Nas tramas da poção mágica: psicofármacos e criatividade em um hospital psiquiátrico do Rio de Janeiro

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/2179-0892.ra.2020.171315

Palavras-chave:

Psicofarmacologia, Biopolítica, Saúde Mental, Psiquiatria, Medicamentos

Resumo

Este trabalho se propõe a mapear algumas contendas em torno do uso e da eficácia de medicamentos – psicofármacos, em particular – como forma de tratamento psiquiátrico, operando a partir de 3 eixos: 1. genealogia da ascensão da indústria farmacêutica e da psicofarmacologia a partir de meados do século XX; 2. etnografia no Instituto Municipal de Assistência à Saúde Nise da Silveira, no Rio de Janeiro; 3. discussão a propósito dos desdobramentos da biopolítica no segundo pós-guerra, envolvendo ciência, biomedicina, sociedade e poder. Sustenta-se que a noção de agenciamento pode oferecer uma melhor compreensão sobre as controvérsias que emergem dessa trama, deslocando o entendimento do medicamento enquanto objeto pré-determinado para as relações que o atravessam e o constituem.

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Biografia do Autor

  • Felipe Magaldi, Instituto de Antropologia de Córdoba (IDACOR/CONICET)
    Felipe Magaldi é graduado em Ciências Sociais pelo IFCS/UFRJ, mestre em Antropologia pela UFF e doutor em Antropologia Social pelo Museu Nacional/UFRJ. Realizou pós-doutorado na Universidad Nacional de Córdoba-IDACOR/CONICET. Desenvolve pesquisas nas áreas de saúde mental, memória social e direitos humanos. A pesquisa foi realizada com apoio financeiro da FAPERJ.

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Publicado

2020-06-22

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Nas tramas da poção mágica: psicofármacos e criatividade em um hospital psiquiátrico do Rio de Janeiro. (2020). Revista De Antropologia, 63(2), e146007. https://doi.org/10.11606/2179-0892.ra.2020.171315