Apropriação do cerrado e pressão nos recursos naturais da terra indígena Avá-Canoeiro e entorno (Goiás)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/eISSN.2236-2878.rdg.2022.187128

Palavras-chave:

Território, Paisagem, Ambiente, Sociobiodiversidade

Resumo

O povo Avá-Canoeiro pode ser encontrado em dois estados brasileiros, uma família em Goiás com 08 indígenas e outra em Tocantins com aproximadamente 32 indígenas. Esta pesquisa tem como foco de estudo o povo e a Terra Indígena (TI) Avá-Canoeiro de Goiás e que objetivou analisar os aspectos ambientais e pressões no território e recursos naturais da TI e seu entorno, na perspectiva das ameaças à sociobiodiverdade do Cerrado. Para isso foi realizada uma caracterização e avaliação das condições geoambientais da TI, na perspectiva da análise integrada da paisagem, considerando aspectos do meio físico e dinâmica espaço-temporal do uso e cobertura do solo, com aplicações de técnicas de geoprocessamento para geração de matriz de transição e modelagem de previsão. Realizou-se também uma fundamentação teórica acerca da constituição do território e da dinâmica do povo Avá-Canoeiro, no norte do estado. Os resultados das análises evidenciaram que os Avá-Canoeiro vivem em um território permeado por interesses de empreendimentos econômicos de várias ordens. O hidronegócio e a pecuária extensiva que estão promovendo a redução do território, mudanças na paisagem e perda de vegetação de Cerrado e o potencial mineral da região, que tem promovido o desenvolvimento de pesquisas com projeções para futuras explorações. Os dados de uso e cobertura do solo indicam expansão das pastagens plantadas na TI e entorno e projeção para o avanço da agricultura e silvicultura.

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Biografia do Autor

  • Lorranne Gomes da Silva, Universidade Estadual de Goiás

    É professora titular da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Câmpus Cora Coralina, Cidade de Goiás (GO), no curso de Licenciatura e Mestrado em Geografia. Possui Graduação em Geografia pela UEG, câmpus Cora Coralina (2008). Mestrado em Geografia pela Universidade Federal de Goiás (UFG), Instituto de Estudos e Pesquisas Socioambientais (IESA), câmpus Goiânia (2010). Doutorado em Geografia pela UFG/IESA (2016). Pós-doutorado em História pela UFG (2019) e pós-doutorado em Geografia pela UFG/Regional Catalão (2020). Foi professora do curso Superior de Licenciatura Intercultural Indígena da UFG/Goiânia de 2011 a 2013 e do curso de Licenciatura em Geografia da UEG, câmpus de Quirinópolis, de 2010 a 2016. Trabalhou em pesquisas realizadas pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Realizou avaliações de livros didáticos pelo Ministério da Educação (MEC). É editora da Revista Territorial (Geografia) da UEG. É parecerista de diferentes periódicos ranqueados pela Capes. É Membro da Rede Internacional Territórios Possíveis, da Universidade de La Plata da Colômbia, coordenado pelo professor Dr. Horácio Bozzano, com projeto no Brasil coordenado pelo professor Dr. Marcos Aurélio Saquet da UNIOESTE. E da RedeCT (Rede Internacional de Pesquisadores sobre Povos Originários e Comunidades Tradicionais). Participa do Grupo de pesquisa do CNPQ: História indígena e História ambiental: interculturalidade crítica e decolonialidade e do Grupo de Estudos: tempo, espaço e interculturalidades, da UFG, Faculdade de História, coordenado pelo professor Dr. Elias Nazareno. Participa do Núcleo de Estudos e pesquisas agrárias e territoriais (NEPAT) da UFG/IESA, coordenado pelo professor Manoel Calaça. Participa do Grupo de pesquisa: Educação, questões de aprendizagens e sistemas de crença, coordenado pelo professor Dr. Gilson Xavier na UEG, câmpus Quirinópolis. É membro do Fórum de entidades em defesa do patrimônio Cultural Brasileiro (Regional Goiás). Tem experiência na área de Geografia, com ênfase em Geografia Cultural e Povos Indígenas atuando, principalmente, com os seguintes conceitos e/ou temas: História do Pensamento Geográfico; Teoria e Método em Geografia; Comunidades Tradicionais; Povos Indígenas; Geografia Cultural; Diversidade, cultura, cidadania e meio ambiente; Literatura Indígena; Geografia e Literatura; Turismo em Terras Indígenas; Educação Escolar Indígena; Metodologia Científica; Antropologia; Ciências Sociais e humanidades; Educação; Natureza, meio ambiente e cultura; Diversidade e direitos humanos, entre outros.

  • Izaias de Souza Silva, Universidade Estadual de Goiás

    Mestrando na Universidade Estadual de Goiás - UEG, no Programa de Pós-graduação em Geografia - PPGEO (2020-2022). Bolsista vinculado ao Centro Integrado de Pesquisa em Gestão e Ordenamento Territorial - CIPGEO - (IESA/UFG). Membro do Grupo de Pesquisa (GP) - Geotecnologias e Análise Ambiental (UFMT-CUA).

  • José Carlos de Souza, Universidade Estadual de Goiás

    Possui graduação em Geografia pela Universidade Estadual de Goiás (2001) Especialização em Geografia, Meio Ambiente e Turismo pela Universidade Estadual de Goiás (2003), mestrado em Geografia, com ênfase em Geografia Física pela Universidade Federal de Goiás (2010) Doutor em Ciências Ambientais pelo ICT/Unesp - Sorocaba. Atualmente é professor DE da Universidade Estadual de Goiás, Campus Minaçu, atuando no ensino Pedologia e Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto. 

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Publicado

2022-01-31

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Silva, L. G. da ., Silva, I. de S., & Souza, J. C. de. (2022). Apropriação do cerrado e pressão nos recursos naturais da terra indígena Avá-Canoeiro e entorno (Goiás). Revista Do Departamento De Geografia, 42, e187128 . https://doi.org/10.11606/eISSN.2236-2878.rdg.2022.187128