Quem são e onde estão os médicos formados pela residência do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo?
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v100i4p312-321Palavras-chave:
Educação médica, Internato e residência, Faculdades de medicinaResumo
Introdução: O Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) exerce importante papel na formação de médicos especialistas. Contudo, o perfil dos residentes do maior complexo médico da América Latina ainda é pouco estudado. Objetivo: Buscou-se descrever as características gerais e a distribuição geográfica dos médicos residentes HCFMUSP, bem como comparar aqueles graduados na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e os que se graduaram em outras instituições de ensino. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal descritivo baseado em dados secundários de registros profissionais e de formação dos médicos. Para analisar a localização e a distribuição geográfica dos médicos foram utilizados mapas de pontos e as tabulações apresentadas foram realizadas com o Software IBM 24.0 SPSS ®. Para comparações entre grupos distintos de médicos foi usado o teste de qui-quadrado para variáveis categóricas e o teste de t para variáveis contínuas. Um valor de p inferior a 0,05 foi considerado significativo. Resultados: O estudo considerou 8468 médicos que cursavam ou haviam concluído a Residência Médica no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo entre os anos de 1999 e 2019. Desses, 47,5% eram mulheres. A média de idade de ingresso foi de 26,8 anos. 77,1% dos médicos residentes foram graduados em escolas públicas. As especialidades mais escolhidas foram Clínica Médica (11,2%), Cirurgia geral (8,7%) e Pediatria (7,7%). A maioria dos residentes nasceu (58,0%) e reside (71,9%) no estado de São Paulo. Além disso, observa-se que os residentes, estavam, em 2019, concentrados principalmente nas capitais. Quanto à escola de graduação dos Residentes, 66,2% graduaram-se em outras escolas (não FMUSP). Neste grupo, 65%, graduaram-se em escolas médicas públicas e aproximadamente 25% vieram da região Nordeste. Discussão: Nos programas de Residência Médica devem ser consideradas a oferta de vagas, mas também as características, perfis e trajetórias dos médicos, assim como a origem e a escola de graduação, fatores que podem ser determinantes nas escolhas de especialidades e nas decisões futuras sobre inserção e localização do exercício profissional. Conclusão: O estudo mostrou que características sociodemográficas e informações sobre trajetórias e escolhas dos médicos Residentes são relevantes para a avaliação da instituição formadora e para subsidiar políticas de planejamento sobre força de trabalho médico.
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