Reinóis versus naturais nas disputas pelos lugares eclesiásticos do Atlântico português: aspectos sociais e políticos (século XVIII)

Autores

  • Aldair Carlos Rodrigues Universidade Estadual de Campinas
  • Fernanda Olival Universidade de Évora; Cidehus

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.rh.2016.124067

Palavras-chave:

Clero, hierarquias sociais, naturalidades

Resumo

Este artigo elege a clivagem naturais da terra / reinóis como vetor principal de análise das características do clero presente no espaço atlântico português, enfocando os clérigos seculares dos Açores, da Madeira e do Brasil durante o século XVIII. Identifica os traços principais do perfil dos sacerdotes que se habilitaram no Santo Ofício e a origem dos titulares das prebendas dos cabidos do centro-sul brasileiro: Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Demonstra-se que acesso aos lugares do poder eclesiástico foi permeado por uma série de dinâmicas sociais e políticas, intermediando as relações entre a Coroa, as elites locais e segmentos intermédios.

 

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Aldair Carlos Rodrigues, Universidade Estadual de Campinas

    Doutor pelo Programa de Pós-graduação em História Social da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Foi post-doctoral fellow na Yale University/Council on Latin American and Iberian Studies, onde coordenou a Brazil Lecture Series (2015). Professor do Departamento de História do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. 

     
  • Fernanda Olival, Universidade de Évora; Cidehus

    Doutora pela Universidade de Évora, onde leciona desde 1991. Diretora do Centro Interdisciplinar de História, Culturas e Sociedades e coordenadora do projeto Intergroups: grupos intermédios em Portugal e no Império português: as familiaturas do Santo Ofício (c. 1570-1773). Trabalha sobre ordens militares, Inquisição, história social.

     

Referências

ALGRANTI, Leila. Honradas e devotas: mulheres da colônia. Rio de Janeiro: José Olympio, 1993.

ALMEIDA, Fortunato de. História da Igreja em Portugal. Porto: Portucalense, 1958.

ARAÚJO, José de Souza Azevedo Pizarro. Memórias históricas do Rio de Janeiro, vol. 6. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1946.

BETHENCOURT, Francisco & CHAUDHRI, Kirti (dir.). História da expansão portuguesa, vol. 3. Lisboa: Temas e Autores e Debates, Círculo dos Leitores, 1998.

BICALHO, Maria Fernanda Baptista. Conquista, mercês e poder local: a nobreza da terra na América portuguesa e a cultura política do Antigo Regime. Almanack Brasiliense, n. 2, São Paulo, nov 2005, p. 32.

BLAJ, Ilana. A trama das tensões: o processo de mercantilização de São Paulo colonial (1681-1721). São Paulo: Humanitas; FFLCH/USP, 2002.

BORREGO, Maria Aparecida de Menezes. A teia mercantil. Negócios e poderes em São Paulo colonial (1711-1765). São Paulo: Alameda, 2010.

BOSCHI, Caio (fixação dos textos, organização e estudo introdutório). O cabido da Sé de Mariana (1745-1820). Documentos básicos. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro, Editora PUC-MG, 2011. (Coleção Mineiriana)

BOSCHI, Caio. Os escritos de d. frei Manuel da Cruz e as Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia. In: FEITLER, Bruno & SOUZA, Evergton Sales (org.). A Igreja no Brasil: Normas e práticas durante a vigência das Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia. São Paulo: Ed. Unifesp, 2011, p. 399-424.

SOUZA, Evergton Sales. Exercícios de pesquisa histórica. Belo Horizonte: Editora da PUC-Minas, 2011.

BOXER, Charles R. A Idade de Ouro do Brasil: dores do crescimento de uma sociedade colonial. São Paulo: Cia Editora Nacional, 1979.

BRAGA, Paulo Drumond. A Inquisição nos Açores. Ponta Delgada: Instituto Cultural, 1997.

CAMARGO, monsenhor Paulo Florêncio da Silveira. A Igreja na história de São Paulo (1745-1771), vol. 4. São Paulo: Instituto Paulista de História e Arte Religiosa, 1953.

CAMARINHAS, Nuno. Juízes e administração da Justiça no Antigo Regime. Portugal e o Império colonial, séculos XVII e XVIII. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, FCT, 2011.

