O Conselho Ultramarino e as queixas e agravos do ultramar português (Minas Gerais, 1750-1808)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.rh.2020.183693

Palavras-chave:

Conselho Ultramarino, Queixas, Minas Gerais, Garantia de direitos, Petições extrajudiciais

Resumo

O objetivo deste artigo é examinar alguns dos tipos de queixa a partir das quais os súditos do ultramar buscavam e muitas vezes logravam a intercessão do monarca e de seu Conselho Ultramarino frente às condutas antijurídicas dos oficiais. Explicar esses mecanismos requer identificar suas conformações, considerando a “condição” de quem pedia, a forma a partir da qual se pedia, as razões pelas quais se pedia, os “remédios” efetivamente pedidos e, não menos importante, os procedimentos institucionais que suscitaram no Conselho Ultramarino – aspectos que podem, como argumentarei, ser, em boa medida, lastreados na sedimentação documental e arquivística da instituição. Para tanto, parto do corpus documental da instituição pertinente à capitania de Minas Gerais na segunda metade do século XVIII. Meu enfoque será o mundo formal e institucional tomando-o como dimensão relevante para compreensão da cultura jurídica do período e dos dispositivos a partir dos quais o poder régio, através de seu Conselho Ultramarino, se fazia presente nos territórios do ultramar e exercia, direta ou indiretamente, uma função de controle, ou ao menos, de tutela e disciplina sobre o oficialato.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Renata Silva Fernandes, Universidade Federal de São Paulo

    Doutora em História pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Pesquisadora de Pós-Doutorado (FAPESP) na Universidade Federal de São Paulo.

Referências

ARRIETA ALBERDI, Jon. Justicia, gobierno y legalidad en la Corona de Aragón del siglo XVII. In: Estudis: Revista de historia moderna, no 22, 1996, pp. 217-248.

BARRAGÁN BARRAGÁN, José. Algunas consideraciones sobre los cuatro recursos de amparo regulados por las Siete Partidas. 2ª ed. Guadalajara: Universidad de Guadalajara, 2000.

BICALHO, Maria Fernanda. “Possuidores despóticos”: Historiografia, denúncia e fontes sobre a corrupção na América portuguesa. In: Revista Complutense de História de América, vol. 43, 2017. Disponível em: <https://revistas.ucm.es/index.php/RCHA/article/view/56729>. Acesso em 1 mar. 2019. doi: https://doi.org/10.5209/RCHA.56729.

BICALHO, Maria Fernanda. Entre a teoria e a prática: dinâmicas político-administrativas em Portugal e na América Portuguesa (séculos XVII e XVIII). In: Revista de História, São Paulo, n. 167, julho/dezembro 2012, pp. 75-98. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/49068>. Acesso em 11 nov. 2018. doi: https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.v0i167p75-98.

BICALHO, Maria Fernanda; COSTA, André. O Conselho Ultramarino e a emergência do secretário de Estado na comunicação política entre o reino e as conquistas. In: FRAGOSO, João & MONTEIRO, Nuno (orgs.). Um reino e suas repúblicas no Atlântico: comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola nos séculos XVII e XVIII. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2017.

BOSCHI, Caio. Projeto Resgate: História e arquivística (1982-2014). In: Revista Brasiselira de História, São Paulo, v. 38, n. 78, p. 187-208, Aug. 2018. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/rbh/a/MP8TBwLRF7cCrbhPfJVGtgp/?lang=pt>. Acesso em 12 nov. 2019. doi: http://dx.doi.org/10.1590/1806-93472018v38n78-09.

CAETANO, Marcello. O Conselho Ultramarino: esboço da sua história. Rio de Janeiro: Sá Cavalcante editores, 1969.

CAMARINHAS, Nuno. As residências dos cargos de justiça letrada. In: STUMPF & CHATURVEDULA (orgs.). Cargos e ofícios nas monarquias ibéricas. provimento, controlo e venalidade (séculos XVIIXVIII). Lisboa: CHAM, 2012.

CARDIM, Pedro. “Administração” e “governo”: uma reflexão sobre o vocabulário do Antigo Regime. In: BICALHO, Maria Fernanda; FERLINI, Vera (orgs.). Modos de Governar: ideias e práticas políticas no Império Português, séculos XVI a XIX. 2ª ed. São Paulo: Alameda, 2005.

CARDIM, Pedro. Cortes e Cultura Política no Portugal do Antigo Regime. Lisboa: Cosmos, 1998.

