Entre sucuris e queixadas: transformações nos mitos pano de origem da ayahuasca

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2022.192783

Palavras-chave:

Mitos, Povos Pano, Ayahuasca, Transformações míticas, História

Resumo

O artigo propõe examinar dois dos principais mitos pano relacionados à ayahuasca como transformações de uma série de outros mitos. Estabelecendo assim um conjunto de transformação, procura-se demonstrar que esses mitos estão intimamente ligados aos mitos que versam sobre a relação dos humanos com bandos de queixadas. Essa ligação pode ser compreendida à luz de uma hipótese bastante influente acerca da história da difusão ayahuasca, expandindo-a para a região dos altos rios Juruá e Purus. Em particular, trata-se de indicar algumas ideias para pensar como os mitos se transformaram para acomodar em seu seio o uso da ayahuasca, e o que essa mudança significa do ponto das cosmologias que produziram aqueles mitos.

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Biografia do Autor

  • Marcos de Almeida Matos, Universidade Federal do Acre. Rio Branco, AC, Brasil

    Marcos de Almeida Matos é antropólogo, indigenista e professor da Universidade Federal do Acre, onde integra o Laboratório de Antropologias e Florestas.

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Publicado

2022-04-27

Edição

Seção

Dossiê - Entre a mitologia e a etnografia: transformações nas Américas indígenas

Como Citar

Matos, M. de A. (2022). Entre sucuris e queixadas: transformações nos mitos pano de origem da ayahuasca. Revista De Antropologia, 65(1), e192783. https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2022.192783