O insigne pintor: uma leitura da autobiografia poética de Vieira Lusitano

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.rh.2020.171308

Palavras-chave:

Corpus Christi, autobiografia, artista, artífice, monarquia portuguesa

Resumo

O artigo propõe uma análise de O insigne pintor (1780), de Francisco Vieira de Matos (1699-1783), o Vieira Lusitano. Ele realizou desenhos de Corpus Domini em Roma, por encomenda de D. Rodrigo Anes de Sá Almeida e Meneses, embaixador de D. João V junto ao Papa Clemente XI. Sob sua direção fez o desenho da procissão, que serviria de modelo para Corpus Christi de 1719 em Lisboa, e para as procissões da monarquia portuguesa. O desenho, representado por escrito em O insigne pintor, deve ser situado no contexto de reforma da procissão. Trata-se de uma interpretação da obra, que constitui uma autobiografia de um pintor, categoria que não costumava gerar autobiografias no mundo português e católico do século XVIII. A intenção é analisá-la dando ênfase ao desenho do ritual e à mudança de status do artista. 

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Biografia do Autor

  • Beatriz Catão Cruz Santos, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Instituto de História

    Professora Associada de História Moderna, do Instituto de História, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. 

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Publicado

2021-06-21

Edição

Seção

História e Cultura

Como Citar

SANTOS, Beatriz Catão Cruz. O insigne pintor: uma leitura da autobiografia poética de Vieira Lusitano. Revista de História, São Paulo, n. 180, p. 1–21, 2021. DOI: 10.11606/issn.2316-9141.rh.2020.171308. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/171308.. Acesso em: 19 abr. 2024.