Hierarquias mercantis no Atlântico Português: as relações de agência no comércio entre Portugal e Brasil, 1780 a 1807

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.rh.2021.167979

Palavras-chave:

comércio colonial, hierarquias mercantis, sociedades mercantis, Pernambuco, problema do principal-agente

Resumo

O artigo procura demonstrar a existência de hierarquias mercantis no comércio entre Portugal e Brasil no último quartel do século XVIII. Propõe, necessariamente, uma visão alternativa a interpretações horizontais entre os atores engajados em tal circuito, sugerindo, pelo contrário, um olhar mais verticalizado das relações comerciais. Por meio da análise de mais de noventa contratos de sociedades mercantis, registrados nos cartórios de Lisboa, foi possível constatar que a maior parte dos capitais para o trato com a capitania de Pernambuco provinha de mercadores residentes em Lisboa. Ademais, os contratos são claros em favorecerem os metropolitanos ao estipularem diversas regras que cerceavam a margem de manobra dos sócios residentes em Pernambuco. Conclui-se, portanto, que existia uma centralização de capitais nas mãos dos sócios metropolitanos e que os lisboetas estipulavam as principais regras mercantis que os coloniais deveriam seguir.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Felipe Souza Melo, European University Institute

    Doutorando pelo European University Institute.

Referências

Fontes

Arquivo Histórico Ultramarino, ACL, CU, 015, Cx. 137, D. 10206.

Arquivo Histórico Ultramarino, ACL, CU, 015, Cx. 207, D. 14139.

Arquivo Histórico Ultramarino, ACL, CU, 015, Cx. 220, D. 14904 e D. 14497.

Arquivo Histórico Ultramarino, ACL, CU, 015, Cx. 270, D. 18008.

Arquivo Histórico Ultramarino, ACL, CU, 015, Cx. 269, D. 17903.

Arquivo Nacional Torre do Tombo, 7º CNL–Ofício A, Cx. 110, liv. 671, f. 40v–42v.

Arquivo Nacional Torre do Tombo, 10º CNL, Cx. 32, liv. 176, f. 4v–5v.

Arquivo Nacional Torre do Tombo, 6º CNL, Cx. 35, liv. 175, f. 89v-92.

Arquivo Nacional Torre do Tombo, 6º CNL, Cx. 24, liv. 120, f. 14-16v.

Arquivo Nacional Torre do Tombo, 10º CNL, Cx. 21, liv. 114, f. 12v–13.

Arquivo Nacional Torre do Tombo, 2º CNL, Cx. 132, liv. 626, f. 88v-90.

Arquivo Nacional Torre do Tombo, 10º CNL, Cx. 32, liv. 175, f. 58-58v.

Arquivo Nacional Torre do Tombo, 10º CNL, Cx. 38, liv. 206, f. 135-136.

Arquivo Nacional Torre do Tombo, 10º CNL, Cx. 32, liv. 175, f. 60-61.

Arquivo Nacional Torre do Tombo, 10º CNL, Cx. 39, liv. 211, f. 127.

Arquivo Nacional Torre do Tombo, 10º CNL, Cx. 32, liv. 176, f. 4v-5v.

Arquivo Nacional Torre do Tombo, 7º CNL – Ofício A, Cx. 110, liv. 671, f. 40v-42v.

Arquivo Nacional Torre do Tombo, 2º CNL, Cx. 132, liv.626, f. 88v-90.

Arquivo Nacional Torre do Tombo, 6º CNL, Cx. 30, liv. 150, f. 15-16v.

Arquivo Nacional Torre do Tombo, 10º CNL, Cx. 26, liv. 139 f. 92-92v.

Arquivo Nacional Torre do Tombo, 6º CNL, Cx. 24, liv. 120, f. 93-95v.

Arquivo Nacional Torre do Tombo, 6º CNL, Cx. 35, liv. 172, f. 45-46v.

Arquivo Nacional Torre do Tombo, 10º CNL, Cx. 36, liv. 190, f. 130v-131.