TRINDADE, cônego Raimundo. A Casa Capitular de Mariana. Revista do Iphan, n. 9, Belo Horizonte, 1945, p. 217-246.

TRINDADE, cônego Raimundo. A Arquidiocese de Mariana. Subsídios para sua história. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1953, p. 299-363.

COSTA, Susana Goulart. Viver e morrer religiosamente: a ilha de S. Miguel, século XVIII. Ponta Delgada: Instituto Cultural, 2007.

CUNHA, Mafalda Soares (org.). Do Brasil à metrópole: efeitos sociais (séculos XVII-XVIII). Separata da Revista Anais da Universidade de Évora, nº 8 e 9, Évora, dezembro 1998/1999, p. 47-72.

DÍAZ RODRÍGUEZ, Antonio J. & LÓPEZ-SALAZAR CODES, Ana Isabel. El cabildo catedralicio de Évora en la Edad Moderna (1547-1801). Historia y Genealogía, nº 4, 2014, p. 42-43.

DRUMMOND, Francisco Ferreira. Anais da ilha Terceira, vol. III. reed. Angra do Heroísmo: Secretaria Regional da Educação e Cultura do Governo dos Açores, 1981.

FEITLER, Bruno. Nas malhas da consciência: Igreja e Inquisição no Brasil (Nordeste, 1640-1750). São Paulo: Alameda, Phoebus, 2007.

FIGUEIRÔA-RÊGO, João & OLIVAL, Fernanda. Cor da pele, distinções e cargos: Portugal e espaços atlânticos portugueses (séculos XVI a XVIII). Tempo, vol. XVI, nº 30, 2011, p. 135-136.

FIGUEIRÔA-RÊGO, João. A honra alheia por um fio. Os estatutos de limpeza de sangue nos espaços de expressão ibérica (séculos XVI-XVIII). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, FCT, 2011.

FLORY, Rae & SMITH, David Grant. Bahian merchants and planters in the seventeenth and early eighteenth centuries. The Hispanic Historical American Review, 58 (4), 1978, p. 571-594.

HAUPT, Heinz-Gerhard. Comparative history – a contested method. Historisk Tidskrift, vol. 127, n. 4, 2007, p. 697–716.

HERZOG, Tamar. Naturales y extranjeros: sobre la construcción de categorías en el mundo hispánico. Cuadernos de Historia Moderna, vol. 10, Madri, 2011, p. 23, 31.

KENNEDY, John Norman. Bahian elites, 1750-1822. The Hispanic Historical American Review, 53 (4), 1973, p. 415-439.

KOCKA, Jürgen. Comparison and beyond. History and Theory, vol. 42, n. 1, 2003, p. 39–44.

MALDONADO, pe. Manuel Luis. Fénix angrense, vol. 2. Angra do Heroísmo: Instituto Histórico da Ilha Terceira, 1990.

MAXWELL, Keneth. Marquês de Pombal: paradoxo do Iluminismo. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

MELLO, Evaldo Cabral de. O nome e o sangue: uma fraude genealógica no Pernambuco colonial. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

MONTEIRO, Nuno Gonçalo. A circulação das elites no império dos Bragança (1640-1808): algumas notas. Tempo, vol. 14, n. 27, 2009, p. 51-67.

NORONHA, Henrique Henriques de. Memórias seculares e eclesiásticas para a composição da história da diocese do Funchal na ilha da Madeira. Funchal: Secretaria Regional do Turismo e Cultura; Centro de Estudos de História do Atlântico, 1996.

OLIVAL, Fernanda & MONTEIRO, Nuno Gonçalo. Movilidad social en las carreras eclesiásticas en Portugal (1500-1820). In: JIMÉNEZ, F. Chacón & MONTEIRO, Nuno Gonçalo (coord.). Poder y movilidad social: cortesanos, religiosos y oligarquías en la península Ibérica (siglos XV-XIX). Madri: CSIC, 2006, p. 105-106.

OLIVAL, Fernanda. As ordens militares e o Estado moderno: honra, mercê e venalidade. Lisboa: Estar, 2001.

