Coalizão de acionistas e dividendos: evidências do mercado de capitais brasileiro

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/1808-057x20221769.en

Palavras-chave:

governança corporativa, grandes acionistas, coalizão de acionistas, dividendos, distribuição do controle

Resumo

Este artigo examina o efeito da heterogeneidade das coalizões de acionistas na distribuição de dividendos em empresas listadas no Brasil. Para análise da relação entre grandes acionistas e dividendos, é crucial considerar a maneira pela qual o controle é assegurado. Grandes acionistas podem compartilhar o controle formando coalizões, e diferenças na composição das coalizões podem alterar os incentivos que as partes cooperantes têm para a atividade de monitoramento. Com base nos acordos de acionistas, exploramos a heterogeneidade entre as coalizões de acionistas apresentando elementos que podem caracterizar o papel do controle compartilhado na governança corporativa das empresas em um ambiente de mercado descrito pela concentração do controle em um único grande acionista. Este estudo apresenta potenciais impactos econômicos e sociais, pois é de particular interesse dos acionistas outsiders, e até mesmo de potenciais investidores, saber como os insiders podem usar a política de dividendos, uma vez que a distribuição de lucros tende a mitigar problemas de agência. Para identificar as coalizões de acionistas recorremos aos acordos de acionistas. O modelo de análise foi estimado pelo system generalized method of moments (GMM-Sys) de dois estágios com dados em painel desbalanceado para o período de 2008 a 2019. Descobrimos que o número de acionistas na coalizão e a alavancagem dos direitos de voto do maior acionista da coalizão estão negativamente relacionados aos dividendos distribuídos, e que os direitos de voto da coalizão estão positivamente relacionados aos dividendos distribuídos. Esses resultados contribuem para a abordagem principal-principal da teoria da agência e destacam que os incentivos e a capacidade das coalizões de acionistas para perseguirem benefícios privados do controle dependem de suas próprias características.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

Adjaoud, F., & Ben-Amar, W. (2010). Corporate governance and dividend policy: Shareholders’ protection or expropriation? Journal of Business Finance & Accounting, 37(5-6), 648-667. https://doi.org/10.1111/j.1468-5957.2010.02192.x

Amoako-Adu, B., Baulkaran, V., & Smith, B. F. (2014). Analysis of dividend policy of dual and single class U.S corporations. Journal of Economics and Business, 72, 1-29. https://dx.doi.org/10.1016/j.jeconbus.2013.10.002

Atanassov, J., & Mandell, A. J. (2018). Corporate governance and dividend policy: Evidence of tunneling from master limited partnerships. Journal of Corporate Finance, 53,106-132. https://doi.org/10.1016/j.jcorpfin.2018.10.004

Baglioni, A. (2011). Shareholders’ agreements and voting power: Evidence from Italian listed firms. Applied Economics, 43 (27), 4043-4052. https://doi.org/10.1080/00036841003781494

Baltagi, B. H. (2001). Econometric analysis of panel data. John Wiley & Sons.

Basu, N., Paeglis, I., & Toffanin, M. (2017). Reading between the blocks. Journal of Corporate Finance, 45, 294-317. https://doi.org/10.1016/j.jcorpfin.2017.04.017

Bennedsen, M., & Wolfenzon, D. (2000). The balance of power in closely held corporations. Journal of Financial Economics, 58 (1-2), 113-139. ttps://doi.org/10.1016/S0304-405X(00)00068-4

Black, B. S., Carvalho, A. G. de, & Goga, É. (2009). The corporate governance of privately controlled Brazilian firms. Brazilian Review of Finance, 7(4), 385-428. https://doi.org/10.12660/rbfin.v7n4.2009.1450

Bloch, F., & Hege, U. (2001). Multiple shareholders and control contest [Working Paper]. Social Science Research Network. http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.2273211

Blundell, R., & Bond, S. R. (1998). Initial conditions and moment restrictions in dynamic panel data models. Journal of Econometrics, 87(1), 115-143. https://doi.org/10.1016/S0304-4076(98)00009-8

Booth, l., & Zhou, J. (2017). Dividend policy: A selective review of results from around the world. Global Finance Journal, 34, 1-15. https://doi.org/10.1016/j.gfj.2017.07.002

