Regularização fundiária e regimes de conhecimento: notas sobre o sul do estado do Amazonas (Brasil)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2022.192794

Palavras-chave:

Povos indígenas sul-americanos, Tupi-Kagwahiva, terras indígenas

Resumo

Com o presente artigo, busca-se uma reflexão acerca dos processos de regularização fundiária nos quais diferentes formas de conhecimento entrecruzam-se. O ponto de partida é um conjunto de experiências relativas a estudos de identificação de terras indígenas no sul do estado do Amazonas. A intenção é problematizar a grafia de distintas leituras de contextos. Se de um lado o antropólogo deve redigir um relatório que contenha um mapa com os limites de uma terra indígena, de outro deve compreender a confluência de relações constitutivas de um coletivo e seu lugar. Se a produção de um texto e de um mapa são pensados para futuras leituras (jurídicas e antropológicas), os registros dos lugares, pautados em eventos que conjugam socialidade e sociabilidade, são também uma forma de linguagem.

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Biografia do Autor

  • Edmundo Antonio Peggion, Universidade Estadual Paulista

    Edmundo Antonio Peggion é professor associado da Universidade Estadual Paulista – Unesp e colaborador do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da UFSCar. Desenvolveu pesquisas sobre organização social e parentesco nas regiões sul do estado do Amazonas e norte de Rondônia. Na ocasião, contribuiu com processos de regularização fundiária das terras indígenas. Atualmente organiza e sistematiza, com apoio da FAPESP, seu acervo de imagens e registros sonoros para retorná-los ao povo indígena Tenharin, tendo como foco uma reflexão sobre memória e biografia.

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Depoimentos:

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Publicado

2022-05-03

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Regularização fundiária e regimes de conhecimento: notas sobre o sul do estado do Amazonas (Brasil). (2022). Revista De Antropologia, 65(1), e192794. https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2022.192794