Cidade Sitiada: O cerco militar no século XVI como espaço de utopia e de contra-utopia – Os exemplos de Münster (1534-1535) e de Sancerre (1573)

Autores

  • Rui Luis Rodrigues Universidade Estadual de Campinas

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.rh.2017.116661

Palavras-chave:

Utopia e contra-utopia, Anabatistas em Münster, Huguenotes em Sancerre

Resumo

O objetivo deste trabalho é investigar as formas pelas quais o cerco militar foi representado no século XVI como espaço de utopia e de contra-utopia. O ponto comum entre os dois cercos analisados está no fato de que ambos foram movidos contra populações religiosamente minoritárias assinaladas por configurações de teor utópico-apocalíptico. Ambos os relatos nos permitem vislumbrar a cidade europeia do Quinhentos como espaço privilegiado para construções utópicas, ao mesmo tempo em que se destacam as mecânicas de rejeição da utopia e de criminalização das tentativas de transformação dos ordenamentos sociais. A investigação pressupõe uma preocupação com o tema da memória histórica e de como sua construção pode se converter em discursos ideologicamente condicionados.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Rui Luis Rodrigues, Universidade Estadual de Campinas

    Doutor em História Social pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo e Professor de História Moderna no Departamento de História do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

Referências

Referências bibliográficas

Fontes

Baylor, Michael G. The Radical Reformation. Cambridge: Cambridge University Press, 1991 (reimpressão, 1995).

Bougain, Michel. Le jardin spirituel de l’âme dévote. Paris: Alain Lotrian, 1528 (Paris, Bibliothèque nationale de France [BnF] Res. D-26902).

Bussierre, Marie-Théodore Renouard, Vicomte de. Les Anabaptistes: Histoire du Luteranisme, de l’Anabaptisme et du regne de Jean Bockelsohn a Munster. Plancy/Paris: Société de Saint-Victor pour la propagation des bons livres/Sagnier et Bray, Libraires, 1853.

Calvino, João. A Instituição da Religião Cristã. São Paulo: Editora Unesp, 2009. 2 v.

Detmer, Heinrich (ed.). Hermanni a Kerssenbroch, Anabaptistici Furoris Monasterium Inclitam Westphaliae Metropolim Evertentis Historica Narratio. Münster: Druck und Verlag der Theissing’schen Buchhandlung, 1899-1900. 2 v.

Gresbeck, H. Summarische Ertzelungk und Bericht der Wiederdope und wat sich binnen der Stat Monster in Westphalen zugetragen im Iair MDXXXV. In: Cornelius, C. A. (ed.). Berichte der Augenzeugen über das münsterische Wiedertäuferreich, volume II de Geschichtsquellen des Bistums Münster. Münster: Druck und Verlag der Theissing’schen Buchhandlung, 1853.

Hofmann, Melchior. Das xii Capitel des propheten Danielis ausgelegt. In: Krohn, Barthold. Geschichte der fanatischen und enthusiastischen Wiedertäufer vornehmlich in Niederdeutschland: Melchior Hofmann und die Secte der Hofmannianer. Leipzig: Bernhard Christoph Breitkopf, 1758, p. 84-99

Kerssenbrock, Hermann von. Narrative of the Anabaptist Madness: The Overthrow of Münster, the Famous Metropolis of Westphalia. Tradução, introdução e notas de Christopher S. Mackay. Leiden/Boston: Brill, 2007. 2 v.

Léry, Jean de. Histoire memorable de la ville de Sancerre, contenant les entreprinses, sieges, approches, bateries, assaux et autres efforts des assiegans le tout fidelement recueilli sur le lieu par Jean de Lery. Genève: s.n., 1574, 253 p. Léry, Jean de. Histoire d’un voyage faict en la terre du Bresil [1578]. Texte établi, présenté et annoté par Frank Lestringant. Paris: Le Livre de Poche, 1994.

Mather, Cotton. Magnalia Christi Americana or, The Ecclesiastical History of New England from its First Planting in the Year 1620 unto the Year of Our Lord, 1698. London: Thomas Parkhurst, 1702.

Montaigne, Michel de. Journal de voyage en Italie par la Suisse et l’Allemagne en 1580 et 1581 (edição M. Rat). Paris: Garnier, 1955.

Nakam, Géralde (ed.). Au lendemain de la Saint-Barthélemy, guerre civile et famine. L’Histoire mémorable du siège de Sancerre (1573). Paris: Anthropos, 1975.

