Reflexões sobre o “Projeto Torcedor” alemão

Produzindo subsídios para o debate acerca da prevenção da violência no futebol brasileiro a partir de uma perspectiva sociopedagógica

Autores

  • Rosana da Câmara Teixeira Universidade Federal Fluminense
  • Felipe Tavares Paes Lopes Universidade de Sorocaba

DOI:

https://doi.org/10.11606/2179-0892.ra.2018.152037

Palavras-chave:

Torcidas de futebol, violência, projetos sociopedagógicos, mediação, Alemanha

Resumo

Este texto apresenta a história, o papel e os desafios dos trabalhos sociopedagógicos desenvolvidos pelo Fanprojekt (“Projeto Torcedor”) na transformação criativa e pacífica dos conflitos no futebol alemão e discute sua recepção no debate público sobre a violência no futebol brasileiro. Ao promover essa discussão, analisa em que medida e como ele pode servir de alternativa para a nossa realidade. Para alcançar esses objetivos, fizemos um levantamento bibliográfico sobre o tema e realizamos pesquisa de campo na Alemanha. Entre outras coisas, concluímos que o referido projeto nos indica a necessidade de as autoridades públicas e do futebol desenvolverem projetos sociopedagógicos dirigidos aos torcedores organizados brasileiros, estabelecer novos canais de comunicação com eles e valorizar seus aspectos positivos.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Rosana da Câmara Teixeira, Universidade Federal Fluminense
    Rosana da Câmara Teixeira é doutora em Antropologia Cultural pelo PPGSA (UFRJ) e desenvolveu pesquisas de pós-doutorado no PPGAS (Museu Nacional- UFRJ). Professora Associada da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense.
  • Felipe Tavares Paes Lopes, Universidade de Sorocaba
    Felipe Tavares Paes Lopes é doutor em Psicologia Social pela USP e desenvolveu pesquisas de pós-doutorado na FEF-Unicamp e no CPDOC-FGV. Atualmente é docente do Programa de Pós-graduação em Comunicação e Cultura da UNISO, onde desenvolve pesquisa sobre movimentos de torcedores de futebol com auxílio da Fapesp.

Referências

ALABARCES, Pablo. 2012. Crónicas del aguante: fútbol, violencia y política. Buenos Aires, Capital Intelectual.

ALVITO, Marcos. 2012. “Maçaranduba neles! Torcidas organizadas e policiamento no Brasil”. Revista Tempo, v. 19, n. 34: 81-94.

ALVITO, Marcos. 2014. “A madeira da lei: Gerir ou Gerar a violência nos estádios brasileiros”. In HOLLANDA, Bernardo Buarque Borges de e REIS, Heloisa Helena Baldy dos (orgs.). Hooliganismo e Copa do Mundo de 2014. Rio de Janeiro, 7 Letras, pp. 21-36.

BUSSET, Thomas; BESSON, Roger; e JACCOUD, Christophe (orgs.). 2014. L’Autre visage du supportérisme. Autorégulations, mobilisations

collectives et mouvements sociaux. (vol. 6). Berne, Suíça, Peter Lang As/Centre International d’Étude Du Sport.

CARDOSO DE OLIVEIRA, Roberto. 2006. “O trabalho do antropólogo; olhar, ouvir, escrever”. In O trabalho do antropólogo. Brasília e São Paulo, Paralelo 15 e Editora Unesp, pp.17-35.

CASTRO, Celso. 2001. “Comentários”. In VELHO, Gilberto e KUSCHNIR, Karina (orgs.). Mediação, cultura e política. Rio de Janeiro, Aeroplano, pp. 205-212.

DUNNING, Eric. 2003. El fenomeno deportivo: estudios sociologicos en torno al deporte, la violencia y la civilizacion. Barcelona, Paidotribo.

DUNNING, Eric. 2006. “The Social Roots of Football Hooliganism: A Reply to the Critics of the ‘Leicester School’”. In GIULIANOTTI, Richard; BONNEY, N.; e HEPWORTH, M. (orgs.). Football, Violence and Social Identity. Londres e Nova York, Routledge, pp. 128-157.

DUNNING, Eric; MURPHY, Patrick; e WILLIAMS, John. 1993 [1986]. “Spector Violence at Football Matches: Towards a Sociological Explanation”. In ELIAS, Norbert e DUNNING, Eric (orgs.). Quest for Excitement: Sport and Leisure in the Civilizing Process. Cambridge, Blackwell, pp. 245-266.

DWERTMANN, Hubert e RIGAUER, Bero. 2002. “Football Hooliganism in Germany: A Developmental Sociological Study”. In DUNNING, Eric; MURPHY, Patrick; WADDINGTON, Ivan; e ASTRINAKIS, Antonios E. (orgs.). Fighting Fans: Football Hooliganism as a World Phenomenon. Dublin, University College Dublin Press, pp. 75-87.

