O revisionismo histórico da Brasil Paralelo: alguns apontamentos e possibilidades de enfrentamento
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2179-5487.20.2024.220575Palavras-chave:
Revisionismo, Histórias alternativas, Era digital, História PúblicaResumo
Atentando para o impacto da era digital na sociedade brasileira, onde variadas plataformas digitais e o uso de redes sociais estão cada vez mais presentes no cotidiano das pessoas, julgamos necessária uma reflexão para pensarmos problemáticas e desafios advindos deste processo. Entre estes, destacamos o problema dos discursos revisionistas sobre temas da História que são apresentados em produções audiovisuais amplamente difundidas por meio de plataformas como Youtube. Para discorrer sobre o assunto vamos abordar o caso da empresa Brasil Paralelo, procurando refletir através de uma discussão centrada no primeiro episódio da série “Brasil: a última Cruzada”. A partir das contribuições de Louie Dean Valencia-Garcia (2020) identificamos alguns elementos presentes no episódio “A Cruz e a Espada” que nos permitiram entender como foi construído o discurso revisionista da série. Ademais, como demonstraremos ao longo deste artigo, consideramos que o meio digital também trás possibilidades riquíssimas para pensarmos a democratização do conhecimento e, inclusive, a aplicação de projetos de História Pública. Também identificamos na História Pública possibilidades de atuação para o historiador que permitem o embate e a desconstrução dos discursos revisionistas.
Downloads
Referências
ALMEIDA, J, R; ROVAI, M. G. O (org.). Introdução à História Pública. São Paulo: Letra e Voz, 2011.
ARAÚJO, J. S. L. Os ditos cruzados do século XXI: o Brasil e a idealização conservadora acerca da primeira cruzada. BUENO, A; BIRRO, R; BOY, R. (org.). Ensino de História Medieval e História Pública. 1ª ed. Rio de Janeiro: Sobre Ontens/UERJ, 2020, v. 1, p. 111-117.
AVILA, A. L. de. Qual passado escolher? Uma discussão sobre o negacionismo histórico. Revista Brasileira de História, v.41, n. 87, p. 161-184, 2021.
BAUER, C. S. Qual o papel da história pública frente ao revisionismo histórico? MAUAD, A. M.; Ricardo SANTHIAGO R.; BORGES V. T. (org.). Que história pública queremos? São Paulo: Letra & Voz, 2018, p. 195-205.
BELANDI, C. “161,6 milhões de pessoas com 10 anos ou mais de idade utilizaram a Internet no país em 2022”. Agência IBGE Notícias, Rio de Janeiro, 09 nov. 2023. Disponível em: «https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/38307-161-6-milhoes-de-pessoas-com-10-anos-ou-mais-de-idade-utilizaram-a-internet-no-pais-em-2022 ». Acesso em: 20 mai. 2024.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC): educação é a base. Brasília, DF: MEC/CONSED/UNDIME, 2018. Disponível em: «http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/» Acesso em 21 de maio 2024.
BRASIL PARALELO. Sobre Brasil Paralelo no Youtube. Disponível em: «https://www.youtube.com/@brasilparalelo» Acesso em: 11 jun. 2024.
BRASIL PARALELO. Capítulo 1 - A cruz e a Espada | Brasil - A última Cruzada. Youtube. 20 abr. 2017. (51 min. e 44 seg.). Disponível em: «https://www.youtube.com/watch?v=TkOlAKE7xqY&list=PL3yv1E7IiXySpilepZSpHnrWGWbmryk9j». Acesso em: 10 jun. 2024.
BRITO, K. O.; RODRIGUES JUNIOR, O. A cruzada alternativa da Brasil Paralelo: a história como instrumento da guerra cultural. SAECULUM, v. 26, p. 231-246, 2021.
DELORENZO, D. “Brasil Paralelo gastou R$ 22 milhões em redes na Meta em 4 anos, o dobro da Secom”. Revista Fórum, 19 mar. 2024. Disponível em: «https://revistaforum.com.br/midia/2024/3/19/brasil-paralelo-gastou-r-22-milhes-em-redes-na-meta-em-anos-dobro-da-secom-155935.html». Acesso em: 21 mai. 2023.