Bibliografia Subsidiária

Baczko, Bronislaw. Utopia. In: Enciclopédia Einaudi. Lisboa: Imprensa Nacional/Casa da Moeda, 1985, vol. 5, p. 333-96.

Bakhtin, Mikhail. A Cultura Popular na Idade Média e no Renascimento: O contexto de François Rabelais. São Paulo/Brasília: Hucitec/Editora da UnB, 4ª. edição, 1999.

Berriel, Carlos Eduardo Ornelas. Brief notes on Utopia, Dystopia and History. In: Vieira, Fátima & Freitas, Marinela (ed.). Utopia Matters: Theory, Politics, Literature and the Arts. Porto: Editora UP, 2005, p. 101-5.

Bouwsma, William J. John Calvin: A sixteenth-century portrait. Oxford: Oxford University Press, 1988.

Brunner, Otto. Land and lordship: structures of governance in medieval Austria. Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 1992.

Burke, Peter. Cultura popular na Idade Moderna. Europa, 1500-1800. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

Burnett, Amy N. Basel’s Rural Pastors as Mediators of Confessional and Social Discipline. Central European History, vol. 33, ed. 1, 2000, p. 67-85.

Cañizares-Esguerra, Jorge. Puritan Conquistadors. Iberianizing the Atlantic, 1550-1700. Stanford: Stanford University Press, 2006.

Clark, Stuart. Pensando com demônios: A ideia de bruxaria no princípio da Europa moderna. São Paulo: Edusp, 2006.

Clasen, C. P. Anabaptism: A Social History, 1525-1618. Ithaca: Cornell University Press, 1972.

Cohn, Norman. The Pursuit of the Millenium. Revolutionary Millenarians and Mystical Anarchists of the Middle Ages. Revised and Expanded Edition. New York: Oxford University Press, 1970.

_________. Cosmos, Chaos, and World to Come: The Ancient Roots of Apocalyptic Faith. New Haven: Yale University Press, 1995

Collins, John J. A imaginação apocalíptica: Uma introdução à literatura apocalíptica judaica. São Paulo: Paulus, 2010.

Crouzet, Denis. La nuit de la Saint-Barthélemy. Un rêve perdu de la Renaissance. Paris: Fayard, 1994.

______. Les guerriers de Dieu. La violence au temps des troubles de religion, vers 1525-vers 1610. Seyssel: Champ Vallon, 1990. 2 v.

Davis, J. C. Utopia y la Sociedad Ideal: Estudio de la literatura utopica inglesa, 1516-1700. México: Fondo de Cultura Económica, 1985.

Davis, Natalie Zemon. Culturas do Povo: Sociedade e Cultura no Início da França Moderna. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990.

Delumeau, Jean. História do Medo no Ocidente, 1300-1800. Uma cidade sitiada. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

Fortunati, Vita & Trousson, Raymond (ed.). Dictionary of Literary Utopias. Paris: Honoré Champion, 2000.

Foster, Stephen. The Long Argument: English Puritanism and the Shaping of New England Culture, 1570-1700. Chapel Hill: University of North Carolina Press, 1991.

Franco Jr., Hilário. Os três dedos de Adão: Ensaios de mitologia medieval. São Paulo: Edusp, 2010.

_________. A Eva Barbada: Ensaios de mitologia medieval. São Paulo: Edusp, 2010.

_________. A utopia que não está no fim da viagem: a peregrinação medieval. Morus – Utopia e Renascimento, n. 7, 2010, p. 59-82.

Friesen, Abraham. Erasmus, the Anabaptists, and the Great Commission. Grand Rapids: Eerdmans, 1998.

Garin, Eugenio. Ciência e vida civil no Renascimento italiano. São Paulo: Editora da Unesp, 1996.

Ginzburg, Carlo. Olhos de madeira: Nove reflexões sobre a distância. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

Gray, John. Missa Negra: Religião apocalíptica e o fim das utopias. Rio de Janeiro: Record, 2008.

Hall, David D. Worlds of Wonder, Days of Judgement: Popular Religious Beliefs in Early New England. New York: Knopf, 1989.

Hespanha, António Manuel. As vésperas do Leviathan. Instituições e poder político. Portugal – Século XVII. Coimbra: Almedina, 1994.

Hespanha, António Manuel. Para uma teoria da história institucional do Antigo Regime. In: Idem. Poder e Instituições na Europa do Antigo Regime: Colectânea de Textos. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1984.

