The modernist city: an anthropological critic of Brasília.Chicago, University of Chicago Press.

HOLSTON, James. 1993.A cidade modernista: uma crítica de Brasília e sua utopia. São Paulo, Companhia. das Letras.

JAMESON, Frederic. 1991. Postmodernism, or, the cultural logic of late capitalism. Duke, Duke University Press.

JAMESON, Frederic. 2006. Live Theory. Nova York, Continuum.

KOOLHAAS, Rem. 1994. Delirious New York. A retroactive manifesto for Manhattan. New York, The Monacelli Press.

KOOLHAAS, Rem. 2016. “Brasília”. Revista do centro, n. 0.LATOUR, Bruno. 1993. We have never been modern. Cambridge, Harvard University Press.

LATOUR, Bruno. 1993. We have never been modern. Cambridge, Harvard University Press.

LEFEBVRE, Henri. 2001. O direito à cidade. São Paulo, Editora centauro.

LIMA, Tatiana Hora Alves de. 2016. “Imagens táticas contra utopia modernista: investigando as primeiras imagens de Brasília e A cidade é uma só?”. Revista do Programa de Pós-graduação em Comunicação, v. 10, n. 2: 1-18.

LUSSIER, Mark & GOWAN, Kaitlin. 2012. “The Romantic Roots of “Blade Runner”. The Wordsworth Circle, v. 43, n. 3: 165-172.

MACDOUGALL, David. 2006. The corporeal image. Film, ethnography, and the senses. Princenton, Princeton University Press.

MANIFESTO OF SPACEHIJACKERSANDANARCHITECTS. 1999. (https://spacehijackers.org/html/manifesto.html)

MELO, Marco.2013 . A cidade é uma só? e outras ficções. (https://medium.com/fale-de-cinema/a-cidade-%C3%A9-uma-s%C3%B3-e-outras-fic%C3%A7%C3%B5es-5bb5e1a6883d)

MCKINTY, Adrian. 2018. Do androids dream of electric sheep? A metaphysical detective story.(https://www.irishtimes.com/culture/books/do-androids-dream-of-electric-sheep-a-metaphysical-detective-story-1.3412034).

NOURSE, Alan E. 1974. The Blade Runner. New York, Ballantine.

PFEIFER, Gottfried. 1964. “Quelques remarques à propos de Brasilia”. Caravelle, n. 3: 389-400.

PRIGOGINE, Ilya. 1955. Thermodynamics of irreversible processes. New York, John Wiley and Sons.

QUEIRÓS, Adirley. 2012. Reflexões sobre a linguagem documentária.(http://ceicinecoletivodecinema.blogspot.com/p/com-proposta-de-discutir-os-parametros.html)

QUEIRÓS, Adirley. 2013. Ciclo Imagem e Alteridade. (https://www.youtube.com/watch?v=JpjpoMMnmws)

QUEIRÓS, Adirley. 2014. 3º Colóquio Cinema, Estética e Política. Niterói, Universidade Federal Fluminense (https://www.youtube.com/watch?v=WigC2b-uJXQ)

QUEIRÓS, Adirley. 2015a. Diretor de “Branco Sai, Preto Fica: fala do olhar da periferia.(https://www.youtube.com/watch?v=fjbBJPrUsT4).

QUEIRÓS, Adirley. 2015b. Encontros de Cinema. (https://www.youtube.com/watch?v=Hdr8C2MR8vo.)

QUEIRÓS, Adirley. 2017. Cinusp. https://www.youtube.com/watch?v=m1JPhdUom54

RAMOS, Talita Silva Porto. 2014. Fora de campo: a identidade, a heterodoxia e o fazer cinematográfico de Adirley Queirós. Brasília, Monografia de Graduação, Curso de Ciências Sociais, Universidade de Brasília.

RIBEIRO, Gustavo Lins. 2006. El capital de la esperanza. La experiencia de los trabajadores en la construcción de Brasilia. Buenos Aires, Editorial Antropofagia.

RIZEK, Cibele Saliba. 1993. “Paradoxos da Modernização”. Novos Estudos CEBRAP, n. 36: 38-42.

ROWLEY, S tephen. 2005. Blade Runner and the nightmare city. In: BROOKER, W. (org), The Blade Runner experience: the legacy of a science fiction classic. New York, Columbia University Press.