Arquivo Nacional Torre do Tombo, 10º CNL, Cx. 25, liv. 134, f. 52v-53v.

Arquivo Nacional Torre do Tombo, 6º CNL, Cx. 26, liv. 129, f. 7-8v.

Arquivo Nacional Torre do Tombo. Junta do Comércio, Registo Geral, Livro. 113, f. 128-129.

Arquivo Nacional Torre do Tombo, Junta do Comércio, mç. 10 (Cx. 38).

Referências Bibliográficas

ALDEN, Dauril. Late colonial Brazil, 1750-1808. In: BETHELL, Leslie (Org.). The Cambridge History of Latin America. Volume 2: Colonial Latin America. Cambridge: Cambridge University Press, 1984, p. 601-660.

ALENCASTRO, Luiz Felipe de. O trato dos viventes: formação do Brasil no Atlântico Sul, séculos XVI e XVII. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

ARRUDA, José Jobson de Andrade. O Brasil no comércio colonial. São Paulo: Ática, 1980.

ARRUDA, José Jobson de Andrade. O Império tripolar: Portugal, Angola, Brasil. In: SCHWARTZ, Stuart B.; MYRUP, Erik Lars (Orgs.). O Brasil no império marítimo português. Bauru: EDUSC, 2009, p. 509-531.

BOHORQUEZ, Jesus. Para além do Atlântico Sul: fundamentos institucionais e financeiros do tráfico de escravos do Rio de Janeiro em finais do século XVIII. Revista de História, n. 178, p. 1-43, 2019. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revhistoria/articleview/148040Acesso em: 09 mar. 2020. doi: https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.rh.2019.148040.

BOTELHO, Tarcísio. A população da América portuguesa em finais do período colonial (1776-1822): fontes e estimativas globais. Anais de História de Além-Mar, n. 16, p. 79-106, 2015.

CARLOS, Ann; NICHOLAS, Stephen. Agency Problems in Early Chartered Companies: The Case of the Hudson’s Bay Company. The Journal of Economic History, v. 50, n. 4, p. 853-875, 1990. Disponível em: http://www.jstor.org/stable/2122458. Acesso em: 06 jul. 2019.

COSTA, Leonor Freire. O Transporte no Atlântico e a Companhia Geral do Comércio do Brasil (1580-1663), Vol. 1. Lisboa: CNCDP, 2002a.

COSTA, Leonor Freire. Império e grupos mercantis. Entre o Oriente e o Atlântico (século XVII). Lisboa: Livros horizonte, 2002b.

COSTA, Leonor Freire. Entre o açúcar e o ouro: permanência e mudança na organização dos fluxos (séculos XVII e XVIII). In: FRAGOSO, João, et. al. (Org.) Nas rotas do império. Eixos mercantis, tráfico e relações sociais no mundo português. Vitória: EDUFES, 2014.

DE VRIES, Jan. The Dutch Atlantic economies. In: COCLANIS, Peter A. (Edit) The Atlantic economy during the seventeenth and eighteenth centuries. Organization, operation, practice and personnel. South Carolina: University of South Carolina Press, 2005.

ENSMINGER, Jean. Reputations, trust, and the principal agent problem. In: COOK, Karen S. (Org.). Trust in Society. New York: Russell Sage Foundation, 2001, p. 185-201.

ERIKSON, Emily. Between monopoly and free trade: the English East India Company, 1600-1757. Princeton; Oxford: Princeton University Press, 2014.

FLORENTINO, Manolo Garcia. Em costas negras: uma história do tráfico atlântico de escravos entre a África e o Rio de Janeiro: séculos XVIII e XIX. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.

FLORY, Rae. Bahian society in the mid-colonial period: the sugar planters, tobacco growers, merchants, and artisans of Salvador and the Recôncavo, 1680-1725. Tese de doutorado, University of Texas, Austin, 1978.

FRAGOSO, João. Homens de grossa aventura: acumulação e hierarquia na praça mercantil do Rio de Janeiro, 1790-1830. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1998.

