Seguir contando histórias: o gesto antropofágico e o significado existencial da história na obra de Ailton Krenak

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.rh.2022.196181

Palavras-chave:

Antropofagia, História, tempo, Krenak, Dupla consciência

Resumo

Na tradição intelectual brasileira, vários autores se questionaram sobre certa dificuldade perene no país em relação ao enfrentamento da sua própria história. Buscando, por vezes, evadir-se dela ou superar essa história a partir da ficção de um outro a ser alcançado, esse tema ganhou particular atenção quando, no modernismo, Oswald de Andrade abordou essa dificuldade e viu no gesto antropofágico uma potente imagem para reinventar nossa relação com a história e com o que nos seria próprio e outro. No artigo, propomos revisitar o gesto antropofágico em sua relação com a história e desdobrá-lo juntamente a uma perspectiva mais recente, aquela de Ailton Krenak, quando este propõe, por intermédio de um entendimento da história enquanto força existencial, refazer o encontro entre a sociedade moderna brasileira e a experiência de comunidades tradicionais.

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Biografia do Autor

  • Mauro Franco Neto, Universidade do Estado de Minas Gerais

    Doutor em História pela Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP. Professor de Teoria da História e Historiografia no curso de licenciatura em História, Departamento de Ciências Humanas (DCH), da Universidade do Estado de Minas Gerais – UEMG – unidade Carangola.

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Publicado

2022-11-04

Edição

Seção

Dossiê 1922/2022: o século da Semana – balanços e perspectivas

Como Citar

FRANCO NETO, Mauro. Seguir contando histórias: o gesto antropofágico e o significado existencial da história na obra de Ailton Krenak. Revista de História, São Paulo, n. 181, p. 1–24, 2022. DOI: 10.11606/issn.2316-9141.rh.2022.196181. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/196181.. Acesso em: 23 abr. 2024.