Por uma história cruzada das disciplinas: ponderações de ordens prática e epistemológica
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.rh.2020.159951Palavras-chave:
História Cruzada, História da Ciência, Epistemologia, Disciplina, InterdisciplinaridadeResumo
O presente artigo tem por finalidade apresentar, em um plano epistemológico e a partir de exemplos práticos, a defesa de uma história cruzada dos saberes, entendendo-a como o estudo focado na caracterização e na explicação de circuitos de ideias e de pessoas entre diferentes disciplinas. Para tanto, parte-se da problematização dos pressupostos das histórias disciplinares, discutindo, na sequência, os prodígios e as vertigens de modelos que almejam reconstituir a unidade e a totalidade disciplinar ao longo do tempo. Mesmo considerando o interesse desses modelos, o restante do artigo insiste no lugar da interdisciplinaridade no seio das disciplinas. Tal recorte permite propor agendas experimentais que ampliem a compreensão acerca das possibilidades disciplinares, ontem, hoje e amanhã.
Downloads
Referências
BACHELARD, Gaston. Crítica preliminar do conceito de fronteira epistemológica. In: BACHELARD, Gaston. Estudos. Tradução de Estela Abreu. Rio de Janeiro: Contraponto, 2008 [1934], p. 79-86.
BACHELARD, Gaston. A Formação do Espírito Científico. Tradução de Estela Abreu. Rio de Janeiro: Contraponto, 1995 [1938].
BENTHIEN, Rafael Faraco. Um homem entre vários mundos: sobre uma entrevista com Jean Bollack. PhaoS, Campinas, v. 9, p. 5-27, 2009. ISSN: 1676-3076. Disponível em: <https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/phaos/article/view/9441>. Acesso em: 8 maio 2020.
BENTHIEN, Rafael Faraco. Interdisciplinaridades: latinistas, helenistas e sociólogos em revistas. Tese de doutorado. História Social. Universidade de São Paulo, 2011a.
BENTHIEN, Rafael Faraco. Comment les mots changeant de sens. Atelier du Centre de Recherches Historiques. Paris, v. 7, 2011b. ISSN: 1760-7914. Disponível em: <https://journals.openedition.org/acrh/3576>. Acesso em: 20 fev. 2019.
BENTHIEN, Rafael Faraco. O que há de impessoal em arquivos pessoais: considerações a partir de uma experiência de pesquisa na França. Vozes, Pretérito e Devir, Teresina, v. 3, p. 42-57. 2014. ISSN: 2317-1979. Disponível em : <http://revistavozes.uespi.br/ojs/index.php/revistavozes/article/view/50/52>. Acesso em: 8 maio 2020.
BENTHIEN, Rafael Faraco. Sociologue et archéologue. Henri Hubert à la lumière de ses compte-rendus. In: DAHAN-GAIDA, Laurence (org.). Circulation des savoirs et reconfiguration des idées. Lille: Septentrion, 2016, p. 281-297.
BERT, Jean-François (org.) et al. Henri Hubert et la Sociologie des Religions. Liège: Presses Universitaires de Liège, 2015.
BOLTANSKI, Luc. Usages faibles, usages forts de l’habitus. In: ENCREVÉ, Pierre; LAGRAVE, Rose-Marie (org.). Travailler avec Bourdieu. Paris: Flammarion, 2003, p. 153-161.
BOURDIEU, Pierre. Homo Academicus. Paris: Minuit, 1984.
BOURDIEU, Pierre. La cause de la science. Actes de la recherche en sciences sociales. Paris, nos. 106-107, p. 3-10, 1995. ISSN: 0335-5322. Disponível em: <https://www.persee.fr/doc/arss_0335-5322_1995_num_106_1_3131>. DOI disponível em: <https://doi.org/10.3406/arss.1995.3131>. Acesso em: 8 maio 2020
BOURDIEU, Pierre. La spécificité du champ scientifique et les conditions sociales du progrès de la raison. Sociologie et Sociétés, Montreal, v. 7, n.º 1, p. 91-118, 1975. ISSN: 1492-1375. Disponível em: <https://www.erudit.org/fr/revues/socsoc/1975-v7-n1-socsoc122/001089ar/>. DOI: <https://doi.org/10.7202/001089ar>. Acesso em: 8 maio 2020.