CARDIM, Pedro. O quadro constitucional. Os grandes paradigmas de organização política: a coroa e a representação do Reino. As cortes. In: MATTOSO, José (dir.); HESPANHA, António Manuel (coord.). História de Portugal. O Antigo Regime. v. 4. Lisboa: Estampa, 1998.

CASTRO, Gabriel Pereira de. Tractatus de manu regia. Lisboa: Ex Typis Joannis Baptistae Lerz, 1742.

CERUTTI, Simona. Archaeology of rights: petitions and mercy in early modern societies. Columbia University, The Italian Academy, 2018.

CLAVERO, Bartolomé. Justicia y Gobierno. Economía y Gracia. In: Real Chancillería de Granada. V Centenario 1505-2005. Granada: Junta de Andalucía, 2006.

CRUZ, Miguel Dantas da. Um Império de conflitos: o Conselho Ultramarino e a defesa do Brasil. Lisboa: ICS: Imprensa de Ciências Sociais, 2015.

CURTO, Diogo Ramada. Cultura Imperial e Projetos Coloniais (séculos CV a XVIII). Campinas: Ed. Unicamp, 2009.

FERREIRA, Manuel Lopes. Pratica criminal expendida na forma da praxe observada neste nosso Reyno de Portugal [...]. Porto: Na Officina de Antonio Alves Rybeyro Guimaraens, 1767.

FRAGOSO, João & MONTEIRO, Nuno (orgs). Um reino e suas repúblicas no Atlântico: comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola nos séculos XVII e XVIII. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2017.

GARRIGA, Carlos. Gobierno y Justicia: el gobierno de la justicia. Cuadernos de Derecho Judicial, no 7, 2008.

GARRIGA, Carlos. La ley del estilo 135: sobre la construcción de la mayoría de justicia en Castilla. In: Initium: Revista catalana d’historia del dret, 15, 2010, pp. 315-406.

GOUVÊA PINTO, António Joaquim de. Manual de appellações e aggravos, ou, deducção systematica dos principios mais solidos e necessarios, relativos a sua materia, fundamentada nas leis deste reino, para uso e utilidade da magistratura, e adovocacia. Segunda edição duplicadamente augmentada. Lisboa: Na Impressão Régia, 1820.

HANSEN, João Adolfo. A sátira e o engenho: Gregório de Matos e a Bahia do século XVII. São Paulo: Ateliê Editorial/UNICAMP, 2004.

HESPANHA, António Manuel. A política perdida: ordem e governo antes da modernidade. Curitiba: Juruá, 2010.

HESPANHA, António Manuel. Como os juristas viam o mundo. 1550-1750: Direitos, estados, coisas, contratos, ações e crimes. Lisboa: Antônio Manuel Hespanha, 2015.

HESPANHA, António Manuel. História das instituições: épocas medieval e moderna. Lisboa: Almedina, 1982.

HESPANHA, António Manuel. Justiça e litigiosidade: História e prospectiva. Lisboa: Calouste Gulbekian, 1993.

HESPANHA, António Manuel. Os poderes, os modelos e os instrumentos de controlo. In: MATTOSO, José (dir.) & MONTEIRO, Nuno Gonçalo (coord.). História da vida privada em Portugal. Lisboa: Círculo de Leitores, 2011.

LOUREIRO, Marcello José Gomes. “Como poderemos restaurar depois de perdido, senão fazendo Justiça?” O Conselho Ultramarino e o diálogo com as conquistas em tempos de incerteza (1640-1656). In: Lócus: revista de história, v. 24, n. 1, p. 121-146, 2018. Disponível em: <https://periodicos.ufjf.br/index.php/locus/article/view/20869/22386>. Acesso em 1 jan. 2021. doi: https://doi.org/10.34019/2594-8296.2018.v24.20869.

MARTINS, Ana Canas Delgado. A documentação do Conselho Ultramarino como património arquivístico comum: subsídios à sua história. In: Revista Brasileira de História, v. 38, nº 78, 2018. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/rbh/a/yVRbFLNyr5w4HrBmDy3dnVG/abstract/?lang=pt>. Acesso em 5 abr. 2019. doi: https://doi.org/10.1590/1806-93472018v38n78-02.

MASTERS, Adrian. A Thousand Invisible Architectis: Vassals, the petition and response system and the creation of Spanish Imperial. In: Hispanic American Historical Review, 98:3, 2018. pp. 377-406. Disponível em: <https://read.dukeupress.edu/hahr/article-abstract/98/3/377/135091/A-Thousand-Invisible-Architects-Vassals-the>. Acesso em 15 dez. 2018. doi: https://doi.org/10.1215/00182168-6933534.

