Efetivação das políticas públicas em saúde protetivas às crianças com síndrome congênita do zika e o impacto na judicialização da saúde

Autores

  • Alessandra Alves de Vasconcelos Centro Universitário Newton Paiva. Belo Horizonte/MG, Brasil.
  • Luciana Dadalto Centro Universitário Newton Paiva. Belo Horizonte/MG, Brasil
  • Marcelo Sarsur Centro Universitário Newton Paiva. Belo Horizonte/MG, Brasil.

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2316-9044.v20i3p74-91

Palavras-chave:

Direito à Saúde, Equidade, Políticas Públicas, Síndrome Congênita do Vírus Zika

Resumo

A síndrome congênita do zika fez surgir no Brasil um universo de crianças que necessitam de medicamentos, exames médicos e consultas especializadas, além de uma vigilância rigorosa de seu crescimento e desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM). No entanto, nem todas conseguem receber o tratamento adequado e acabam buscando o Poder Judiciário para ter seus direitos efetivados. Nesse contexto, o presente artigo objetivou apresentar as principais demandas que chegam ao Poder Judiciário por parte das famílias que têm filhos com essa síndrome, bem como avaliar o alcance das políticas de saúde instituídas para garantir a integralidade da atenção e a proteção social dessas crianças e suas famílias. Verificou-se que, apesar de o direito à saúde ser assegurado constitucionalmente e imputar ao poder público, em todas as suas esferas, o dever de fornecer assistência médica e farmacêutica com equidade e universalidade, a alocação de recursos e a atenção à saúde dispensadas a essas crianças demonstraram-se insuficientes e precárias, gerando assim, uma transferência de atribuições do Poder Executivo para o Poder Judiciário, que se torna a última esperança das famílias.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Alessandra Alves de Vasconcelos, Centro Universitário Newton Paiva. Belo Horizonte/MG, Brasil.

    Mestrado em Ciências da Saúde pela Universidade de Brasília (UnB); especialização em Saúde Coletiva com ênfase em Educação em Saúde pela UnB; especialização em Bioética pela UNB; graduação em Enfermagem e Obstetrícia pela UnB; graduanda em Direito no Centro Universitário Newton Paiva. 

  • Luciana Dadalto, Centro Universitário Newton Paiva. Belo Horizonte/MG, Brasil

    Doutorado em Ciências da Saúde pela Faculdade de Medicina de Minas Gerais; mestrado em Direito Privado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas); graduação em Direito pela PUC Minas. Coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisas em Bioética (GEPBio) da Escola de Direito do Centro Universitário Newton Paiva. 

  • Marcelo Sarsur, Centro Universitário Newton Paiva. Belo Horizonte/MG, Brasil.

    PhD in Law by Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); Master in Law by UFMG; Undergraduate in Law by UFMG. Associate Professor at the Centro Universitário Newton Paivaiva. 

Referências

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2010.

CAMPOS, Gastão Wagner de Sousa. Reflexões temáticas sobre eqüidade e saúde: o caso do SUS. Saúde Soc., São Paulo, v. 15, n. 2, p. 23-33, ago. 2006. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-12902006000200004&lng=en&nrm=iso. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-12902006000200004.

CENTER FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION – CDC. Congenital Zika Syndrome & Other Birth Defects. Disponível em: https://portugues.cdc.gov/zika/hc-providers/infants-children/zika-syndrome-birth defects.html. Acesso em: 10 dez. 2017.

CONSELHO NACIONAL DE JUSTICA – CNJ. Relatório Analítico Propositivo. Justiça Pesquisa. Judicialização da Saúde no Brasil: perfil das demandas, causas e propostas de solução. INSPER.2019. Disponível em: http://cnsaude.org.br/wpcontent/uploads/2019/07/JUDICIALIZAC%CC%A7A%CC%83O-DA-SAU%CC%81DE-NO-BRASIL.pdf. Acesso em: 10 jul. 2019.

D’AMARAL, Teresa Costa. Vítimas da microcefalia e do abandono. O Globo, Rio de Janeiro, 31 jan. 2016. Disponível em: http://noblat.oglobo.globo.com/geral/noticia/2016/01/vitimas-da-microcefalia-e-do-abandono.html. Acesso em: 08 jul. 2017.

DINIZ, Debora. Zika: do Sertão nordestino à ameaça global. Rio de Janeiro. Civilização Brasileira, 2016.

FALTAM remédios para tratar crianças com microcefalia em Alagoas. Tribuna Hoje, 07 abr. 2017. Disponível em: http://www.tribunahoje.com/noticia/207474/cidades/2017/04/07/faltam-remedios-para-tratar-criancas-com-microcefalia-em-alagoas.html. Acesso em 08-07-2017.

