Alternativas kaiowa e guarani para um impasse na reflexão de Egon Schaden

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/2179-0892.ra.2019.161986

Palavras-chave:

Egon Schaden, Kaiowa e Guarani, teorias do contato, intelectuais indígenas, Etnologia americanista

Resumo

O presente artigo visa discutir um aspecto central dos escritos do antropólogo Egon Schaden sobre as populações guarani: a relação com o mundo não indígena. Num primeiro momento, pretendo reconstituir brevemente a argumentação geral de Schaden a respeito o tema, que diagnostica “um dilema insolúvel”, para a qual a “única alternativa possível” seria “a resignação” dos Guarani (Schaden, 1969: 117). Num segundo momento, proponho confrontar este diagnóstico, mostrando que, longe da resignação, as populações guarani conseguiram construir alternativas importantes no bojo da relação com os brancos que não estavam previstas em análises do tipo. Para embasar teórica e descritivamente este ponto, pretendo remeter às reflexões do intelectual kaiowa Eliel Benites, contidas em sua dissertação de mestrado (Benites, 2014), que indicam outra maneira indígena de lidar com os brancos, não ressaltada por Schaden em razão da análise deste último estar fundamentada na noção de aculturação.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Augusto Ventura dos Santos, Universidade de São Paulo
    Augusto Ventura dos Santos é doutorando no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social na Universidade de São Paulo, onde também realizou o mestrado (2015). Desenvolve pesquisa na área de etnologia indígena, trabalhando questões envolvendo populações indígenas no estado do Mato Grosso do Sul.

Referências

ALBERT, Bruce; Ramos, ALCIDA (orgs.). 2002. Pacificando o branco. Cosmologias do contato no Norte Amazônico. São Paulo, Editora da UNESP.

BENITES, Eliel. 2014. Oguata Pyahu (uma nova caminhada) no processo de desconstrução e construção da educação escolar indígena da reserva indígena Te’ýikue. Campo Grande, dissertação de mestrado, Universidade Católica Dom Bosco.

BENITES, Tonico. 2014. Rojeroky hina ha roike jevy tekohape (Rezando e lutando): o movimento histórico dos Aty Guasu dos Ava Kaiowa e dos Ava Guarani pela recuperação de seus tekoha. Rio de Janeiro, tese de doutorado, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

BRAND, Antônio. 1997. O Impacto da perda da terra sobre a tradição Kaiowá/Guarani: os difíceis caminhos da palavra. Porto Alegre, tese de doutorado, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

CARIAGA, Diógenes Egídio. 2012. As transformações no modo de ser criança entre os Kaiowá em Te’ýikue (1950-2010). Dourados, dissertação de mestrado, Universidade Federal da Grande Dourados.

CARNEIRO DA CUNHA, Manuela. 2009 [1979]. “Etnicidade: da cultura residual mas irredutível”. In: CARNEIRO DA CUNHA, Manuela. Cultura com aspas. São Paulo, Cosac Naify, pp. 235-245.

CARNEIRO DA CUNHA, Manuela. 2009. “Cultura” e cultura: conhecimentos tradicionais e direitos intelectuais. In: CARNEIRO DA CUNHA, Manuela. Cultura com aspas. São Paulo, Cosac Naify, pp. 311-373.

CARVALHO, Rodrigo Amaro. 2018. Rimas de Si, Batidas de Outrem – estratégias de visibilidade e regimes de alteridade dentre os rappers kaiowá (Reserva indígena de Dourados/RS). Rio de Janeiro, tese de doutorado, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

CHAMORRO, Graciela. 2008. Terra Madura, yvy araguyje: fundamento da palavra guarani. Dourados, Editora UFGD.

CHAMORRO, Graciela; COMBÈS, Isabelle. 2015. Povos indígenas em Mato Grosso do Sul: história, cultura e transformações sociais. Dourados, Editora UFGD.

COLMAN, Rosa. 2015. Guarani retã e mobilidade espacial guarani: belas caminhadas e processos de expulsão no território guarani. Campinas, tese de doutorado, Universidade Estadual de Campinas.

CRESPE, Aline. 2015. Mobilidade e temporalidade entre os Guarani e Kaiowa no Mato Grosso do Sul. Dourados, tese de doutorado, Universidade Federal da Grande Dourados.

CRETTON, Vicente. 2015. Aqueles que não vemos: etnografia das relações de alteridade entre os Mbya Guarani. Rio de Janeiro, tese de doutorado, Universidade Federal Fluminense.

FERNANDES, Florestan. 2009 [1957]. “Tendências Teóricas da Moderna Investigação Etnológica no Brasil”. In: FERNANDES, F. A investigação etnológica no Brasil e outros ensaios. São Paulo, Global Editora, pp. 130-197.

GALVÃO, Eduardo. 1957. “Estudos sobre a aculturação dos grupos indígenas do Brasil”. Revista de Antropologia, v.5, n.1: 67-74.