Boulton, T., Braga-Alvez, M. V., & Shastri, K. (2012). Payout policy in Brazil: Dividends versus interest on equity. Journal of Corporate Finance, 18(4), 968-979. https://doi.org/10.1016/j.jcorpfin.2011.09.004

Carvalhal, A. (2012). Do shareholder agreements affect market valuation? Evidence from Brazilian listed firms. Journal of Corporate Finance, 18(4), 919-933. https://doi.org/10.1016/j.jcorpfin.2012.04.003

Chemla, G., Habib, M., & Ljungqvist, A. (2007). An analysis of shareholder agreements. Journal European Economic Association, 5(1), 93-121. https://doi.org/10.1162/JEEA.2007.5.1.93

Colombo, J. A., & Terra, P. R. S. (2022). Interest on equity versus dividends: The role of shareholder identity in corporate tax avoidance. Revista Brasileira de Gestão de Negócios, 24(1), 175-205. https://doi.org/10.7819/rbgn.v24i1.4155

Connelly, B. L., Hoskisson, R. E., Tihanyi, L., & Certo, T. (2010). Ownership as a form of corporate governance. Journal of Management Studies, 47(8), 1561-1589. https://doi.org/10.1111/j.1467-6486.2010.00929.x

Crespi, R., & Renneboog, L. (2010). Is (institutional) shareholder activism new? Evidence from UK shareholder coalitions in pre-Cadbury era. Corporate Governance: An International Review, 18(4), 274-295. https://doi.org/10.1111/j.1467-8683.2010.00795.x

Crisóstomo, V. L., & Brandão, J. W. (2016). Ownership concentration affects dividend policy of the Brazilian firm. Revista de Finanças Aplicadas, 7(3), 1-22.

Crisóstomo, V. L., Brandão, I. de F., & López-Iturriaga, F. J. (2020). Large shareholders’ power and the quality of corporate governance: An analysis of Brazilian firms. Research in International Business and Finance, 51, Artigo 101076. https://doi.org/10.1016/j.ribaf.2019.101076

Dalmácio, F. Z., & Corrar, L. J. (2007). A concentração do controle acionário e a política de dividendos das empresas listadas na Bovespa: uma abordagem exploratória à luz da teoria de agência. Revista de Contabilidade e Organizações, 1(1), 17-30. https://doi.org/10.11606/rco.v1i1.34694

Dang, V. A., Kim, M., & Shin, Y. (2015). In search of robust methods for dynamic panel data models in empirical corporate finance. Journal of Banking & Finance, 53, 84-98. https://doi.org/10.1016/j.jbankfin.2014.12.009

DeAngelo, H., DeAngelo, L., & Stulz, R. M. (2006). Dividend policy and the earned/contributed capital mix: A test of the life-cycle theory. Journal of Finance and Economics, 81(2), 227-254. https://doi.org/10.1016/j.jfineco.2005.07.005

Easterbrook, F. H. (1984). Two agency-cost explanations of dividends. The American Economic Review, 74(4), 650-659.

Faccio, M., Lang, L. H., & Young, L. (2001). Dividends and expropriation. The American Economic Review, 91(1), 54-78. https://doi.org/10.1257/aer.91.1.54

Fama, E. F., & French, K. (2001). Disappearing dividends: Changing firm characteristics or lower propensity to pay? Journal of Financial Economics, 60(1), 3-44. https://doi.org/10.7208/9780226426983-030

Farinha, J. (2003). Dividend policy, corporate governance and the managerial entrenchment hypothesis: An empirical analysis.

