Brasil: políticas de transição e de reconciliação, estratégia de Guerra Fria

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.rh.2021.167231

Palavras-chave:

Transição, reconciliação, redes intelectuais, ditadura, Latin American Program

Resumo

Esse artigo analisa a criação e o papel que o Latin American Program of the Woodrow Wilson International Center for Scholars, criado em 1979, ganhou na discussão e na organização de encontros científicos, seminários e congressos sobre as questões da transição e da reconciliação como estratégias de superação das ditaduras, especificamente da brasileira, durante a Guerra Fria. Partimos da constatação de que as atividades do Programa de América Latina do Woodrow Wilson Center for Scholars estabeleceu parâmetros de discussão e estratégias políticas seminais para a legitimaçãodas políticas de alianças ao final da ditadura brasileira na Guerra Fria. Centradas na reconciliação, estas estratégias explicitamente não só visaram salvaguardar a coalizão entre liberais e grupos de direita que sustentava a ditadura como trataram de barrar o avanço de correntes de esquerda ao poder. 

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Biografia do Autor

  • Elizabeth Cancelli, Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Departamento de História

    Doutora em História pela Universidade Estadual de Campinas; Livre-docente pela Universidade de São Paulo. Professora do Departamento de História e do programa de Pós-graduação em História Social do Departamento de História da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. 

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Publicado

2021-03-25

Edição

Seção

DOSSIÊ: Direitas nos Estados Unidos e Brasil durante a Guerra Fria

Como Citar

CANCELLI, Elizabeth. Brasil: políticas de transição e de reconciliação, estratégia de Guerra Fria. Revista de História, São Paulo, n. 180, p. 1–32, 2021. DOI: 10.11606/issn.2316-9141.rh.2021.167231. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/167231.. Acesso em: 18 abr. 2024.