HUYER, Bruno. 2017. Do efeito dos outros: crônicas sobre a mistura entre os Guarani-Mbya. Florianópolis, dissertação de mestrado, Universidade Federal de Santa Catarina.

KLEIN, Tatiane Maíra. 2013. Práticas midiáticas e redes de relação entre os Kaiowá e Guarani em Mato Grosso do Sul. São Paulo, dissertação de mestrado, Universidade de São Paulo.

LADEIRA, Maria Inês. 2007. O caminhar sob a luz. O território mbya à beira do oceano. São Paulo, Editora UNESP.

LEWKOWICZ Rita Becker. 2016. A hora certa para nascer: um estudo antropológico sobre o parto hospitalar entre mulheres mbya-guarani no sul do Brasil. Porto Alegre, dissertação de mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

MACEDO, Valéria. 2010. Nexos da Diferença. Cultura e Afecção em uma Aldeia Guarani na Serra do Mar. São Paulo, tese de doutorado, Universidade de São Paulo.

MONTARDO, Deise Lucy Oliveira. 2009. Através do mbaraka. Música, dança e xamanismo guarani. São Paulo, EDUSP.

MORAIS, Bruno Martins. 2016. Do corpo ao pó: crônicas da territorialidade Kaiowá e Guarani nas adjacências da morte. São Paulo, dissertação de mestrado, Universidade de São Paulo.

MUNDURUKU, Daniel. 2012. O Caráter educativo do Movimento Indígena Brasileiro (1970-1990). São Paulo, Editora Paulinas.

MURA, Fábio. 2006. À Procura do bom viver: Território, tradição de conhecimento e ecologia doméstica entre os Kaiowa. Rio de Janeiro, tese de doutorado, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

PEREIRA, Levi Marques. 2004. Imagens Kaiowá do sistema social e seu entorno. São Paulo, tese de doutorado, Universidade de São Paulo.

PIERRI, Daniel Calazans. 2018. O perecível e imperecível: reflexões guarani mbya sobre a existência. São Paulo, Editora Elefante.

PIMENTEL, Spensy Kmitta. 2012. Elementos para uma teoria política Kaiowa e Guarani. São Paulo, tese de doutorado, Universidade de São Paulo.

PIMENTEL, Spensy Kmitta. 2015.“Aty Guasu, as grandes assembleias kaiowa e guarani: Os indígenas de Mato Grosso do Sul e a luta pela redemocratização do país”. In: CHAMORRO, Graciela; COMBÈS, Isabelle (org.). Povos indígenas em Mato Grosso do Sul: história, cultura e transformações sociais. Dourados, Editora UFGD, pp. 795-814.

PISSOLATO, Elizabeth de Paula. 2007. A duração da pessoa. Mobilidade, parentesco e xamanismo mbya (guarani). São Paulo, Editora da UNESP.

ROSSATO, Veronice Lovato. 2002. Os resultados da escolarização entre os Kaiowá e Guarani em Mato Grosso do Sul. “Será o letrao um dos nossos?”. Campo Grande,dissertação de mestrado, Universidade Católica Dom Bosco.

SAHLINS, Marshall. 1997. “O ‘pessimismo sentimental’ e a experiência etnográfica: porque a cultura não é um ‘objeto’ em via de extinção”. Mana, v.3, n.1: 41-73.

SANTOS, Augusto Ventura dos. 2016. Políticas Afirmativas no Ensino Superior: estudo etnográfico de experiências indígenas em universidades do Mato Grosso do Sul (Terena e Kaiowá-Guarani). São Paulo, dissertação de mestrado, Universidade de São Paulo.

SANTOS, Lucas Keese. 2016. A esquiva do Xondaro: movimento e ação política entre os Guarani-Mbya. São Paulo, dissertação de mestrado, Universidade de São Paulo.

SCHADEN, Egon. 1974 [1954]. Aspectos Fundamentais da Cultura Guarani. São Paulo, EDUSP.1969Aculturação Indígena. São Paulo, EDUSP.

SERAGUZA, Lauriene. 2013. Cosmos, Corpos e Mulheres Kaiowá e Guarani de Aña à Kuña. Dourados, dissertação de mestrado, Universidade Federal da Grande Dourados.

TEKO ARANDU. 2012. Projeto Político Pedagógico. Universidade Federal da Grande Dourados.

TESTA, Adriana. 2015. Caminhos de Saberes Guarani Mbya. Modos de Criar, Crescer e Comunicar. São Paulo, tese de doutorado, Universidade de São Paulo.

Downloads

Publicado

2019-09-18

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Santos, A. V. dos. (2019). Alternativas kaiowa e guarani para um impasse na reflexão de Egon Schaden. Revista De Antropologia, 62(2), 298-322. https://doi.org/10.11606/2179-0892.ra.2019.161986