MELLO, Isabele de Matos Pereira. Sindicantes e sindicados: os magistrados e suas residências na América portuguesa (século XVIII). In: Revista Historia y Justicia, 8, 2017. Disponível em: <https://journals.openedition.org/rhj/930>. Acesso em 20 dez. 2020. doi: https://doi.org/10.4000/rhj.930.

MONTEIRO, Nuno & COSENTINO, Francisco. Grupos corporativos e comunicação política. In: FRAGOSO, João & MONTEIRO, Nuno (orgs.). Um reino e suas repúblicas no Atlântico: comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola nos séculos XVII e XVIII. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2017.

NUBOLA, Cecilia. La “via supplicationis” negli stati italiani della prima età moderna (secoli XV-XVIII). In: WÜRGLER, Andreas & NUBOLA, Cecilia. Suppliche e “gravamina”. Politica, amministrazione, giustizia in Europa (secoli XIV-XVIII). Bologna: Il Mulino, 2002.

PEREIRA E SOUSA, Joaquim José Caetano. Primeiras linhas sobre o procésso criminal [...]. Lisboa: Typografia Rollandiana, 1820.

PEREIRA E SOUZA, Joaquim José Caetano. Classes dos crimes, por ordem systematica, com as penas correspondentes segundo a legislação actual. Lisboa: Regia Officina Typografica, 1803.

POLO MARTÍN, Regina Maria. Consejos y Consultas: La consulta como instrumento de gobierno en la Monarquía hispánica del Antiguo Régimen. Un estudio jurídico-institucional, con especial referencia al Consejo de Castilla. Bilbao: Fundación BBVA, 2018.

ROMEIRO, Adriana. Corrupção e poder no Brasil. Uma história, séculos XVII a XVIII. Belo Horizonte: Autêntica, 2017.

RUSSELL-WOOD, A. J. R. “Acts of Grace”: Portuguese Monarchs and their subjects of African Descent in Eighteenth-Century Brazil. In: Journal of Latin American Studies, 32, 2000, p. 307-332. Disponível em: <https://www.jstor.org/stable/158567>. Acesso em 12 dez. 2019. doi: https://doi.org/10.1017/S0022216X00005757.

SANTANA, Ricardo George Souza. Lourenço de Brito Correa: o sujeito mais perverso e escandaloso. Conflitos e suspeitas de motim no segundo vice-reinado do Conde de Óbitos (Bahia, 1663-1667). Dissertação (Mestrado em História), Universidade Estadual de Feira de Santana, 2012.

SLEMIAN, Andréa & GARRIGA, Carlos. “Em trajes brasileiros”: justiça e constituição na América ibérica (c. 1750-1850). In: Revista de História, USP, 2013, n. 169, pp. 181-221. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/69187>. Acesso em 20 out. 2015. doi: https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.v0i169p181-221.

SOUZA, Laura de Mello e. O sol e a sombra: política e administração na América Portuguesa do século XVIII. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

SOUZA, Laura de Mello; FURTADO, Júnia; BICALHO, Maria Fernanda. O governo dos povos. São Paulo: Alameda, 2009.

STUMPF, Roberta. Sobre as dúvidas que as autoridades na América portuguesa ofereciam ao centro da monarquia portuguesa. Uma reflexão sobre a prática e a comunicação política (c. 1600-c. 1750). In: Les Cahiers de Framespa, 30, 2019. Disponível em: <https://journals.openedition.org/framespa/5647>. Acesso em 20 fev. 2020. doi: https://doi.org/10.4000/framespa.5647.

SUBTIL, José. Le Tribunal du Desembargo do Paço (Portugal, 1750-1833). IUS COMMUNE, Max-Planck-Institut, Vol. XIX, 1992, pp. 169-188.

SUBTIL, José. Os poderes do centro. In: MATTOSO, José (dir.); HESPANHA, António Manuel (coord.). História de Portugal. O Antigo Regime. v. 4. Lisboa: Estampa, 1998.

Downloads

Publicado

2022-01-04

Edição

Seção

Dossiê: Autoria e Autoridade entre Antigos e Modernos

Como Citar

FERNANDES, Renata Silva. O Conselho Ultramarino e as queixas e agravos do ultramar português (Minas Gerais, 1750-1808). Revista de História, São Paulo, n. 181, p. 1–34, 2022. DOI: 10.11606/issn.2316-9141.rh.2020.183693. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/183693.. Acesso em: 16 abr. 2024.

Dados de financiamento