Equidade e judicialização de medicamentos: perfil das demandas à Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul pelos usuários de Porto Alegre

Autores

  • Raquel Borelli Finatto Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul. Porto Alegre/RS, Brasil
  • Luciane Kopittke Grupo Hospitalar Conceição. Porto Alegre/RS, Brasil
  • André Klafke de Lima Grupo Hospitalar Conceição. Porto Alegre/RS, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2316-9044.rdisan.2021.158635

Palavras-chave:

Assistência Farmacêutica, Equidade em Saúde, Judicialização da Saúde, Políticas Públicas de Saúde

Resumo

O provimento de medicamentos por meio de ordens judiciais tem levado a amplas discussões em virtude de sua magnitude e de seu grande impacto na gestão dos recursos públicos. Este trabalho teve como objetivo caracterizar as demandas judiciais para a obtenção de medicamentos e comparar os quartis socioeconômicos na judicialização de medicamentos. Foi realizado um estudo observacional transversal retrospectivo das demandas judiciais por medicamentos ajuizadas por usuários de Porto Alegre contra a Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul no período de março de 2017 a fevereiro de 2018 e deferidas a favor dos requerentes. Dos processos analisados, 77,5% foram ajuizados pela Defensoria Pública Estadual, porém cerca de 60% foram provenientes de usuários com melhores condições socioeconômicas e mais acesso a informações sobre seus direitos, residindo em áreas com melhores Índices de Desenvolvimento Humano Municipal. Além disso, 72,1% dos usuários possuíam prescrições médicas originadas em serviço privado e misto; e 72,3% dos medicamentos solicitados foram considerados como “fora de lista”. Os dados revelaram que a judicialização pode contrariar o princípio da equidade previsto nas políticas públicas de saúde relacionadas à assistência farmacêutica. A criação de uma Comissão de Farmácia e Terapêutica Estadual e o emprego da avaliação de tecnologias em saúde podem subsidiar as decisões judiciais e auxiliar na elaboração de pareceres técnicos e protocolos clínicos.

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Biografia do Autor

  • Raquel Borelli Finatto, Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul. Porto Alegre/RS, Brasil

    Mestrado em Avaliação e Produção de Tecnologias para o SUS pelo Grupo Hospitalar Conceição (GHC). Farmacêutica na Secretaria Estadual da Saúde do RS.

  • Luciane Kopittke, Grupo Hospitalar Conceição. Porto Alegre/RS, Brasil

    Doutorado em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA). Professora no Programa de Pós-Graduação em Avaliação e Produção de Tecnologias do Grupo Hospitalar Conceição (GHC). Farmacêutica no Hospital Nossa Senhora da Conceição.

  • André Klafke de Lima, Grupo Hospitalar Conceição. Porto Alegre/RS, Brasil

    Doutorado em Epidemiologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Professor no Programa de Pós-Graduação em Avaliação e Produção de Tecnologias para o SUS do Grupo Hospitalar Conceição (GHC). Médico no Hospital Nossa Senhora da Conceição.

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Publicado

2021-10-13

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Finatto, R. B., Kopittke, L., & Lima, A. K. de. (2021). Equidade e judicialização de medicamentos: perfil das demandas à Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul pelos usuários de Porto Alegre. Revista De Direito Sanitário, 21, e0018. https://doi.org/10.11606/issn.2316-9044.rdisan.2021.158635