O risco de carbono é relevante no mercado brasileiro?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1982-6486.rco.2024.224756

Palavras-chave:

Divulgação de carbono, Retorno acionário, Finanças sustentáveis

Resumo

O objetivo deste estudo é analisar a relação entre retorno acionário e a divulgação de emissões de carbono no mercado brasileiro. A literatura internacional vem documentando forte correlação entre o retorno acionário e emissões de carbono em escala global. No mercado brasileiro, há poucas evidências do impacto da divulgação de emissões de carbono para o mercado de capitais. Estudos anteriores, em geral, analisaram as empresas do Índice Carbono Eficiente da B3 – ICO2, não identificando retornos acionários superiores. Este estudo amplia a amostra, considerando as empresas que divulgaram emissões de carbono, e analisa a relação entre emissões de carbono e o retorno acionário. Apesar do alto nível de divulgação das emissões de carbono das empresas brasileiras, os resultados deste estudo não identificaram que os investidores exigem compensação pelo risco de carbono na transição energética. Esse resultado contraria as evidências apresentadas por estudos internacionais. Este estudo contribui para a literatura de finanças sustentáveis ao analisar a relevância da divulgação de emissões de carbono no mercado de capitais de uma economia emergente.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

Aswani, J., Raghunandan, A., & Rajgopal, S. (2024). Are carbon emissions associated with stock returns? Review of Finance, 28(1), 75-106. https://doi.org/10.1093/rof/rfad013

Atilgan, Y., Demirtas, O. K., Edmans, A., & Gunaydin, A. D. (2023). Does the carbon premium reflect risk or mispricing? European Corporate Governance Institute – Finance Working Paper n. 940/2023. https://ssrn.com/abstract=4573622

B3. (2024). Índice Carbono Eficiente – ICO2. https://www.b3.com.br/pt_br/market-data-e-indices/indices/indices-de-sustentabilidade/indice-carbono-eficiente-ico2-b3.htm

Barbosa, J. S., Altoé, S. M. L., da Silva, W. V., & Almeida, L. B. (2013). Índice carbono eficiente (ICO2) e retorno das ações: Um estudo de eventos em empresas não financeiras de capital aberto. Revista de Contabilidade e Organizações, 19, 56-69. https://doi.org/10.11606/rco.v7i19.55448

Bolton, P., & Kacperczyk, M. (2021). Do investors care about carbon risk? Journal of Financial Economics, 142, 517-549. https://doi.org/10.1016/j.jfineco.2021.05.008

Bolton, P., & Kacperczyk, M. (2023). Global pricing of carbon-transition risk. Journal of Finance, 78(6), 3677-3754. https://doi.org/10.1111/jofi.13272

Borges, C. (2022). STF reconhece Acordo de Paris como tratado de direitos humanos (e por que isso importa). Capital Reset. https://www.capitalreset.com/stf-reconhece-acordo-de-paris-como-tratado-de-direitos-humanos-e-por-que-isso-importa/

Borghei, Z. (2021). Carbon disclosure: a systematic literature review. Accounting & Finance, 61(1), 5255-5280. https://doi.org/10.1111/acfi.12757

Buosi, M. E. S. (2014). Estudo da correlação e causalidade entre o desempenho financeiro e de eficiência no combate às emissões de gases de efeito estufa das empresas do mercado de capitais brasileiro. (Dissertação de Mestrado). Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, SP. https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12139/tde-22012015-155305/publico/MariaEugeniadosSantosBuosiVC.pdf

Busch, T., Johnson, M., & Pioch, T. (2022). Corporate carbon performance data: Quo vadis? Journal of Industrial Ecology, 26, 350-363. https://doi.org/10.1111/jiec.13008

Chung, J., & Cho, C. H. (2018). Current trends within social and environmental accounting research: A literature review. Accounting Perspectives, 17(2), 207-239. https://doi.org/10.1111/1911-3838.12171

Cohen, S., Kadach, I., & Ormazabal, G. (2023). Institutional investors, climate disclosure, and carbon emissions. Journal of Accounting and Economics, 76(2-3), 101640. https://doi.org/10.1016/j.jacceco.2023.101640

de Lima, C. R. M., Barbosa, S. B., de Castro Sobrosa Neto, R., Bazil, D. G., & de Andrade Guerra, J. B. S. O. (2022). Corporate financial performance: a study based on the Carbon Efficient Index (ICO2) of Brazil stock exchange. Environment, Development and Sustainability, 24(3), 4323-4354. https://doi.org/10.1007/s10668-021-01617-4