FLORI, Jean. Guerra Santa. Formação da ideia de cruzada no Ocidente. Campinas: Editora Unicamp, 2013.
GUIMARÃES, M. L. S. Nação e civilização nos trópicos: o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e o Projeto de uma História Nacional. Rio de Janeiro: Estudos Históricos. n. 1. 1988, p. 5-27.
GRUNER, C; CLETO, M. “Sete denúncias”: guerra cultural e retórica antissistema no documentário da Brasil Paralelo sobre a pandemia. OLIVEIRA R. C. de; CHRISTINO D.; MACHADO JUNIOR E. V. (org.). Covid-19 e a comunicação. 1ª ed. Goiânia: Cegraf UFG, 2021, v. 1, p. 357-382.
HALL, S. A identidade cultural na pós-modernidade. 11ª Ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.
LIMA, A. N. A nação brasileira entre a cruz e a espada: apontamentos sobre a atual (re)construção de uma identidade nacional supremacista no Brasil. Temáticas, 27, (54): p. 15-38. ago/dez. 2019.
MALERBA, J. Os historiadores e seus públicos: desafios ao conhecimento histórico na era digital. Revista Brasileira de História, v. 37, n. 74, p. 135-154, 2017.
MORAES, E. de O.; CLETO, M. P. A última cruzada: tempo e historicidade na série da produtora Brasil Paralelo. Tempo e Argumento, Florianópolis, v. 15, n. 38, e0108, abr. 2023.
NAPOLITANO, M. Negacionismo e revisionismo histórico do século XXI. PINSKY, J.; PINSKY. C. B (org.). Novos Combates pela História: Desafios - Ensino. Editora Contexto, 2021.
NICOLAZZI, F. Negacionismo e usos afetivos do passado no Brasil contemporâneo. Passés futurs, v. 13, p. 1-37, 2023.
OLIVEIRA, R. P. A mobilização das tópicas do pensamento social brasileiro na historiografia comercial consumida no Brasil em tempos de crise democrática (2013-2020). Tempo e argumento, Florianópolis. 13 n. 33, p. e0204, maio/ago.2021.
ROVAI, M. G. de O. “História Pública: um desafio democrático aos historiadores”. REIS, T. S.; SOUZA, C. M. de; OLIVEIRA, M. P.; LYRA JÚNIOR, A. A. de (org.). Coleção História do Tempo Presente - Volume II. Boa Vista: Editora UFRR, 2020.
RÜSEN, J. Aprendizagem histórica: fundamentos e paradigmas. Curitiba: W.A Editores, 2012.
SAID, E. W. Orientalismo. O oriente como invenção do Ocidente. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
SANTHIAGO, R. Duas palavras, muitos significados: Alguns comentários sobre a história pública no Brasil. MAUAD, A. M.; SANTHIAGO, R.; BORGES, V. T. (org.). Que história pública queremos? São Paulo: Letra & Voz, 2018, p. 169-174.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA. Podcast Mais História, por favor! Santa Maria. Disponível em: «https://open.spotify.com/show/6LCO9fDgoA3SJyESAQOnWK?si=ss_jBrA4ThKVGaYy7Cft7A». Acesso em: 11 de junho de 2024.
VALENCIA-GARCÍA, L. D. (ed.). Far-Right Revisionism and the End of History: Alt/Histories. London: Routledge, 2020.
VIDAL-NAQUET, P. Os assassinos da memória: um Eichmann de papel e outros ensaios sobre o revisionismo. Campinas: Papirus, 1988.
ZOGLAUER, T. Constructed Truths: Truth and Knowledge in a Post-truth World. Wiesbaden, Alemanha: Springer Nature, 2023.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Daniela da Silva Martins
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
1. Proposta de Política para Periódicos de Acesso Livre
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License que permitindo o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
