No pain, no gain? Sentidos e significados atribuídos às dores e aos riscos entre malhar e treinar em academias de ginástica
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1981-4690.v35i1p1-13Palavras-chave:
Educação Física e Treinamento, Antropologia, Risco sanitário, Atividade física, Musculação, EtnografiaResumo
O objetivo dessa pesquisa etnográfica foi analisar e discutir os sentidos e os significados atribuídos às dores corporais e aos riscos no que diz respeito aos esforços físicos pelos alunos e pelos profissionais de Educação Física em duas academias de ginástica no Rio de Janeiro: uma de pequeno porte em um bairro popular (P) e outra de grande porte em um bairro nobre (G) da cidade. Na linha teórico-metodológica do interacionismo simbólico, foi realizada uma etnografia comparativa no espaço da musculação das duas academias. Observou-se que os “limites” das dores corporais durante os exercícios físicos e as noções de risco à saúde foram representados de formas plurais a depender dos contextos e dos grupos sociais. Os profissionais de ambos os estabelecimentos tendiam a exigir o máximo de esforços físicos dos seus alunos. Na academia P, o culto às dores e aos riscos era uma forma de cuidar de si. Os alunos concebiam o corpo como um “bem” a ser constantemente malhado. Na academia G, privilegiava-se a sociabilidade em função da exaustão dos exercícios físicos. Para os alunos, sentir dor ou estar em risco simbolizava danos ao corpo compreendido como um “patrimônio” a ser treinado. Mais do que um dado físico-biológico representado pelo sacrifício e sofrimento corporal, a forma de sentir dor e o que se entende por risco à saúde podem revelar os múltiplos lugares sociais dos pesquisados. Estes aspectos tornam-se importantes para a produção de conhecimento e a intervenção profissional no campo da Saúde e na área de Educação Física, pois ajudam entender e particularizar as ações e reflexões acadêmico-profissionais na relação com o outro para além do referencial técnico-científico da racionalidade biomédica.
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