FEITOSA Ian Mikardo Lima; SCHULER-FACCINI, Lavinia; SANSEVERINO, Maria Teresa Vieira. Aspectos importantes da Síndrome da Zika Congênita para o pediatra e o neonatologista. Bol Cient Pediatr., v. 5, n. 3, p. 75-80, 2016. Disponível em: https://www.sprs.com.br/sprs2013/bancoimg/170118173954bcped_05_03_a02.pdf.

GARRAFA, Volnei; OSELKA, Gabriel; DINIZ, Debora. Saúde pública, bioética e equidade. Rev. bioética, v. 5, n. 1, p. 27-33, 1997. Disponível em: https://revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista_bioetica/article/download/361/462.

HENRIQUES, Cláudio Maierovitch Pessanha; DUARTE, Elisete; GARCIA, Leila Posenato. Desafios para o enfrentamento da epidemia de microcefalia. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, v. 25, n. 1, p. 7-10, mar. 2016. Disponível em: http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2237-96222016000100007&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 18 ago. 2017. https://doi.org/10.5123/S1679-49742016000100001.

MINISTÉRIO DA SAÚDE – MS. Monitoramento integrado de alterações no crescimento e desenvolvimento relacionadas à infecção pelo vírus Zika e outras etiologias infecciosas, até a Semana Epidemiológica 09/2019. Boletim Epidemiológico, Brasília-DF, v. 50, n. 8, mar. 2016. Disponível em: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2019/marco/22/2019-001.pdf. Acesso em: 07 jul. 2019.

MINISTÉRIO DA SAÚDE – MS. Secretaria de Atenção à Saúde. Diretrizes de estimulação precoce: crianças de zero a 3 anos com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor. Brasília-DF: Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, 2016. 184p. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes_estimulacao_criancas_0a3anos_neuropsicomotor.pdf.

MINISTÉRIO DA SAÚDE – MS. Secretaria de Atenção à Saúde. Protocolo de atenção à saúde e resposta à ocorrência de microcefalia relacionada à infecção pelo vírus Zika [recurso eletrônico]. Brasília-DF: Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, 2016. Disponível em: https://www20.anvisa.gov.br/segurancadopaciente/index.php/publicacoes/item/protocolo-de-atencao-a-saude-e-resposta-a-ocorrencia-de-microcefalia-relacionada-a-infeccao-pelo-virus-zika.

NEVES, Maria do Céu Patrão. Alocação de recursos em saúde: considerações éticas. Bioética, v.7, n. 2, p. 155-163, 1999. Disponível em: https://revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista_bioetica/article/download/307/446.

NUNES, Kleber. Pais de bebês com microcefalia vivem abandono e recorrem à Justiça em PE. Folha de S. Paulo, 29 jul. 2016. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2016/07/1796583-pais-de-bebes-com-microcefalia-vivem-abandono-e-recorrem-a-justica-em-pe.shtml. Acesso em: 08 jul. 2017.

PEREIRA, Éverton Luís et al. Perfil da demanda e dos Benefícios de Prestação Continuada (BPC) concedidos a crianças com diagnóstico de microcefalia no Brasil. Ciênc. Saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 22, n. 11, p. 3557-3566, nov. 2017. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232017021103557&lng=en&nrm=iso. https://doi.org/10.1590/1413-812320172211.22182017.

RAWS, J. Uma teoria da justiça. Tradução de Almiro Pisetta e Lenita M. R. Esteves. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

SEN, A. Desigualdade reexaminada. Tradução de Ricardo Doninelli Mendes. São Paulo: Record, 2001.

VENTURA. M. Direitos reprodutivos no Brasil. 3. ed. São Paulo: Câmara Brasileira do Livro, 2009.

VIANA, Ana Luiza d'Ávila; FAUSTO, Márcia Cristina Rodrigues; LIMA, Luciana Dias de. Política de saúde e eqüidade. São Paulo Perspec., São Paulo, v. 17, n. 1, p. 58-68, mar. 2003. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010288392003000100007&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 09 set. 2017. https://doi.org/10.1590/S0102-88392003000100007.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Zika: the origin and spread of a mosquito-borne virus. Bulletin of the World Health Organization, n. 94, p. 675-686, 2016. Disponível em: http://www.who.int/bulletin/volumes/94/9/16-171082.pdf. Acesso em: 12 ago. 2017.

ZIKA: as famílias esquecidas pelo Brasil. 2019. Human Rigths Watch (HRW). Disponível em: https://www.hrw.org/pt/blog-feed/zika-familias-esquecidas-pelo-brasil#blog-330365. Acesso em: 08 jul. 2019.

Publicado

2020-12-21

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Efetivação das políticas públicas em saúde protetivas às crianças com síndrome congênita do zika e o impacto na judicialização da saúde. (2020). Revista De Direito Sanitário, 20(3), 74-91. https://doi.org/10.11606/issn.2316-9044.v20i3p74-91