Dhaliwal, D. S., Radhakrishnan, S., Tsang, A., & Yang, Y. G. (2012). Nonfinancial disclosure and analyst forecast accuracy: International evidence on corporate social responsibility disclosure. The Accounting Review, 87(3), 723–759. https://doi.org/10.2308/accr-10218

Ernst & Young (EY). (2022). When will climate disclosure start to impact decarbonization? https://assets.ey.com/content/dam/ey-sites/ey-com/en_gl/topics/climate-change/ey-global-climate-risk-barometer-report-v2.pdf?download

Ferraro, F. (2022). Carbon risk: Do financial markets really care? Santander Asset Management. https://www.santanderassetmanagement.com/content/view/8251/file/Art_ESG%20Academy_20220217_Articulo1-Carbon%20Risk.pdf

G1. (2022). Níveis de emissões de gases de efeito estufa no Brasil em 2021 tem a maior alta desde 2003, aponta relatório. https://g1.globo.com/meio-ambiente/noticia/2022/11/01/nivel-de-emissoes-de-gases-de-efeito-estufa-no-brasil-em-2021-tem-a-maior-alta-desde-2003-aponta-relatorio.ghtml

Garvey, G. T., Iyer, M., & Nash, J. (2018). Carbon footprint and productivity: Does the “E” in ESG capture efficiency as well as environment? Journal of Investment Management, 16(1), 59-69.

Guenther, E., Guenther, T., Schiemann, F., & Weber, G. (2016). Stakeholder relevance for reporting: Explanatory factor of carbon disclosure. Business & Society, 55(3), 361-397. https://doi.org/10.1177/0007650315575119

Hrazdil, K., & Scott, T. (2013). The role of industry classification in estimating discretionary accruals. Review of Quantitative Finance and Accounting, 40, 15-39. https://doi.org/10.1007/s11156-011-0268-6

Hrazdil, K., Trottier, K., & Zhang, R. (2014). An intra- and inter-industry evaluation of three classification schemes common in capital markets research. Applied Economics, 46(17), 2021-2033. https://doi.org/10.1080/00036846.2014.892200

He, Y., Tang, Q., & Wang, K. (2013). Carbon disclosure, carbon performance and cost of capital. China Journal of Accounting Studies, 1(3), 190-220. https://doi.org/10.1080/21697221.2014.855976

Husted, B. W., & Sousa-Filho, J. M. (2019). Board structure and environmental, social, and governance disclosure in Latin America. Journal of Business Research, 102, 220-227. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2018.01.017

Jiang, Y., Luo, L., Xu, J., & Shao, X. (2021). The value relevance of corporate voluntary carbon disclosure: Evidence from the United States and BRIC countries. Journal of Contemporary Accounting & Economics, 17(1), 100279-100300. https://doi.org/10.1016/j.jcae.2021.100279

Luo, L., & Tang, Q. (2014). Does voluntary carbon disclosure reflect underlying carbon performance? Journal of Contemporary Accounting & Economics, 10(1), 191-205. https://doi.org/10.1016/j.jcae.2014.08.003

KPMG. (2022). Net-zero commitments: Where’s the plan? https://assets.kpmg/content/dam/kpmg/xx/pdf/2021/10/net-zero-commitments-where-is-the-plan.pdf

Machado, B. A. A., Dias, L. C. P., & Fonseca, A. (2021). Transparency of materiality analysis in GRI-based sustainability reports. Corporate Social Responsibility and Environmental Management, 28(2), 570-580. https://doi.org/10.1002/csr.2066

Machado, M. A. V., & Faff, R. W. (2018). Crescimento de ativos e retorno de ações: Evidências no mercado brasileiro. Revista Contabilidade & Finanças, 29(78), 418-434. https://doi.org/10.1590/1808-057x201805080

Mackey, A., Mackey, T. B., & Barney, J. B. (2007). Corporate social responsibility and firm performance: Investors preferences and corporate strategies. Academy of Management Review, 32(3), 817-835.

