O olhar filológico de Warburg e a “aplicação da ideia de Vico”
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2447-9772.i16p80-109Palavras-chave:
Usener, Vico, Linguagem dos gestos, Dinamogramas, Thiasos, Filologia, MetamorfosesResumo
O artigo busca mostrar a coerência entre o “olhar filológico”, que Aby Warburg (1866-1929) afirmou em 1900 dirigir ao solo do qual a ninfa antiga floresceu nas pinturas do Quattrocento, e a “aplicação da ideia de Vico”, que quase três décadas depois o autor anotou como objetivo de seu projeto Mnemosyne. Com base na concepção warburguiana do thiasos como matriz cinética, bem como na compreensão do Atlas Mnemosyne (1926-1929) como recapitulação e resultado do conjunto das pesquisas prévias do autor, procura-se demonstrar que a filologia fornece a Warburg um método de análise e interpretação das células de significado das formas imagéticas e o leva a investigar a “morfologia dos radicais” da linguagem gestual patética, o que lhe permite reconhecer as metamorfoses da herança de engramas fóbicos estratificados de maneira não cronológica na memória humana e a identificar o esqueleto heráldico das formas.
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