O Künstlerroman e a artista em (de)formação em Ao farol, de Virginia Woolf (1927)

Autores

  • Gabriela Bruschini Grecca Universidade Estadual de Minas Gerais

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2447-9772.i16p58-79

Palavras-chave:

Literatura inglesa, Künstlerroman, Virginia Woolf, Ao farol, Personagem-artista

Resumo

O artigo versa sobre o romance Ao farol, de Virginia Woolf, no que tange à trajetória da personagem-artista Lily Briscoe e seus possíveis diálogos com o Künstlerroman. O “romance de artista” será explorado ao longo da análise não como um programa narrativo que se encerra em uma fantasmagoria tipologizante de seu significado, mas como forma romanesca que pode oferecer chaves de leituras críticas para a trajetória de Lily. Busco explorar a hipótese interpretativa: a personagem-artista, que passa todo o romance em conflito para concluir a pintura, somente consegue um desfecho para superar este drama não somente quando termina o quadro, mas também quando atravessa os princípios que norteavam a aprendizagem estética para alcançar o reconhecimento. Sua narrativa desembocará no fim da busca por um legado para sua obra artística, focalizando a própria autorrealização, nas palavras de Adorno (2003), encerrando-se na dissolução subjetivista, tão cara ao romance do século XX. Em outras palavras, Lily completa sua narrativa de artista com um subjetivismo completamente hipostasiado, no lugar de guiar-se por qualquer experiência emancipadora que a ênfase em sua própria Bildung poderia lhe proporcionar. O trauma do pós-Primeira Guerra a tornará aderente e regulada (no sentido de Regulierung) pelas instituições.

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Biografia do Autor

  • Gabriela Bruschini Grecca, Universidade Estadual de Minas Gerais

    Professora no departamento de Letras da UEMG

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Publicado

2022-12-12

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Grecca, G. B. . (2022). O Künstlerroman e a artista em (de)formação em Ao farol, de Virginia Woolf (1927). Rapsódia, 1(16), 58-79. https://doi.org/10.11606/issn.2447-9772.i16p58-79