Malta, T. L., & Camargos, M. A. (2016). Variáveis da análise fundamentalista e dinâmica e o retorno acionário das empresas brasileiras entre 2007 e 2014. REGE – Revista de Gestão, 23, 52-62. https://doi.org/10.1016/j.rege.2015.09.001

Matsumura, E. M., Prakash, R., & Vera-Muñoz, S. C. (2014). Firm-value effects of carbon emissions and carbon disclosures. The Accounting Review, 89(2), 695-724. https://doi.org/10.238/accr-50629

Matsumura, E. M., Prakash, R., & Vera-Muñoz, S. C. (2024). Climate-risk materiality and firm risk. Review of Accounting Studies, 29, 33-74. https://doi.org/10.1007/s11142-022-09718-9

McKinsey (2022). The green hidden gem – Brazil’s opportunity to become a sustainability powerhouse. https://www.mckinsey.com/br/en/our-insights/all-insights/the-green-hidden-gem-brazils-opportunity-to-become-a-sustainability-powerhouse

Minardi, A. M. A. F. (2023). The role of sustainable finance in the green transition. Revista Contabilidade & Finanças, 34(93), e9044. https://doi.org/10.1590/1808-057x20239044.en

Neu, D., Warsame, H., & Pedwell, K. (1998). Managing public impressions: Environmental disclosures in annual reports. Accounting, Organizations & Society, 23(3), 265-282. https://doi.org/10.1016/S0361-3682(97)00008-1

Observatório do Clima (2021). Análise das emissões brasileiras de gases de efeito estufa e suas implicações para as metas climáticas brasileiras (1970-2020) (SEEG). https://oc.eco.br/wp-content/uploads/2021/10/OC_03_relatorio_2021_FINAL.pdf

Pástor, L., Staumbagh, R. F., & Taylor, L. A. (2021). Sustainable investing in equilibrium. Journal of Financial Economics, 142(2), 550-571. https://doi.org/10.1016/j.jfineco.2020.12.011

Pástor, L., Staumbagh, R. F., & Taylor, L. A. (2022). Dissecting green returns. Journal of Financial Economics, 146(2), 403-424. https://doi.org/10.1016/j.jfineco.2022.07.007

Pedersen, L. H., Fitzgibbons, S., & Pomorski, L. (2021). Responsible investing: The ESG-efficient frontier. Journal of Financial Economics, 142, 572-597. https://doi.org/10.1016/j.jfineco.2020.11.001

Prates, J. C. R., Cabral, A. M. R., Avelino, B. C., & Lamounier, W. M. (2023). Afinal, vale a pena divulgar emissões de carbono no Brasil? Enfoque: Reflexão Contábil, 42(1), 17-32. https://doi.org/10.4025/enfoque.v42i1.58220

Prates, J. C. R., & Avelino, B. C. (2024). Análise alternativa da transparência nos relatórios de sustentabilidade: Uma revisão crítica da literatura. Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade (REPeC), 18(1), 139-158. https://doi.org/10.17524/repec.v18i1.3500

Programa Brasileiro GHG Protocol. (2024). Emissões históricas do Programa Brasileiro GHG Protocol. https://registropublicodeemissoes.fgv.br/estatisticas/emissoes-historicas

Reboredo, J. C., & Ugolini, A. (2022). Climate transition risk, profitability and stock prices. International Review of Financial Analysis, 83, 102271. https://doi.org/10.1016/j.irfa.2022.102271

Santos, R. O., Silva Gomes, S. M., & Oliveira, N. C. (2018). O impacto do inventário de emissões (GEE) nos desempenhos operacional e financeiro das empresas participantes do GHG. Revista Ambiente Contábil, 10(2), 266-284. https://doi.org/10.21680/2176-9036.2018v10n2ID13605

Sherwood, M. W., & Pollard, J. L. (2018). The risk-adjusted return potential of integrating ESG strategies into emerging market equities. Journal of Sustainable Finance & Investment, 8(1), 26-44. https://doi.org/10.1080/20430795.2017.1331118

Souza, A. L. R., Silva Júnior, A. F. A., Andrade, J. C. S., & Fernandes, M. E. S. T. (2018). Retorno das ações e sensibilidade ao risco de mercado das empresas participantes do Índice Carbono Eficiente (ICO2) da B3 S.A.: Um estudo comparativo. Revista Universo Contábil, 14(2), 30-60. http://dx.doi.org/10.4270/ruc.2018210

Verrecchia, R. E. (2001). Essays on disclosure. Journal of Accounting and Economics, 32(1-3), 97-180. https://doi.org/10.1016/S0165-4101(01)00025-8

Vives, A., & Wadhwa, B. (2012). Sustainability indices in emerging markets: Impact on responsible practices and financial market development. Journal of Sustainable Finance & Investment, 2(3-4), 318-337.

Zhang, S. (2024). Carbon returns across the globe. The Journal of Finance, forthcoming. https://doi.org/10.1111/jofi.13402

Downloads

Publicado

2024-12-31

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Moutinho, R. A., & Silva, R. L. M. da. (2024). O risco de carbono é relevante no mercado brasileiro?. Revista De Contabilidade E Organizações, 18, e224756. https://doi.org/10.11606/issn.1982-6486.rco.2024.224756