Administração na América portuguesa: a expansão das fronteiras meridionais do Império (1680-1808)

Autores

  • Fábio Kühn Universidade Federal do Rio Grande do Sul
  • Adriano Comissoli Universidade de Passo Fundo

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.v0i169p58-81

Palavras-chave:

Administração colonial, Império português, governabilidade, fronteiras, poderes locais

Resumo

O estudo da administração colonial voltou a adquirir importância nos últimos anos, tendo gerado um profícuo debate historiográfico, que tem renovado este campo dos estudos históricos. O conceito de “pacto colonial” vem sendo revisto, enfatizando-se a dinâmica da negociação entre os colonos e a Coroa portuguesa. O próprio “antigo sistema colonial” vem sendo confrontado com a noção de um “Antigo Regime nos trópicos”, o que levou a que fossem repensados vários aspectos da fase inicial da história do Brasil. Um dos pontos centrais a ser investigado no artigo refere-se à natureza das relações que eram estabelecidas entre as principais autoridades régias da colônia (vice-reis, governadores, provedores e ouvidores) e os poderes locais (câmaras e ordenanças), procurando verificar como se viabilizava a governabilidade da América lusa. Dentro desse vasto espaço geográfico, o foco da análise irá recair sobre o processo de integração na estrutura administrativa colonial dos espaços de fronteira, particularmente o Rio Grande de São Pedro e a Colônia do Sacramento.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

ALDEN, Dauril. Royal government in colonial Brazil. Berkeley e Los Angeles: University of California Press, 1968.

ALEXANDRE, Valentim. Os sentidos do império. Questão nacional e questão colonial na crise do Antigo Regime português. Porto: Edições Afrontamento, 1993.

ALMEIDA, Luís Ferrand de. A Colônia do Sacramento na época da sucessão de Espanha. Coimbra: Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, 1973.

BEUNZA, J. M. Imizcoz. Communauté, réseau social, élites. L’armature sociale de l’Ancien Régime. In: CASTELLANO, Juan Luis e DEDIEU, Jean-Pierre (dir.). Réseaux, familles et pouvoirs dans le monde ibérique à la fin de l’Ancien Régime. Paris: CNRS Éditions, 1998, p. 31-66.

BICALHO, Maria Fernanda. Entre a teoria e a prática: dinâmicas político-adminiustrativas em Portugal e na América portuguesa (séculos XVII e XVIII). Revista de História. São Paulo: Humanitas, n°167, jul-dez 2012.

BLUTEAU, Raphael. Vocabulario portuguez e latino. Coimbra: Real Colégio das Artes da Companhia de Jesus, 1712-1721.

BOXER, Charles R. A idade de ouro do Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000.

CARDIM, Pedro. “Administração”, “governo” e “política”. Uma reflexão sobre o vocabulário do Antigo Regime. In: BICALHO, Maria Fernanda e FERLINI, Vera L. do Amaral. Modos de governar. Ideias e práticas políticas no Império português. São Paulo: Alameda Editorial, 2005.

CARDIM, Pedro, HERZOG, Tamar, IBÁÑEZ, José Javier Ruiz e SABATINI, Gaetano (ed.). Polycentric monarchies – How did early modern Spain and Portugal achieve and maintain a global hegemony? Brighton: Sussex Academic Press, 2012.

COATES, Timothy J. Degredados e órfãs: colonização dirigida pela Coroa no Império português (1550-1775). Lisboa: CNCDP, 1998.

COMISSOLI, Adriano. Os “homens bons” e a Câmara Municipal de Porto Alegre (1767-1808). Porto Alegre: Gráfica da UFRGS, 2008.

COMISSOLI, Adriano. “Tem servido na governança, e tem todas as qualidades para continuar”: perfil social de oficiais da Câmara de Porto Alegre (1767-1828). Topoi. Revista de História. Rio de Janeiro, v. 13, n. 25, jul-dez 2012, p. 77-93.

CUNHA, Mafalda Soares da. Governo e governantes do Império português do Atlântico (século XVII). In: BICALHO, Maria Fernanda e FERLINI, Vera (orgs.). Modos de governar: ideias e práticas políticas no Império português – séculos XVI a XIX. São Paulo: Alameda, 2005.

FAORO, Raimundo. Os donos do poder. Formação do patronato político brasileiro. São Paulo: Globo, 2001.

FLORES, Mariana [Flores] da Cunha Thompson. Crimes de fronteira: a criminalidade na fronteira meridional do Brasil (1845-1889). Tese de doutorado, PPG-História/PUCRS, Porto Alegre, 2012.

FRAGOSO, João. Modelos explicativos da chamada economia colonial e a ideia de monarquia pluricontinental: notas de um ensaio. História (São Paulo). Franca: Unesp, v. 31, n. 2, jul/dez 2012, p. 106-145.

FRAGOSO, João & GOUVEA, Maria de Fátima. Monarquia pluricontinental e repúblicas: algumas reflexões sobre a América lusa nos séculos XVI-XVIII. Tempo, vol. 14, nº 27, jul/dez. 2009, p. 49-63.

GIL, Tiago Luís. Coisas do caminho. Tropeiros e seus negócios do Viamão a Sorocaba (1780-1810). Rio de Janeiro: Tese de doutorado, PPGHIS-UFRJ, 2009.

GOUVÊA, Maria de Fátima. Trajetórias administrativas e redes governativas no Império português (1668-1698). In: VI JORNADA SETECENTISTA, 2005, Curitiba. Anais. Curitiba: Cedope, 2005, p. 400-414.

HAMEISTER, Martha Daisson. O Continente do Rio Grande de São Pedro: os homens, suas redes de relações e suas mercadorias semoventes (c. 1727- c. 1763). Dissertação de mestrado, PPGHIS-UFRJ, Rio de Janeiro, 2002.