Journal of Business Finance and Accounting, 30(9-10), 1173-1209. https://doi.org/10.1111/j.0306-686X.2003.05624.x

Fidrmuc, J. P., & Jacob, M. (2010). Culture, agency costs, and dividends. Journal of Comparative Economics, 38(3), 321-339. https://doi.org/10.1016/j.jce.2010.04.002

Flannery, M. J., & Hankins, K. W. (2013). Estimating dynamic panel models in corporate finance. Journal of Corporate Finance, 19, 1-19. https://doi.org/10.1016/j.jcorpfin.2012.09.004

Forti, C. A. B., Peixoto, F. M., & Alves, D. L. (2015). Determinant factors of dividend payments in Brazil. Revista Contabilidade & Finanças, 26(68), 167-180. https://doi.org/10.1590/1808-057x201512260

Gelman, M., Castro, L. R. K., & Seidler, V. (2015). Efeitos da vinculação de conselheiros ao acordo de acionistas no valor da firma. Revista de Administração de Empresas, 55(3), 345-358. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-759020150309

Goergen, M., Renneboog, L., & Silva, L. C. (2005). When do German firms change their dividends? Journal of Corporate Finance, 11(1-2), 375-99. https://doi.org/10.1016/j.jcorpfin.2003.09.001

Gomes, A., & Novaes, W. (2005). Sharing of control versus monitoring as corporate governance mechanisms [Working Paper]. Social Science Research Network. http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.277111

Gonzalez, M., Molina, C. A., Pablo, E., & Rosso, J. W. (2017). The effect of ownership concentration and composition on ividends: Evidence from Latin America. Emerging Markets Review, 30, 1-18. https://doi.org/10.1016/j.ememar.2016.08.018

Gorga, E. (2009). Changing the paradigm of stock ownership from concentrated towards dispersed ownership? Evidence from Brazil and consequences for emerging countries. Northwestern Journal of International Law & Business, 29(2), 439-554. http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.1121037

Gugler, K., & Yurtoglu, B. (2003). Corporate governance and dividend payout policy in Germany. European Economic Review, 47(4), 731-758. https://doi.org/10.1016/S0014-2921(02)00291-X

Hadlock, C. J., & Schwartz-Ziv, M. (2019). Blockholder heterogeneity, multiple blocks, and the dance between blockholders. The Review of Financial Studies, 32(11),1-32. https://doi.org/10.1093/rfs/hhz022

Hahn, A. V., Nossa, S. N., Teixeira, A., & Nossa, V. (2010). Um estudo sobre a relação entre a concentração acionária e o nível de payout das empresas brasileiras negociadas na Bovespa. Contabilidade Vista & Revista, 21(3), 15-48.

Hogg, M. A., & Terry, D. J. (2000). Social identity and self-categorization processes in organizational contexts. Academy of Management Review, 25(1), 121-140. https://doi.org/10.2307/259266

Javakhadze, D., Ferris, S. P., & Sem, N. (2014). An international analysis of dividend smoothing. Journal of Corporate Finance, 29, 200-220. https://doi.org/10.1016/j.jcorpfin.2014.09.007

Jensen, M. (1986). Agency costs of free cash flow, corporate finance, and takeovers. The American Economic Review, 76(2), 323-329.

Jiang, F., Cai, X., Jiang, Z., & Nofsinger, J. (2019). Multiple large shareholders and dividends: Evidence from China. Pacific-Basin Finance Journal, 57, Artigo 101.201. https://doi.org/10.1016/j.pacfin.2019.101201

La Porta, R., Lopez-de-Silanes, F., Shleifer, A., & Vishny, R. (2000). Agency problems and dividend policies around the world. The Journal of Finance, 55(1), 1-33. https://doi.org/10.1111/0022-1082.00199

Laeven, L., & Levine, R. (2008). Complex ownership structures and corporate valuations. Review of Financial Studies, 21(2), 579-604. https://doi.org/10.1093/rfs/hhm068

Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. (1976, 15 de dezembro). Dispõe sobre as Sociedades por Ações. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm

Lintner, J. (1956). Distribution of incomes of corporations among dividends, retained earnings, and taxes. American Economic Review, 46(2), 97-113.