FRAGOSO, João. A noção de economia colonial tardia no Rio de Janeiro e as conexões econômicas do Império português: 1790-1820. In: FRAGOSO, João; BICALHO, Maria Fernanda; GOUVÊA, Maria de Fátima (Org.). O Antigo Regime nos Trópicos: a dinâmica imperial portuguesa (séculos XVI-XVIII). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.

FRAGOSO, João; FLORENTINO, Manolo. Negociantes, mercado atlântico e mercado regional. Estrutura e dinâmica da praça mercantil do Rio de Janeiro entre 1790 e 1812. In: FURTADO, Júnia Ferreira (Org.). Diálogos oceânicos. Minas Gerais e as novas abordagens para uma história do Império Ultramarino Português. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2001a.

FRAGOSO, João; FLORENTINO, Manolo. O arcaísmo como projeto: mercado atlântico, sociedade agrária e elite mercantil em uma economia colonial tardia: Rio de Janeiro, c.1790-c.1840. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001b.

FURTADO, Júnia Ferreira. Homens de negócio. A interiorização da metrópole e do comércio nas minas setecentistas. São Paulo: Editora Hucitec, 2006.

GARCIA-BAQUERO, Antonio. Cadiz y El Atlantico (1717-1778). El comercio colonial español bajo El monopolio gaditano (Tomo I). Cadiz: Diputacion Provincial de Cadiz, 1988.

GREIF, Avner. Reputation and Coalitions in Medieval Trade: Evidence on the Maghribi Traders,” The Journal of Economic History 49, no. 4, 1989. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/2122741. Acesso em: 07 set. 2019.

JENSEN, Michael; MECKLING, William. Theory of the firm: Managerial behavior, agency costs and ownership structure. Journal of Financial Economics, v. 3, n. 4, p. 305–360, 1976. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/0304405X7690026X. Acesso em: 02 ago. 2018.

KISER, Edgar. Comparing Varieties of Agency Theory in Economics, Political Science, and Sociology: An Illustration from State Policy Implementation. Sociological Theory, v. 17, n. 2, p. 146-170, 1999. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/202095. Acesso em: 13 nov. 2019.

LOPEZ, Robert; RAYMOND, Irving Woodworth. Medieval trade in the Mediterranean world. Columbia: Columbia University Press, 1961.

LUGAR, Catherine. The merchant community of Salvador, Bahia, 1780-1830. Tese de doutorado, State University of New York at Stony Brook, New York, 1980.

MARIUTTI, Eduardo Barros; NETO, Mário Danieli. Mercado Interno Colonial e Grau de Autonomia: Críticas às Propostas de João Luís Fragoso e Manolo Florentino. Estudos Econômicos (São Paulo), v. 31, n. 2, p. 369-393, 2001. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/ee/article/view/117744. Acesso em: 04 jul. 2018.

MAXWELL, Kenneth. Pombal and the Nationalization of the Luso-Brazilian Economy. Hispanic American Historical Review 48, no. 4, November 1968. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/2510901. Acesso em: 10 nov. 2017. doi: https://doi.org/10.2307/2510901.

MENZ, Maximiliano. O crédito e a economia colonial. In: CARRARA, Angelo Alves (org.). À vista ou a prazo: comércio e crédito nas Minas setecentistas. Juiz de Fora: Ed. UFJF, 2010.

MENZ, Maximiliano. Domingos Dias da Silva, o último contratador de Angola: a trajetória de um grande traficante de Lisboa. Tempo, v. 23, n. 2, p. 383–407, 2017. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-77042017000200383&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em: 15 abr. 2018. Doi: http://dx.doi.org/10.1590/tem-1980-542x2017v230210.

NASH, R. C. The organization of trade and finance in the British Atlantic economy, 1600-1830. In: COCLANIS, Peter A. (Edit) The Atlantic economy during the seventeenth and eighteenth centuries. Organization, operation, practice and personnel. South Carolina: University of South Carolina Press, 2005.