FLORENZANO, José Paulo. 2010. “A babel do futebol: atletas interculturais e torcedores ultras”. Revista de História, São Paulo, n. 163: 149-174.

FLORENZANO, José Paulo. 2014. “Um calcio diverso: partidas políticas e torcidas ultras”. In HOLLANDA, Bernardo Buarque Borges de e REIS, Heloisa Helena Baldy dos (orgs). Hooliganismo e Copa do Mundo de 2014. Rio de Janeiro, 7Letras, pp. 77-90.

FRANCO JÚNIOR, Hilário. 2007. A dança dos deuses: futebol, sociedade, cultura. São Paulo, Companhia das Letras.

GABRIEL, Michael. 2013. “20 Years of KOS 20 of Advice, Dialogue and Networking”. In GABRIEL, Michael; SELMER, Nicole; e THALER, Heidi (orgs.). Fan Work 2.0. Future Challenges for the Pedagogical Work with Football Fans. Frankfurt, Main, Imprenta, Obertshausen, pp. 27-40.

GEERTZ, Clifford. 1997 [1983]. “‘Do ponto de vista dos nativos’: a natureza do entendimento antropológico”. In Saber local . Petrópolis, Vozes, pp.85-107.

GIULIANOTTI, Richard. 2002 [1999]. Sociologia do futebol: dimensões históricas e socioculturais do esporte das multidões. São Paulo, Nova Alexandria.

GIULIANOTTI, Richard e MILLWARD, Peter. 2013. “The Role of Fan Projects in Avoiding Conflict at Football Matches”. ICSS Journal, v. 1, n. 4: 67-71.

HOLLANDA, Bernardo Buarque Borges de. 2009. O clube como vontade e representação: o jornalismo esportivo e a formação das torcidas organizadas de futebol no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 7Letras.

HOLLANDA, Bernardo Buarque Borges de. 2014. “O fim do Estádio-nação? Notas sobre a construção e remodelagem do Maracanã para a Copa de 2014”. In CAMPOS, Flávio de e ALFONSI, Daniela (orgs.). Futebol objeto. São Paulo, Leya, pp. 321-348.

HOLLANDA; Bernardo Buarque de; MEDEIROS, Jimmy; e TEIXEIRA, Rosana da Câmara. 2015. A voz da arquibancada: narrativas de lideranças da Federação de Torcidas Organizadas do Rio de Janeiro (FTORJ). Rio de Janeiro, 7Letras.

HOURCADE, Nicolas; LESTRLIN, Ludovic; e MIGNON, Patrick. 2010.

Livre vert du supportérisme. État des lieuxet propositions d’actions pour le développement du volet préventif de la politique de gestion du

Supportérisme. Paris, Rapport pour le secretariat d’État aux sports.

KLOSE, Andreas e SCHNEIDER, Thomas. 1995. Outreach Work of Fan Projects. . (Mimeo).

KUSCHNIR, Karina. 2015. Antropologia da política: uma perspectiva brasileira. Centre for Brazilian Studies. University of Oxford. Disponível em: http://www. brazil. ox.ac.uk/workingpapers/Karina% 20Kuschnir, acesso em 19/11/2015.

LOPES, Felipe Tavares Paes. 2013. “Dimensões ideológicas do debate público sobre acerca da violência no futebol brasileiro”. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 27, n. 4: 597-612.

MALAIA, João M. C. 2012. “Torcer, torcedores, torcedoras, torcida (bras.): 1910-1950”. In HOLLANDA, Bernardo Buarque Borges de; MALAIA, João M. C.; TOLEDO, Luiz Henrique; e MELO, Victor Andrade (orgs.). A torcida brasileira. Rio de Janeiro, 7Letras, pp. 53-85.

MAGNANI, José Guilherme Cantor. 2003. “Antropologia urbana e os desafios da metrópole”. Tempo Social. Revista de Sociologia da USP , v.15, n. 1: 81-95. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/ts/article/view/12395, acesso em 27/11/2015.

MERKEL, Udo. 2012. “Football Fans and Clubs in Germany: Conflicts, Crises and Compromises”. Soccer & Society, v. 13, n. 3: 359-376.

MURAD, Mauricio. 2007. A violência e o futebol: dos estudos clássicos aos dias de hoje. Rio de Janeiro, FGV.

MURAD, Mauricio. 2013. “Práticas de violência e mortes de torcedores no futebol brasileiro”. Revista USP, n. 99: 139-152.

MURPHY, Patrick; WILLIANS, John; e DUNNING, Eric. 1994. O futebol no banco dos réus. Oeiras, Celta.

MURZI, Diego; ULIANA, Santiago; e SUSTAS, Sebastián. 2011. “El fútbol de luto: análisis de los factores de muerte y violencia en el fútbol argentino”. In MATIAS, Godio S. e ULIANA, Santiago (orgs.). Fútbol y sociedad: prácticas locales e imaginarios globales. Sáenz Peña, Universidad Nacional de Tres de Febrero, pp. 175-196.

