O enigma da quimbanda: formas de existência e de exposição de uma modalidade religiosa afro-brasileira no Rio Grande do Sul

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2021.186652

Palavras-chave:

Religiões afro-brasileiras, umbanda, batuque, exu

Resumo

Quimbanda, no Rio Grande do Sul, é uma modalidade ritual que assumiu um estatuto sem par no restante do Brasil. Designando o culto de exus e pombagiras, a quimbanda alcançou um lugar proeminente em relação a outras expressões afrorreligiosas, como são o batuque e a umbanda. O objetivo deste texto é apontar as condições de possibilidade da quimbanda, mostrando como ela corresponde a um deslocamento em relação a princípios caros uns ao batuque, outros à umbanda. Também as formas de exposição de exus e pombagiras, que encadeiam manifestações espirituais, registros fotográficos e divulgação na internet, são abordadas como parte constitutiva do desenvolvimento da quimbanda. As análises baseiam-se na discussão de bibliografia sobre a quimbanda, na etnografia de rituais e em entrevistas com religiosos, buscando contribuir para o debate acerca das modalidades religiosas geradas pelo culto aos orixás no Brasil.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Emerson Alessandro Giumbelli, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

    Emerson Alessandro Giumbelli é Professor Titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, atuando no Departamento de Antropologia e no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social. Integra o Núcleo de Estudos da Religião na UFRGS. É bolsista de produtividade do CNPq.

  • Leonardo Oliveira de Almeida, Universidade Federal do Ceará

    Leonardo Oliveira de Almeida é pesquisador DCR (Desenvolvimento Científico Regional) – CNPq/FUNCAP no Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal do Ceará. É doutor em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Referências

ALMEIDA, Leonardo Oliveira de. 2019. Tambores de todas as cores: práticas de mediação religiosa afro-gaúchas. Porto Alegre, Tese de Doutorado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

ANJOS, José Carlos Gomes dos. 2006. No território da linha cruzada: a cosmopolítica afro-brasileira. Porto Alegre, Editora da UFRGS/Fundação Cultural Palmares.

ASSUNÇÃO, Luiz. 2004. “Os Mestres da Jurema”. In. PRANDI, Reginaldo (Org.). Encantaria brasileira: o livro dos mestres, caboclos e encantados. Rio de Janeiro–RJ, Pallas, pp. 183-215.

BARBOSA NETO, Edgar Rodrigues. 2012. A máquina do mundo: variações sobre o politeísmo em coletivos afro-brasileiros. Rio de Janeiro, Tese de Doutorado, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

BASTIDE, Roger. 1959. A Sociologia do Folclore Brasileiro. São Paulo, Editora Anhembi.

BEM, Daniel Francisco de. 2012.Tecendo o axé: uma abordagem antropológica da atual transnacionalização afro-religiosa nos países do Cone Sul. Porto Alegre, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

BIRMAN, Patricia. 1997. “O campo da nostalgia e a recusa da saudade: temas e dilemas dos estudos afro-brasileiros”. Religião e Sociedade, v. 18, n. 2: 75-92.

BRASIL. 2011. Alimento: Direito Sagrado – Pesquisa Socioeconômica e Cultural de Povos e Comunidades Tradicionais de Terreiros. Brasília: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação.

BRUMANA, Fernando; MARTINEZ, Elda. 1991. Marginália Sagrada. Campinas, Editora Unicamp.

CAPONE, Stefania. 2004. A busca da África no candomblé: tradição e poder no Brasil. Rio de Janeiro, Pallas Editora.

CARNEIRO, Edison. 2005."Um orixá caluniado". In: CARNDEIRO, Edison (org.) Antologia do negro brasileiro. Rio de Janeiro, Agir, pp. 397-400.

CARVALHO, José Jorge. 1995. “A experiência histórica dos quilombos nas Américas e no Brasil.” In: CARVALHO, José Jorge; DORIA, Siglia Zambrotti e OLIVEIRA JÚNIOR, Adolfo Neves de. (orgs.). O Quilombo do Rio das Rãs. História, tradições, lutas. Salvador, EDUFBA, pp.13-73.