PEDREIRA, Jorge. Os Homens de Negócio da Praça de Lisboa de Pombal ao Vintismo (1755-1822). Diferenciação, reprodução e identificação de um grupo social. Tese de doutorado, Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, 1995.

PESAVENTO, Fábio. Um pouco antes da corte: a economia do Rio de Janeiro na segunda metade do setecentos. Jundiaí: Paco Editorial, 2013.

PRICE, Jacob. What did merchants do? Reflections on British oversea trade, 1660-1790. The journal of economic history. Vol. XLIX, n. 2, 1989. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/2124062. Acesso em: 19 mai. 2016.

PRICE, Jacob. Transaction costs. A note on Merchant credit and the organization of private trade. In TRACY, James (ed.) The Political Economy of Merchant Empires. State Power and World Trade, 1350-1750. Cambridge: Cambridge University Press, 1991.

ROSS, Stephen. The Economic Theory of Agency: The Principal’s Problem. The American Economic Review, v. 63, n. 2, p. 134–139, 1973. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/1817064. Acesso em: 20 dez. 2018.

RUSSELL-WOOD, A. J. R. Senhores de engenho e mercadores. In: BETTHENCOURT, Francisco; CHAUDHURI, Kirti (Org.). História da expansão portuguesa. Vol. III. O Brasil na balança do Império (1697-1808). Lisboa: Círculo de Leitores, 1998.

SAMPAIO, Antônio Carlos Jucá de. Os homens de negócio do Rio de Janeiro e sua atuação nos quadros do Império português (1701-1750). In: FRAGOSO, João; BICALHO, Maria Fernanda; GOUVÊA, Maria de Fátima (Org.). O Antigo Regime nos Trópicos: a dinâmica imperial portuguesa (séculos XVI-XVIII). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.

SCHWARTZ, Stuart. Somebodies and Nobodies in the Body Politic: Mentalities and Social Structures in Colonial Brazil. Latin American Research Review, v. 31, n. 1, p. 113-134, 1996. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/2503851. Acesso em: 18 fev. 2017.

SILVA, Antonio Delgado da. Collecção da Legislação portuguesa desde a ultima compilação das ordenações [...]. Vol. 1. Lisboa: Tip. Maigrense, Correia da Cunha, 1830-1849.

SMITH, David Grant. The mercantile class of Portugal and Brazil in the seventeenth century: a socio-economic study of the merchants of Lisbon and Bahia, 1620-1690. Tese de doutorado, Universidade do Texas, Austin, 1975.

SOUZA, George F. Cabral de. Tratos e mofatras: o grupo mercantil do Recife colonial (c. 1654-c. 1759). Recife: Editora Universitária da UFPE, 2012.

SOUZA, George F. Cabral de. Elites e exercício de poder no Brasil colonial: a câmara municipal do Recife, 1710-1822. Recife: Editora UFPE, 2015.

STRUM, Daniel. The Portuguese Jews and New Christians in the Sugar Trade: Managing Business Overseas – Kinship and Ethnicity Revisited (Amsterdam, Porto and Brazil, 1595-1618). Tese de Doutorado, Hebrew University of Jerusalem, Jerusalem, 2009.

TRIVELLATO, Francesca. The Familiarity of Strangers: The Sephardic Diaspora, Livorno, and Cross-Cultural Trade in the Early Modern Period. New Haven London: Yale University Press, 2012.

ZAHEDIEH, Nuala. The Capital and the Colonies: London and the Atlantic Economy (1660-1700). Cambridge: Cambridge University Press, 2010.

Downloads

Publicado

2021-04-12

Edição

Seção

História e Economia

Como Citar

MELO, Felipe Souza. Hierarquias mercantis no Atlântico Português: as relações de agência no comércio entre Portugal e Brasil, 1780 a 1807. Revista de História, São Paulo, n. 180, p. 1–43, 2021. DOI: 10.11606/issn.2316-9141.rh.2021.167979. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/167979.. Acesso em: 24 abr. 2024.

Dados de financiamento