A interface florestal-urbana e os desastres naturais relacionados à água no maciço da tijuca: desafios ao planejamento urbano numa perspectiva sócio-ambiental
DOI:
https://doi.org/10.7154/RDG.2005.0016.0005Palavras-chave:
Floresta Atlântica, Ocupação de encostas, Problemas sócio-ambientais, Planejamento urbano.Resumo
Este trabalho focaliza as mudanças ambientais induzidas pela expansão de cidades em geoecossistemas montanhosos costeiros, inseridos no domínio natural da Floresta Atlântica. A atenção volta-se aos problemas sócio-ambientais relacionados aos desastres naturais impulsionados por eventos extremos de chuvas, como subsídio à revisão de políticas públicas correntes, particularmente no que diz respeito à ocupação de encostas. O problema em foco ressalta duas questões: 1- Como reverter as atuais taxas de devastação da Floresta Atlântica no Maciço da Tijuca, especialmente em locais sob estado crítico de vulnerabilidade na interface florestal-urbana? 2- Onde e como aplicar projetos prioritários e integrados de urbanismo e reflorestamento/conservação florestal que permitam resgatar as funções geo-hidroecológicas, a estabilidade das encostas e a reabilitação da paisagem florestal-urbana? Propõe-se, por ora, que um novo modelo urbanístico deva focar uma atenção especial sobre a zona de vizinhança imediata à floresta, estabelecendo-se zonas verdes ou faixas de amortecimento dos impactos diretos sobre o ecossistema florestal. A largura destas zonas pode ser variável em função de barreiras naturais ou da tipologia de vizinhança segundo o potencial de efeitos de borda sobre o ecossistema florestal. A revisão desta arquitetura da paisagem deve favorecer o desenvolvimento de “corredores verdes” entre os aglomerados, lotes ou propriedades, de modo a resgatar fluxos biogênicos relevantes e conectividade entre os fragmentos florestais remanescentes. Envolveria, portanto, o resgate de funções ecológicas, hidrológicas e mecânicas que regulam a estabilidade das encostas. Isto requer o (re)ordenamento e a (re)funcionalização da zona fronteiriça urbano-florestal, sem negligenciar o controle das causas principais da retração florestal e a necessidade urgente de ampliar a oferta de habitações populares.
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