Espera, paciência e resistência: reflexões antropológicas sobre transexualidades, curso da vida e itinerários de acesso à saúde

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/2179-0892.ra.2020.170813

Palavras-chave:

Antropologia, Transexualidade, Espera, Curso da vida, Saúde

Resumo

Este trabalho parte de duas investigações realizadas na cidade de Goiânia (Brasil), sobre o tema do acesso à saúde nos marcos do Processo Transexualizador do Sistema Único de Saúde (SUS), com foco na questão da espera. A primeira delas centrou-se nas narrativas de homens trans e a segunda nas de mulheres trans, acerca de suas trajetórias e dos itinerários terapêuticos implicados na chamada transição de gênero. Nosso argumento é que a espera é uma chave antropológica importante para interpretar tais narrativas. Nosso interesse, assim, é colocar em diálogo elementos etnográficos produzidos nessas investigações, tendo como eixo principal uma discussão em torno das ambivalências e tensões que tais sujeitos estabelecem em relação à espera. Nesse sentido, interessa-nos trazer também elementos de campo a fim de discutir antropologicamente os efeitos que expectativas heteronormativas e cisnormativas acerca do gênero e do curso da vida produzem em seus corpos e em suas vidas.

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Biografia do Autor

  • Camilo Braz, Universidade Federal de Goiás
    Camilo Braz é professor Associado de Antropologia na Faculdade de Ciências Sociais (FCS) e nos Programas de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS) e em Sociologia (PPGS) da Universidade Federal de Goiás (UFG). Integrante do Ser-Tão, Núcleo de Ensino, Extensão e Pesquisa em Gênero e Sexualidade (FCS/UFG).
  • Anderson Santos Almeida, Universidade Federal de Goiás
    Anderson Santos Almeida é Analista de Gestão Governamental na Universidade Estadual de Goiás e doutorando no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS) da Universidade Federal de Goiás (UFG). Integrante do Ser-Tão, Núcleo de Ensino, Extensão e Pesquisa em Gênero e Sexualidade (FCS/UFG).

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Publicado

2020-06-08

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Espera, paciência e resistência: reflexões antropológicas sobre transexualidades, curso da vida e itinerários de acesso à saúde. (2020). Revista De Antropologia, 63(2), e170813. https://doi.org/10.11606/2179-0892.ra.2020.170813