Huchard, Viviane; Bourgain, Pascale. Le Jardin Médieval: un musée imaginaire. Cluny, des textes et des images, un pari. Paris: Presses Universitaires de France, 2002.

Jasmin, Marcelo. Utopia: memória, palavra, conceito. In: Starling, Heloísa Maria Murgel; Rodrigues, Henrique Estrada; Telles, Marcela (orgs.). Utopias agrárias. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2008.

Jouanna, Arlette; Boucher, Jacqueline; Biloghi, Dominique; Le Thiec, Guy (ed.). Histoire et Dictionnaire des Guerres de Religion. Paris: Éditions Robert Laffond, 1998.

Lestringant, Frank. Lumière des martyrs. Essay sur le martyre au siècle des Réformes. Paris: Honoré Champion, 2004.

Lestringant, Frank. Une sainte horreur ou le voyage en Eucharistie, xvie-xviiie siècle. Paris: Presses Universitaires de France, 1996.

Lestringant, Frank. “Léry ou Le rire de l’Indien”. In: Léry, Jean de. Histoire d’un voyage faict en la terre du Bresil [1578]. Texte établi, présenté et annoté par Frank Lestringant. Paris: Le Livre de Poche, 1994.

Mackay, Christopher S. General Introduction. In: Kerssenbrock, Hermann von., Narrative of the Anabaptist Madness: The Overthrow of Münster, the Famous Metropolis of Westphalia. Tradução, introdução e notas de Christopher S. Mackay. Leiden/Boston: Brill, 2007. 2 v.

Manuel, Frank E. & Manuel, Fritzie P. El pensamiento utópico en el mundo occidental. Madrid: Taurus, 1984. 3 v.

Mumford, Lewis. The Story of Utopias. New York: Boni and Liveright, 1922.

Nevola, Fabrizio. Tales of the City: Outsiders’ Descriptions of Cities in the Early Modern Period. Edição especial de Città e Storia VII, 1 (2012). Roma: s.n., 2012.

Oestreich, Gerhard. Problemas estruturais do absolutismo europeu. In: Hespanha, António Manuel (org.). Poder e Instituições na Europa do Antigo Regime: Colectânea de Textos. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1984.

Prodi, Paolo. Uma história da justiça: Do pluralismo dos foros ao dualismo moderno entre consciência e direito. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

Reinhard, Wolfgang. Pressures towards Confessionalization? Prolegomena to a Theory of the Confessional Age. In: Dixon, C. Scott (ed.). The German Reformation: Blackwell Essential Readings. Oxford: Blackwell, 1999.

Rodrigues, Rui Luis. Entre o dito e o maldito: humanismo erasmiano, ortodoxia e heresia nos processos de confessionalização do Ocidente (1530-1685). Tese de doutorado, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012.

Ruyer, Raymond. L’Utopie et les utopies. Paris: Presses Universitaires de France, 1950.

Sartorelli, Elaine Cristine. Estratégias de construção e de legitimação do ethos na causa veritatis: Miguel Servet e as polêmicas religiosas do século xvi. Tese de doutorado em Letras Clássicas, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.

Schilling, Heinz. Early modern european civilization and its political and cultural dynamism. The Menahem Stern Jerusalem Lectures. Lebanon: University Press of New England, 2008.

Trousson, Raymond. Utopia e utopismo. Morus – Utopia e Renascimento, n. 2, 2005, p. 123-36.

Vielhauer, Philipp. História da Literatura Cristã Primitiva: Introdução ao Novo Testamento, aos Apócrifos e aos Pais Apostólicos. Santo André: Academia Cristã, 2005.

Whatley, Janet. Food and the Limits of Civility: The Testimony of Jean de Léry. The Sixteenth Century Journal, vol. 15, n. 4, 1984, p. 387-400.

Williams, George H. La Reforma Radical. México: Fondo de Cultura Económica, 1983 (edição original de 1962);

Williams, George H. (org.). Spiritual and Anabaptist Writers. Londres: Westminster Press, 1957.

Downloads

Publicado

2017-04-27

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Cidade Sitiada: O cerco militar no século XVI como espaço de utopia e de contra-utopia – Os exemplos de Münster (1534-1535) e de Sancerre (1573). Revista de História, [S. l.], n. 176, p. 01–34, 2017. DOI: 10.11606/issn.2316-9141.rh.2017.116661. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/116661.. Acesso em: 29 mar. 2024.