CHIESA, Gustavo. 2012. “Criando mundos, produzindo sínteses: experiência e tradição na Umbanda”. Debates do Ner, v. 21: 205-238. https://doi.org/10.22456/1982-8136.26495

CORRÊA, Norton. 2006. O Batuque no Rio Grande do Sul: Antropologia de uma religião afro-rio-grandense. São Luiz, Cultura&arte.

ENGELKE, Matthew. 2010. “Religion and the media turn: a review essay”. American Ethnologist, v. 37, n. 2: 371-379. https://doi.org/10.1111/j.1548-1425.2010.01261.x

GIUMBELLI, Emerson. 1997. O Cuidado dos mortos: uma história da condenação e legitimação do espiritismo. Rio de Janeiro, Arquivo Nacional.

GIUMBELLI, Emerson; RICKLI, João; TONIOL, Rodrigo (Orgs.). 2019. Como as coisas importam: uma abordagem material da religião – textos de Birgit Meyer. Porto Alegre, Editora da UFRGS.

LEISTNER, Rodrigo Marques. 2014. Os outsiders do além: um estudo sobre a quimbanda e outras ‘feitiçarias’ afro-gaúchas. São Leopoldo, Tese de doutorado, Universidade do Vale do Rio dos Sinos.

MAGGIE, Yvonne. 1992. Medo do feitiço: relações entre magia e poder no Brasil. Rio de Janeiro, Arquivo Nacional.

MEYER, Birgit; VERRIPS, Jooda. 2008. “Aesthetics”. In: MORGAN, David. (org.). Key Words in Religion, Media, Culture. Londres/Nova York, Routledge, pp. 20-30.

MEYER, Birgit. 2020. “Religion as Mediation”. Entangled Religions, v. 11, n. 3. https://doi.org/10.13154/er.11.2020.8444

MORGAN, David. 2012. The Embodied Eye. Religious visual culture and the social life of feeling. Berkeley, University of California Press.

ORTIZ, Renato. 1978. A morte branca do feiticeiro negro. Petrópolis, Vozes.

RABELO, Miriam. 2015. “Aprender a ver no candomblé”. Horizontes Antropológicos, n. 44: 229-251. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-71832015000200010

RUFINO, Luiz. 2018. “Pedagogia das encruzilhadas”. Periferia, v. 10, n. 1, p. 71-88. https://doi.org/10.12957/periferia.2018.31504

SERRA, Ordep Trindade. 1995. Águas do Rei. Petrópolis, Vozes.

SILVA, Suziene David da. 2003. A quimbanda de mãe Ieda: religião afro-gaúcha de exus e pombas-giras. Recife, Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Pernambuco.

SILVA, Vagner Gonçalves da. 1995. Orixás da metrópole. Petrópolis, Vozes.

SILVA, Vagner Gonçalves da. 2019. Exu: o guardião da casa do futuro. Rio de Janeiro, Pallas.

STOLOW, Jeremy. 2005. “Religion and/as Media”. Theory, Culture & Society, v. 22, n. 4: 119-145. https://doi.org/10.1177/0263276405054993

TEIXEIRA, Talita Bender. 2005. Trapo Formoso: o vestuário na Quimbanda. Porto Alegre, Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

VAN DE PORT, Mattijs. 2016. “Expondo exu: algumas notas sobre práticas de exposição em religião, artes e ciências”. In: FONSECA, Claudia; ROHDEN, Fabíola; MACHADO, Paula Sandrine e PAIM, Heloísa Salvatti. (orgs.) Antropologia da Ciência e da Tecnologia, dobras reflexivas. Porto Alegre: Sulina, pp. 99-116.

Publicado

2021-06-30

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Giumbelli, E. A., & Almeida, L. O. de. (2021). O enigma da quimbanda: formas de existência e de exposição de uma modalidade religiosa afro-brasileira no Rio Grande do Sul . Revista De Antropologia, 64(2), e186652. https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2021.186652