BOURDIEU, Pierre. Le champ scientifique. Actes de la recherche en sciences sociales, Paris, v. 2, nº. 2-3, p. 88-104, 1976. ISSN: 0335-5322. Disponível em: <https://www.persee.fr/doc/arss_0335-5322_1976_num_2_2_3454>. DOI: . Acesso em: 8 maio 2020.
BOURDIEU, Pierre. Homo Academicus. Paris: Minuit, 1984.
BOURDIEU, Pierre. La cause de la science. Actes de la recherche en sciences sociales. Paris, nos. 106-107, p. 3-10, 1995. ISSN: 0335-5322. Disponível em: <https://www.persee.fr/doc/arss_0335-5322_1995_num_106_1_3131>. Acesso em: 08 de maio de 2020. DOI: <https://doi.org/10.3406/arss.1995.3131. Acesso em: 8 maio 2020.
BOURDIEU, Pierre. Science de la Science et réflexivité. Paris: Raison d’Agir, 2001.
BOUVERESSE, Jacques. Vertiges et prodiges de l’analogie: de l’abus des belles lettres dans la pensée. Paris, Raison d’Agir, 1999.
DIANTELL, Erwan. Ontologie et Anthropologie: dix ans de controverse (Brésil, France, États-Unis). Revue Européenne de Sciences Sociales, Genebra, v. 53, n.º 2, p. 119-144, 2015. ISSN: 1663-4446. DOI: 10.4000/ress.3314. Disponível em : <https://journals.openedition.org/ress/3314>. Acesso em: 8 maio 2020.
ELIAS, Norbert. Scientific Establishments. In: ELIAS, Norbert; MARTINS, Herminio; WHITLEY, Richard. Scientific Establishments and Hierarchies. Londres: D. Reidel Publishing Company, 1982, p. 3-69.
ESPAGNE, Michel. La notion de transfert culturel. Revue Sciences/Lettres, Paris, n.º 1, 2013. ISSN: 2271-6246. DOI: 10.4000/rsl.219. Disponível em <https://journals.openedition.org/rsl/219>. Acesso em: 8 maio 2020.
FOURNIER, Marcel. Émile Durkheim. Paris: Fayard, 2007.
GOBLOT, Edmond. A Barreira e o Nível. Tradução de Estela dos Santos. Rio de Janeiro: Papirus, 1989.
FOURNIER, Marcel. Émile Durkheim. Paris: Fayard, 2007.
HEILBRON, Johan. La Naissance de la Sociologie. Tradução de Paul Dirkx. Marselha: Agone, 2006.
KUHN, Thomas S. A Revolução Copernicana. Tradução de Marília Fontes. Lisboa: Edições 70, 1990 [1957].
KUHN, Thomas S. A Estrutura das Revoluções Científicas. Tradução de Beatriz Boeira e Nelson Boeira. São Paulo: Perspectiva, 2003 [1962] (7.ª Edição).
KUHN, Thomas S. O Caminho desde a Estrutura. Tradução de Cezar Mortari. São Paulo: Unesp, 2006.
LATOUR, Bruno. Ciência em Ação. Tradução de Ivone Benedetti. São Paulo: Unesp, 2000 [1987].
LATOUR, Bruno; WOOLGAR, Steve. A Vida de Laboratório. Tradução de Angela Viana. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1997 [1979].
MEILLET, Antoine. Como as Palavras Mudam de Sentido. Tradução de Rafael Faraco Benthien. São Paulo: Edusp, 2016.
