Direitos das pessoas com transtornos mentais: a perspectiva de quem cuida

Autores

  • Carla Aparecida Arena Ventura Universidade de São Paulo. Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto
  • Anna Maria Meyer Maciel Rodríguez Universidade de São Paulo. Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto
  • Elidia Aparecida Costa Bittencourt Universidade de São Paulo. Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto
  • Emanuele Seicenti de Brito Universidade de São Paulo. Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2316-9044.v20i1p107-126

Palavras-chave:

Transtornos Mentais, Direitos Humanos, Profissionais de Saúde

Resumo

Este é um estudo empírico de abordagem qualitativa com o objetivo de identificar a compreensão de profissionais de saúde sobre os direitos humanos fundamentais das pessoas com transtornos mentais. Os dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas com 26 profissionais de diversas categorias que participam do processo de internação dos usuários em um hospital especializado do interior paulista. As entrevistas foram gravadas, transcritas e interpretadas por meio de análise de conteúdo temática. Três unidades temáticas foram obtidas: profissionais de saúde mental e os direitos humanos das pessoas com transtornos mentais; conhecimento sobre os direitos humanos e o exercício da cidadania pelas pessoas com transtornos mentais; e atitudes profissionais com relação aos direitos humanos das pessoas com transtornos mentais. Concluiu-se que os profissionais reconheceram os direitos civis, políticos e sociais dos usuários, em especial o direito ao atendimento em saúde adequado e humanizado, à informação, à igualdade e à dignidade. Os profissionais afirmaram que a consciência sobre os direitos humanos permite cobrar e exigir sua garantia e respeito. Alguns trabalhadores admitiram seu papel de educadores quanto a esses direitos. Houve conexão entre conhecimento, conscientização e respeito aos direitos. Por outro lado, a falta de conhecimento e de compressão sobre os direitos e a falta de preparo dos trabalhadores pode interferir nas relações interpessoais no serviço, e a maioria deles presenciou situações de violações aos direitos humanos fundamentais.

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Biografia do Autor

  • Carla Aparecida Arena Ventura, Universidade de São Paulo. Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto

    Livre-Docência pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (EERP-USP); doutorado em Administração pela Universidade de São Paulo (USP); mestrado em Direito pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp). Professora titular do Departamento de Enfermagem Psiquiátrica e Ciências Humanas da EERP-USP. Advogada. Ribeirão Preto/SP, Brasil.

  • Anna Maria Meyer Maciel Rodríguez, Universidade de São Paulo. Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto

    Doutorado e mestrado em Ciências pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (EERP-USP). Enfermeira. Ribeirão Preto/SP, Brasil.

  • Elidia Aparecida Costa Bittencourt, Universidade de São Paulo. Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto

    Enfermeira. Ribeirão Preto/SP, Brasil.

  • Emanuele Seicenti de Brito, Universidade de São Paulo. Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto

    Doutorado e mestrado em Ciências pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (EERP-USP). Advogada. Ribeirão Preto/SP, Brasil.

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Publicado

2019-11-18

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Direitos das pessoas com transtornos mentais: a perspectiva de quem cuida. (2019). Revista De Direito Sanitário, 20(1), 107-126. https://doi.org/10.11606/issn.2316-9044.v20i1p107-126