O negócio do pau-brasil, a sociedade mercantil Purry, Mellish and Devisme e o mercado global de corantes: escalas mercantis, instituições e agentes ultramarinos no século XVIII

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DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.rh.2018.133277

Palavras-chave:

Pau-brasil, instituições mercantis, negociantes ultramarinos, corantes, Purry, Mellish and Devisme

Resumo

Esse artigo analisa as práticas e instituições mercantis relacionadas ao comércio de pau-brasil extraído das matas do norte do estado do Brasil e destinadas ao mercado de corantes, em Portugal e restante da Europa no século XVIII. A partir da documentação alfandegária da Casa da Índia, além de documentação privativa da sociedade de mercadores ingleses Purry, Mellish and Devisme, demonstramos as dimensões e escalas mercantis, seus contratos, negociações e instituições, que modularam desde as práticas extrativistas nas matas do Brasil para o despacho no porto de Recife até a posterior reexportação via Lisboa para o mercado de corantes no norte da Europa durante o século XVIII. 

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Biografia do Autor

  • Thiago Alves Dias, Universidade Federal do Rio Grande do Norte

    Doutor em História Econômica no Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo

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Publicado

2018-05-03

Edição

Seção

Trabalho forçado e economias trans-imperiais: impactos recíprocos

Como Citar

DIAS, Thiago Alves. O negócio do pau-brasil, a sociedade mercantil Purry, Mellish and Devisme e o mercado global de corantes: escalas mercantis, instituições e agentes ultramarinos no século XVIII. Revista de História, São Paulo, n. 177, p. 01–39, 2018. DOI: 10.11606/issn.2316-9141.rh.2018.133277. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/133277.. Acesso em: 19 abr. 2024.