López-Iturriaga, F. J., & Santana-Martín, D. (2015). Do shareholder coalitions modify de dominant owner’s control? The impact on dividend policy. Corporate Governance: An International Review, 23(6), 519-533. https://doi.org/10.1111/corg.12126

Martins, T. C., & Novaes, W. (2012). Mandatory dividend rules: Do they make it harder for firms to invest? Journal of Corporate Finance, 18(4), 953-967. https://doi.org/10.1016/j.jcorpfin.2012.05.002

Maury, B., & Pajuste, A. (2005). Multiple large shareholders and firm value. Journal of Banking and Finance, 29(7), 1813-1834. https://doi.org/10.1016/j.jbankfin.2004.07.002

Pagano, M., & Röell, A. (1998). The choice of stock ownership structure: Agency costs, monitoring, and the decision togo public. Quarterly Journal of Economics, 113(1), 187-225. https://doi.org/10.1162/003355398555568

Pindado, J., Requejo, I., & La Torre, C. de. (2012). Do family firms use dividend policy as governance mechanism? Evidence from Euro zone. Corporate Governance, 20(5), 413-431. https://doi.org/10.1111/j.1467-8683.2012.00921.x

Renneboog, L., & Trojanowski, G. (2007). Control structures and payout policy. Managerial Finance, 33(1), 43-64. http://doi.org/10.1108/03074350710715809

Roodman, D. (2009a). How to do xtabond2: An introduction to difference and system GMM in Stata. The Stata Journal, 9(1), 86-136. https://doi.org/10.1177/1536867X0900900106

Roodman, D. (2009b). A note on the theme of too many instruments. Oxford Bulletin of Economics and Statistics, 71(1), 135-158. https://doi.org/10.1111/j.1468-0084.2008.00542.x

Rozeff, M. S. (1982). Growth, beta and agency costs as determinants of dividend payout ratios. Journal of Financial Research, 5 (3), 249-259. https://doi.org/10.1111/j.1475-6803.1982.tb00299.x

Russino, A., Picone, P. M., & Dagnino, G. B. (2019). Unveiling the role of multiple blockholders: Evidence from closely held firms. Corporate Governance: An International Review, 27(6), 477-502. https://doi.org/10.1111/corg.12299

Sauerwald, S., & Peng, M. W. (2013). Informal institutions, shareholder coalitions, and principal-principal conflicts. Asia Pacific Journal Management, 30, 853-870. https://doi.org/10.1007/s10490-012-9312-x

Silva, A. L. P. D., Lana, J., & Marcon, R. (2018). Agreeing and impacting: The effect of the shareholders’ agreement on firms’ market value. Brazilian Business Review, 15(1), 88-104. https://doi.org/10.15728/bbr.2018.15.1.6

Silva, A. L. P., Bueno, G., Lana, J., Koetz, C. M., & Marco, R. (2015). Uns mais iguais que os outros: a relação entre concentração de propriedade e os acordos de acionistas. Contabilidade, Gestão e Governança, 18(3), 85-104.

Truong T., & Heaney, R. (2007). Largest shareholder and dividend policy around the world. The Quarterly Review of Economics and Finance, 47(5), 667-687. https://doi.org/10.1016/j.qref.2007.09.002

Vancin, D. F, & Kirch, G. (2020). Profit distribution and regulation: The impact of mandatory dividend in corporate internal funding. Revista Contabilidade e Finanças, 31(84), 524-541. ttps://doi.org/10.1590/1808-057x201910000

Villalonga, B., & Amit, R. (2009). How are U.S. family firms controlled? The Review of Financial Studies, 22(8), 3047-3091. https://doi.org/10.1093/rfs/hhn080

Wang, Z. H. (2017). Turf war or collusion: An empirical investigation of conflict of interest between large shareholders. Corporate Governance: An International Review, 25(5), 358-380. https://doi.org/10.1111/corg.12207

Windmeijer, F. (2005). A finite sample correction for the variance of linear efficient two-step GMM estimators. Journal of Econometrics, 126(1), 25-51. https://doi.org/10.1016/j.jeconom.2004.02.005

Zagonel, T., Terra, P. R. S., & Pasuch, D. F. (2018). Taxation, corporate governance and dividend policy in Brazil. RAUSP Management Journal, 53(3), 304-323. https://doi.org/10.1108/RAUSP-04-2018-006

Zwiebel, J. (1995). Block investment and partial benefits of corporate control. The Review of Economic Studies, 62(2), 161-185. https://doi.org/10.2307/2297801

Publicado

2023-06-02

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Consoni, S., & Colauto, R. D. (2023). Coalizão de acionistas e dividendos: evidências do mercado de capitais brasileiro. Revista Contabilidade & Finanças, 34(92), e1769. https://doi.org/10.1590/1808-057x20221769.en