RUSHDIE, Salman. 1988. Os versos satânicos. São Paulo, Companhia das Letras.

SANTOS, Milton. 2000. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro, Record.

SCOTT, Riddley. 1982. Interview: Blade Runner. (https://www.youtube.com/watch?v=awJJ6hgoj8o)

SEVERO, Denise de Sousa. 2014. Planejamento urbano no Distrito Federal: o caso de Ceilândia. Brasília, Instituto de Ciências Humanas, Departamento de Geografia, Universidade de Brasília.

SILVA, Mariana Duccini Junqueira da. 2015. “A cidade é uma só?: autoficcionalização, interrogação do arquivo e sentido de dissenso”. Intertexto, n. 33: 76-89.

STENZEL, Emilia. 1993. “Arquitetura e utopia: O caso de Brasília”. Ibero-amerikanisches Archiv, v. 19 n. 1 e 2: 187-198.

SCHWARZ, Roberto. 2000. Ao vencedor as batatas. São Paulo, Duas cidades/Editora 34.

SCHWARZ, Roberto. 2012. Por que “ideias fora do lugar”?. In SCHWARZ, Roberto. Martinha versus Lucrécia: ensaios e entrevistas. São Paulo, Companhia das Letras.

SZENDY, Peter. 2012. Apocalypse-cinema: 2012 and other ends of the world. New York, Fordham University Press.

TAVARES, Breitner. 2012. Na quebrada, a parceria é mais forte: jovens, vínculos afetivos e reconhecimento na periferia. São Paulo, Annablume; Brasília, Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal.

VERGANI, Teresa. 2009. A criatividade como destino: transdiciplinaridade, cultura e educação. São Paulo, Editora Livraria da Física.

YANEVA, Albena. 2012. Mapping controversies in Architecture. Burlington, Ashgate Publishing Company.

YEATES, Robert. 2017. “Urban decay and sexual outlaws in the Blade Runner universe”. Science Fiction Studies, v. 44, n. 1: 65-83.

ZANIN, Luiz. 2013. A cidade é uma só?(https://cultura.estadao.com.br/blogs/luiz-zanin/a-cidade-e-uma-so/).

FILMOGRAFIA

ANDRADE, Joaquim Pedro de. 1967. Brasília, contradições de uma cidade nova. 24 min. Brasília.

CARVALHO, Vladimir. 1979. Brasilia segundo Feldman (com Eugene Feldman). 24 min. Brasília.

CARVALHO, Vladimir. 1991. Conterrâneos velho de guerra. 175 min. Brasília.

HERZOG, Werner. 1977. Aguirre. 95 min. Alemanha.

QUEIROZ, Adirley. 2005. Rap, o canto da Ceilândia. 15 min. Brasília, Ceicine.

QUEIROZ, Adirley. 2009. Dias de greve. 24 min. Brasília, Ceicine.

QUEIROZ, Adirley. 2010. Fora de campo. 52 min. Brasília, Ceicine.

QUEIROZ, Adirley. 2011. A cidade é uma só? 72 min. Brasília, Ceicine, Cinco da norte.

QUEIROZ, Adirley. 2014. Branco sai, preto fica. 93 min. Brasília, Ceicine, 400 filmes.

QUEIROZ, Adirley. 2017. Era uma Vez Brasília. 100 min. Brasília, Ceicine, 400 filmes.

MILLER, George. 1979. Mad Max. 88 min. Austrália, Kennedy Miller Productions.

TONACCI, Andrea. 1971. Bang Bang. 93 min. São Paulo.

TONACCI, Andrea. 2006. Serra da Desordem. 135 min. São Paulo.

SANTOS, Nelson Pereira. 1966 Fala, Brasília. 18 min. Brasília.

SCOTT, Riddley. 1982. Blade Runner. 117 min. The Ladd Company.

VON TRIER, Lars. 2011. Melancholia. 136 min. Dinamarca, Nordisk Film.

Downloads

Publicado

2020-04-02

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Blade Runner BR, 2071. Sitiando fronteiras entre Ceilândia e Brasília (o cinema de Adirley Queirós). (2020). Revista De Antropologia, 63(1), 12-34. https://doi.org/10.11606/2179-0892.ra.2020.168432