PALHARES, Marcelo Fadori Soares; CABRERA, Nicolas; e SCHWARTZ, Gisele Maria. 2014. “Apuntes para un estudio comparativo entre torcidas organizadas e hinchadas”. Movimento, Porto Alegre, v. 20, n. esp.: 163-176.

REIS, Heloisa Helena Baldy dos. 2006. Futebol e violência. Campinas, Autores Associados.

RODRIGUES, Francisco Carvalho dos Santos. 2012. Amizade, trago e alento. A torcida Geral do Grêmio (2001-2011) da revolta à institucionalização: mudanças na relação entre torcedores e clubes no campo esportivo brasileiro. Niterói, dissertação de mestrado em História, Universidade Federal Fluminense.

TEIXEIRA, Rosana da Câmara. 2003. Os perigos da paixão: visitando jovens torcidas cariocas. São Paulo, Annablume.

TEIXEIRA, Rosana da Câmara. 2013. “Futebol, emoção e sociabilidade: narrativas de fundadores e lideranças dos movimentos populares de torcedores no Rio de Janeiro”. Esporte e Sociedade, ano 8, n. 21. Disponível em: http://www.uff.br/esportesociedade/, acesso em 27/11/2015.

TEIXEIRA, Rosana da Câmara. 2014. Mediação de conflitos e políticas públicas de prevenção da violência: possibilidades, limites e desafios do trabalho sociopedagógico com torcidas de futebol realizado pelo Fanprojekt na Alemanha. Rio de Janeiro, projeto de pós-doutorado apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional (PPGAS), Universidade Federal do Rio de Janeiro.

TEIXEIRA, Rosana da Câmara e HOLLANDA, Bernardo Buarque Borges de. 2016. “Espetáculo futebolístico e associativismo torcedor no Brasil: desafios e perspectivas das entidades representativas de torcidas organizadas no futebol brasileiro contemporâneo”. Esporte e Sociedade, 28: 1-26. Disponível em: http://www.uff.br/esportesociedade/pdf/es2803.pdf, acesso em 21/08/2017.

TOLEDO, Luiz Henrique de. 1996. Torcidas organizadas de futebol. Campinas, Autores Associados/Anpocs.

TOLEDO, Luiz Henrique de. 2012. “Políticas da corporalidade: sociabilidade torcedora entre 1990-2010”. In HOLLANDA, Bernardo Buarque de; MALAIA, João M. C.; TOLEDO, Luiz Henrique de; e MELO, Victor Andrade de (orgs.). A torcida brasileira. Rio de Janeiro, 7Letras, pp. 122-158.

TREJO, Fernando Segura M. e MURZI, Diego. 2013. “Alternativas europeas comparadas de gestión de la seguridad y la violencia en los estadios de fútbol: tres enfoques y aplicaciones diferentes. ¿Qué se puede aprender?”. In ZUCAL, Jose Garriga (org.). Violencia en el fútbol: investigaciones sociales y fracasos políticos . Buenos Aires, EGodot Argentina, pp. 267-296.

TSOUKALA, Anastassia. 2014. “Administrar a violência nos estádios da Europa: quais racionalidades?”. In HOLLANDA, Bernardo Buarque Borges de e REIS, Heloisa Helena Baldy dos (orgs.). Hooliganismo e Copa de 2014. Rio de Janeiro, 7Letras, pp. 21-36.

VELHO, Gilberto. 2001. “Biografia, trajetória e mediação”. In VELHO, Gilberto e KUSCHNIR, Karina (orgs.). Mediação, cultura e política. Rio de Janeiro, Aeroplano, pp.13-28.

WINANDS, Martin e GRAU, Andreas. 2016. “Socio-Educational Work with Football Fans in Germany: Principles, Practice and Conflicts”. Soccer & Society (online): 1-17.

ZICK, Andreas. 2013. “Group-Focused Enmity in Football: Observations and Challenges”. In GABRIEL, Michael; SELMER, Nicole; e THALER, Heidi (orgs.). Fan Work 2.0. Future Challenges for the Pedagogical Work with Football Fans. Frankfurt, Main, Imprenta, Obertshausen, pp. 67-79.

ZUCAL, José Garriga. 2010. Nosotros nos peleamos: violencia e identidad de una hinchada de fútbol. Buenos Aires, Prometeu Libros.

Downloads

Publicado

2018-11-22

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Reflexões sobre o “Projeto Torcedor” alemão: Produzindo subsídios para o debate acerca da prevenção da violência no futebol brasileiro a partir de uma perspectiva sociopedagógica. (2018). Revista De Antropologia, 61(3), 130-161. https://doi.org/10.11606/2179-0892.ra.2018.152037