O jazz e a implosão da concepção adorniana de obra de arte

Autores

  • Lucas Fiaschetti Estevez Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2447-9772.i18p136-164

Palavras-chave:

Theodor Adorno, Jazz, Obra de arte, Estética

Resumo

Neste artigo, temos como objetivo traçar os limites e potencialidades da crítica ao jazz empreendida por Theodor Adorno, a fim de compreender o que levou o autor a recusar em bloco o jazz como uma música de arte. Em um primeiro momento, trataremos da polêmica que sua posição suscitou, abordando as principais críticas feitas ao frankfurtiano e indicando em que medida tais posições se sustentam. Em seguida, analisaremos as limitações empíricas de sua análise, jogando luz sobre o jazz em suas diferentes fases e tendências, com foco nas profundas transformações sofridas nesse cenário a partir do pós-guerra e da ascensão do bebop, do cool jazz e do free jazz. Neste ponto, defenderemos a tese de que parte do jazz ultrapassa a crítica adorniana, tornando-a deficitária diante da transformação profunda do objeto. Assim, argumentaremos que a recusa de Adorno ao jazz não diz respeito a uma recusa moral, ao seu gosto musical ou a um suposto desconhecimento da cena musical. Na realidade, defenderemos que os limites da crítica de Adorno ao jazz dizem respeito aos limites de sua estética.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Lucas Fiaschetti Estevez, Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas

    Doutorando no Departamento de Sociologia da USP

Referências

Adorno: Der Bürger als Revolutionär (1º ep.). Direção: Meinhard Prill, Kurt Schneider. Produção: Arte/Südwest-Rundfunk, 58min. Alemanha, ago. 2003 [Documentário].

ADORNO, Theodor. Essays on music. Tradução de Susan H. Gillespie. Berkeley/ Los Angeles: University of California Press, 2002.

ADORNO, Theodor. “Wilder Hobson, American Jazz Music; Winthrop Sargeant, Jazz: Hot and Hybrid”. In: Studies in Philosophy and Social Science. Institute of Social Research, Nova York, vol. IX, 1941, pp. 167-178.

ADORNO, Theodor. Prismas: crítica cultural e sociedade. Tradução de Jorge de Almeida. São Paulo: Ed. Ática, 2001.

ADORNO, Theodor. Berg: o mestre da transição mínima. Tradução de Mário Videira. São Paulo: Editora Unesp, 2010.

ADORNO, Theodor. Introdução à Sociologia da Música. Tradução de Fernando R. de Moraes Barros. São Paulo: Editora Unesp, 2011.

ADORNO, Theodor. “Sobre a música popular”. In: COHN, Gabriel (org.). Sociologia: Theodor Adorno. Tradução de Flavio R. Kothe, Aldo Onesti e Amelia Cohn. São Paulo: Ática, 1986.

ADORNO, Theodor. Indústria cultural. Tradução de Vinicius Pastorelli. São Paulo: Editora Unesp, 2020.

ADORNO, Theodor. Current of Music. Cambridge: Polity Press, 2009.

ADORNO, Theodor. Letters to his Parents. Tradução de Wieland Hoban. Cambridge: Polity Press, 2003.

ADORNO, Theodor. Sound Figures. Tradução de Rodney Livingstone. Stanford, California: Stanford University Press, 1999.

ADORNO, Theodor. Teoria Estética. Tradução de Artur Morão. Coimbra: Edições 70, 2008.

ADORNO, Theodor. Palavras e sinais: modelos críticos 2. Tradução de Maria Helena Huschel. Petrópolis: Vozes, 1995.

ADORNO, Theodor. Quasi una fantasia. Tradução de Eduardo Socha. São Paulo: Editora Unesp, 2018.

ADORNO, Theodor. Towards a Theory of Musical Reproduction. Tradução de Wieland Hoban. Cambridge: Polity Press, 2006.

ADORNO, Theodor. Minima Moralia. Tradução de Artur Morão. Lisboa: Edições 70, 2001a.

ADORNO, Theodor; BENJAMIN, Walter. Correspondência, 1928-1940. Tradução de José Marcos M. de Macedo. São Paulo: Unesp, 2012.

ADORNO, Theodor; BRAUNSTEIN, Dirk (org.). Die Frankfurter Seminare Theodor W. Adornos: Gesammelte Sitzungsprotokolle 1949-1969. Vol. 3. Berlim/Boston: De Gruyter, 2021.

ADORNO, Theodor; BRAUNSTEIN, Dirk (org.). Die Frankfurter Seminare Theodor W. Adornos: Gesammelte Sitzungsprotokolle 1949-1969. Vol. 4. Berlim/Boston: De Gruyter, 2021a.

ADORNO, Theodor; HORKHEIMER,Max. Briefwechsel 1927-1937. Frankfurt: Suhrkamp, 2003.

ADORNO, Theodor; KRACAUER, Siegfried. Briefwechsel, 1923-1966. Frankfurt: Suhrkamp, 2008.

ANDERSON, Iain. This is Our Music: Free Jazz, the Sixties and American Culture. Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 2007.

BARAKA, Amiri. Black Music: Free jazz e consciência Negra (1959-1967). São Paulo: Ed. sobinfluencia, 2023.

BOWIE, Andrew. “Adorno and Jazz”. In: GORDON, Peter E.; HAMMER, Espen; PENSKY, Max (Orgs). A Companion to Adorno. Hoboken: Wiley, 2019.

BERENDT, Joachim-Ernst. “A favor e contra o jazz”. In: Arte Filosofia, n. 16. Ouro Preto: IFAC/UFOP, pp. 4-10, Julho/2014.

BERTRAM, Georg W. “Jazz als paradigmatische Kunstform: Eine Metakritik von Adornos Kritik des Jazz”. In: Zeitschrift für Ästhetik und Allgemeine Kunstwissenschaft. Vol. 59, n. 1. Hamburgo: Felix Meiner Verlag: 2014, pp. 15-28.

CARLES, Philippe; COMOLLI, Jean-Louis. Free Jazz/Black Power. Paris: Gallimard, 2000.

CARONE, Iray. Adorno em Nova York. São Paulo: Alameda, 2019.

Downloads

Publicado

2024-12-05

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Estevez, L. F. (2024). O jazz e a implosão da concepção adorniana de obra de arte. Rapsódia, 18, 136-164. https://doi.org/10.11606/issn.2447-9772.i18p136-164