Tempo e espaço na produção de um território moderno. A “Pátria Cearense” na cartografia de Francisco Saturnino Rodrigues de Brito (1892)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.rh.2020.150777

Palavras-chave:

História, território, modernização, tempo, ferrovia

Resumo

Nos quarenta dias em que esteve no Ceará a serviço da Estrada de Ferro de Baturité, Francisco Saturnino Rodrigues de Brito mapeou o território e relatou seu parecer sobre o melhor percurso para o prolongamento dessa ferrovia, que deveria atravessar as terras cearenses e chegar até as margens do rio São Francisco, em Pernambuco. Nessa documentação, o engenheiro, convencido de sua obrigação para com a pátria brasileira e o progresso do país, definiu as marcas para a produção de um território moderno, que aliasse o Ceará à rapidez e eficiência dos moldes europeus ocidentais. Suas colocações, via de regra, apresentaram um olhar preconceituoso sobre a realidade observada, classificando o diferente como desigual e inferior. Trata-se de farta documentação a partir da qual é possível refletir sobre os projetos de modernização para o Brasil do final do século XIX e início do XX.

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Biografia do Autor

  • Ana Isabel Ribeiro Parente Cortes Reis, Universidade Regional do Cariri

    Doutora em História Social, coordenadora do Mestrado Profissional em Ensino de História (ProfHistória) da Universidade Regional do Cariri (URCA), professora adjunto do Departamento de História da mesma universidade.

  • Ana Sara Cortez Irffi, Universidade Federal do Ceará

    Doutora em História Social, vice-coordenadora do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Ceará (UFC), professora adjunto do Departamento de História da mesma universidade.

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Publicado

2020-02-11

Edição

Seção

Rumos do Brasil

Como Citar

Tempo e espaço na produção de um território moderno. A “Pátria Cearense” na cartografia de Francisco Saturnino Rodrigues de Brito (1892). Revista de História, [S. l.], n. 179, p. 01–25, 2020. DOI: 10.11606/issn.2316-9141.rh.2020.150777. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/150777.. Acesso em: 28 mar. 2024.