HESPANHA, A. M. Antigo Regime nos trópicos? Um debate sobre o modelo político do Império colonial português. In: FRAGOSO, João e GOUVEIA, Maria de Fátima (org.). Na trama das redes – Política e negócios no Império português, séculos XVI-XVIII. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010, p. 43-93.

JESUS, Nauk Maria de (org.). Dicionário de história do Mato Grosso – Período colonial. Cuiabá: Carlini & Caniato, 2011.

JESUS, Nauk Maria de. Governo local na fronteira oeste: a rivalidade entre Cuiabá e Vila Bela no século XVIII. Dourados: EdUFGD, 2011.

KÜHN, Fábio. Gente da fronteira: família, sociedade e poder no sul da América portuguesa – século XVIII. Tese de doutorado, PPG em História da Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2006.

KÜHN, Fábio. Os interesses do governador: Luiz Garcia de Bivar e os negociantes da Colônia do Sacramento (1749-1760). Topoi. Revista de História. Rio de Janeiro, v. 13, n. 24, jan-jun. 2012, p. 29-42.

LIMA, Oliveira. Dom João VI no Brasil. 4ª edição. Rio de Janeiro: Topbooks, 2006.

MELLO, Christiane Pagano de. Forças militares no Brasil colonial – Corpos de auxiliares e ordenanças na segunda metade do século XVIII. Rio de Janeiro: Editora E-papers, 2009.

MIRANDA, Márcia E. Continente de São Pedro: administração pública no período colonial. Porto Alegre, Corag, 2000.

MONTEIRO, Jonathas da Costa Rego. A Colônia do Sacramento, 1680-1777. Porto Alegre: Livraria do Globo, 1937.

MONTEIRO, Nuno Gonçalo. Os poderes locais no Antigo Regime. In: OLIVEIRA, César (dir.). História dos municípios e do poder local. Lisboa: Círculo de Leitores, 1996, p. 17-175.

MONTEIRO, N. G., CARDIM, Pedro e CUNHA, Mafalda Soares da. Governadores e capitães-mores do Império atlântico português nos séculos XVII e XVIII. In: MONTEIRO, N. G., CARDIM, Pedro e CUNHA, Mafalda Soares da (orgs.). Optima pars – Elites ibero-americanas do Antigo Regime. Lisboa: ICS, 2005.

MOUTOUKIAS, Zacarias. Réseaux personnels et autorité coloniale: les négociants de Buenos Aires au XVIIIe siècle. Annales ESC, nº 4 e 5, junho/outubro, 1992, p. 889-915.

MOUTOUKIAS, Zacarias. La notion de réseau en histoire sociale: um instrument d’analyse de l’action collective. In: CASTELLANO, Juan Luis e DEDIEU, Jean-Pierre (dir.). Réseaux, familles et pouvoirs dans le monde ibérique à la fin de l’Ancien Régime. Paris: CNRS Éditions, 1998, p. 231-245.

PIAZZA, Walter F. O brigadeiro José da Silva Paes – estruturador do Brasil meridional. Florianópolis: Editora da UFSC / FCC Edições; Rio Grande: Editora da Furg, 1988.

PIMENTA, João Paulo G. Estado e nação no fim dos impérios ibéricos no Prata (1808-1828). São Paulo: Hucitec/Fapesp, 2002.

PRADO, Fabrício Pereira. Colônia do Sacramento: o extremo sul da América portuguesa. Porto Alegre: F. P. Prado, 2002.

RUSSELL-WOOD, A. J. R. Governantes e agentes. In: BETHENCOURT, F. e CHAUDHURI, K. (dir.). História da expansão portuguesa, vol. 3. Lisboa: Temas & Debates, 1998, p. 169-192.

SÁ, Simão Pereira de. História topográfica e bélica da nova Colônia do Sacramento do Rio da Prata. Porto Alegre: Arcano 17, 1993.

SAMPAIO, Antônio C. J. Na encruzilhada do Império: hierarquias sociais e conjunturas econômicas no Rio de Janeiro (c. 1650 – c. 1750). Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2003.

SAMPAIO, Antônio C. J. Os homens de negócio e a Coroa na construção das hierarquias sociais: o Rio de Janeiro na primeira metade do século XVIII. In: FRAGOSO, João e GOUVÊA, Maria de Fátima (org.). Na trama das redes: política e negócios no Império português, séculos XVI-XVIII. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010, p. 459-484.

SAMPAIO, Patrícia M. e COELHO, Mauro C. O Atlântico equatorial: sociabilidades e poder nas fronteiras da América portuguesa. Revista de História. São Paulo, nº 168, janeiro-junho 2013, p. 16-23.

SILVA, Andrée Mansuy-Diniz. Portrait d’um homme d’État: d. Rodrigo de Souza Coutinho, comte de Linhares (1755-1812), vol. II. Paris: Centre Culturel Calouste Gulbenkian, 2006.

SILVA, Augusto da. A ilha de Santa Catarina e sua terra firme: estudo sobre o governo de uma capitania subalterna (1738-1807). Tese de doutorado, PPG/História Econômica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.

SOUZA, Laura de Mello e. O sol e a sombra. Política e administração na América portuguesa do século XVIII. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

Downloads

Publicado

2013-12-18

Como Citar

KÜHN, Fábio; COMISSOLI, Adriano. Administração na América portuguesa: a expansão das fronteiras meridionais do Império (1680-1808). Revista de História, São Paulo, n. 169, p. 58–81, 2013. DOI: 10.11606/issn.2316-9141.v0i169p58-81. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/70448.. Acesso em: 19 abr. 2024.