OLIVAL, Fernanda. Rigor e interesses: os estatutos de limpeza de sangue em Portugal. Cadernos de Estudos Sefarditas, nº 4, 2004, p. 151-182.

PAIVA, José Pedro. Os bispos de Portugal e do Império (1745-1777). Coimbra: Ed. Universidade de Coimbra, 2006.

RODRIGUES, Aldair Carlos. Clergy, society, and power relations in colonial Brazil: On the vicar forane (vigário da vara), 1745-1800. e-journal of Portuguese History, 13, 1, Providence, jun 2015.

RODRIGUES, Aldair Carlos. Igreja e Inquisição no Brasil: agentes, carreiras e mecanismos de promoção social. São Paulo: Alameda/ Fapesp, 2014.

RODRIGUES, José Damião. Poder municipal e oligarquias urbanas: Ponta Delgada no século XVII. Ponta Delgada: Instituto Cultural de Ponta Delgada, 1994.

RODRIGUES, José Damião. São Miguel no século XVIII: casa, elites e poder, vol. I. Ponta Delgada: Instituto Cultural de Ponta Delgada, 2003.

RUSSEL-WOOD, A. J. Fidalgos e filantropos. A Santa Casa de Misericórdia da Bahia. Brasília: Ed. UNB, 1981.

SANTOS, Antônio Alves Ferreira dos. A Archidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro: subsídios para a história eclesiástica do Rio de Janeiro, capital do Brasil. Rio de Janeiro: Tipographia Leuzinger, 1914.

SCHWARTZ, Stuart. The formation of a colonial identity in Brazil. In: CANNY, N. & PAGDEN, A. (ed.). Colonial identity in the Atlantic world, 1500-1800. Princeton: Princeton University Press, 1987.

SCHWARTZ, Stuart. Burocracia e sociedade no Brasil colonial. São Paulo: Perspectiva, 1979.

SILVA, Cândido da Costa. Os segadores e a messe: o clero oitocentista na Bahia. Salvador: Edufba, 2000.

SILVA, Hugo Ribeiro da. O cabido da Sé de Coimbra. Os homens e a instituição (1620-1670). Lisboa: Imprensa do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, 2011.

SILVA, Hugo Ribeiro da. O clero catedralício português e os equilíbrios sociais do poder (1564-1670). Lisboa: CEHR, 2013, p. 93-114.

SILVA, Leandro Ferreira da. Regalismo no Brasil colonial: a Coroa portuguesa e a província de Nossa Senhora do Carmo do Rio de Janeiro (1750-1808). Dissertação de mestrado, FFLCH-USP, São Paulo, 2013.

SILVA, Maria Beatriz Nizza. Ser nobre na colônia. São Paulo: Editora da Unesp, 2004.

SOUZA, Grayce Mayre Bonfim. Para remédio das almas: comissários, qualificadores e notários da Inquisição portuguesa na Bahia colonial. Vitória da Conquista: Edições Uesb, 2014.

SOUZA, Jorge Victor de Araújo. Para além do claustro: uma história social da inserção beneditina na América portuguesa, c. 1580 - c. 1690. Niterói: Eduff, 2014.

SOUZA, Jorge Victor de Araújo. Poder local entre ora et labora: a casa beneditina nas tramas do Rio de Janeiro seiscentista. Tempo, v. 32, Revista do Departamento de História da UFF, 2012, p. 69-94.

SOUZA, Laura de Mello e. O sol e a sombra. Política e administração na América portuguesa do século XVIII. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

TRINDADE, Ana Cristina M. Plantar nova christandade: um desígnio jacobeu para a diocese do Funchal - frei Manuel Coutinho, 1725-1741. Funchal: Drac, 2012.

WEHLING, Arno & WEHLING, Maria José. Direito e Justiça no Brasil colonial: o Tribunal da Relação do Rio de Janeiro (1751-1808). Rio de Janeiro: Renovar, 2004.

Downloads

Publicado

2016-12-20

Como Citar

Reinóis versus naturais nas disputas pelos lugares eclesiásticos do Atlântico português: aspectos sociais e políticos (século XVIII). Revista de História, [S. l.], n. 175, p. 25–67, 2016. DOI: 10.11606/issn.2316-9141.rh.2016.124067. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/124067.. Acesso em: 28 mar. 2024.