MUCHIELLI, Laurent. La Découverte du Social. Paris: La Découverte, 1998.
ORAIN, Olivier. Les écoles en sciences de l’homme: usages indigènes et catégories analytiques. Revue d’Histoire des Sciences Humaines, Paris, n.º 32 , p. 7-32, 2018. ISSN: 1963-1022. DOI: 10.4000/rhsh.288. Disponível em : <https://journals.openedition.org/rhsh/288>. Acesso em: 19 fev. 2019.
PAOLETTI, Giovanni. L’Année Sociologique et les philosophes: histoire d’un débat (1898-1913). L’Année Sociologique, Paris, v. 48, n.º 1., p. 77-114, 1989. ISSN: 0066-2399.
PAOLETTI, Giovanni. Durkheim et la Philosophie. Paris: Garnier, 2012.
PERNOT, Laurent. À l’École des Anciens. Paris: Les Belles Lettres, 2008.
PINTO, Louis. La Théorie Souveraine. Les sociologues français e la sociologie au XXe siècle. Paris: Cerf, 2009.
REYNOSO, Carlos. Crítica de la Antropología Perspectivista. Buenos Aires: UBA, 2014.
RINGER, Fritz. Fields of Kwnoledge. Cambridge: Cambridge, 1992.
VERDE, Filipe. Fechados no quarto de espelhos: o perspectivismo ameríndio e o “jogo comum” da antropologia. Anuário Antropológico, Brasília, v. 42, n.º 1, 2017. ISSN: 2357-738X. DOI: 10.4000/aa.1679. Disponível em: <https://journals.openedition.org/aa/1679>. Acesso em: 8 maio 2020.
VERNANT, Jean-Pierre. Entre Mito e Política. Tradução de Christina Murachco. São Paulo: Edusp, 2001.
VIDAL-NAQUET, Pierre. Mémoires. Paris: Seuil, 2007. (volume 1: la brisure et l’attente).
VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. O nativo relativo. Mana, Rio de Janeiro, v. 8, n.º 1, p. 113-148, 2002. ISSN 1678-4944. Disponível em: <https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-93132002000100005>.. DOI disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0104-93132002000100005>. Acesso em: 5 mar 2019
VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. The Relative Native. Chicago: The Chicago University Press/Hau Books, 2015.
WEBER, Max. Sociologie de la Religion. Tradução de Isabelle Kalinowski. Paris: Flammarion, 2006.
WEISS, Raquel Andrade; BENTHIEN, Rafael Faraco. A redescoberta de um sociólogo: considerações sobre a correspondência de Émile Durkheim a Salomon Reinach. Novos Estudos – Cebrap, São Paulo, n.º 94 , p. 133-149, 2012. ISSN: 0101-2200. Disponível em: <https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-33002012000300007&lng=en&nrm=iso&tlng=pt>. DOI: <http://dx.doi.org/10.1590/S0101-33002012000300007>. Acesso em: 19 fev. 2019.
WERNER, Michael; ZIMMERMANN, Bénédicte. Penser l’histoire croisée: entre empirie et réflexivité. Annales, Paris, v. 58, n.º 1, p. 7-36, 2003. ISSN: 1953-8146. DOI:. 10.3917/anna.581.0007. Disponível em: <https://www.cairn.info/revue-annales-2003-1-page-7.htm>. Acesso em: 19 fev. 2019.
WITTGENSTEIN, Ludwig. Leçons et conversations. Tradução de Jacques Fauve. Paris: Gallimard, 1971.
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2020 Revista de História
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/ (CC BY). Esta licença permite que outros distribuam, remixem, adaptem e criem a partir do seu trabalho, mesmo para fins comerciais, desde que lhe atribuam o devido crédito pela criação original. É a licença mais flexível de todas as licenças disponíveis. É recomendada para maximizar a disseminação e uso dos materiais licenciados.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (veja O Efeito do Acesso Livre).