Dor crônica inguinal, estamos atentos a essa complicação?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v101i1e-187494

Palavras-chave:

Hérnia inguinal, Dor crônica, Técnica de Lichtenstein

Resumo

A cirurgia de hérnia inguinal (HI) é um dos procedimentos mais comuns na prática do cirurgião geral. Estima-se que 20 milhões dessas operações sejam realizadas no mundo anualmente. Com o advento da técnica sem tensão e implante de tela sintética, as taxas de recidiva caíram expressivamente e a recidiva deixou de ser a principal complicação tardia após o reparo da hérnia inguinal. Hoje a principal complicação pós-operatória tardia da cirurgia de HI é a dor crônica inguinal pós-operatória (DCIP). A definição de DCIP é a dor pós-operatória da região inguinal após 3-6 meses da cirurgia. Relatamos o caso de um jovem paciente do sexo masculino que se apresentou com DCIP após ter sido previamente submetido a duas herniorrafias inguinais. Inicialmente apresentava dor inguinal a esquerda sem abaulamento evidente e na ocasião foi submetido a herniorrafia inguinal esquerda pela técnica de Lichtenstein. Não houve resolução da dor após a cirurgia. Após 1 ano foi novamente operado, dessa vez bilateralmente e infelizmente evoluiu com piora da dor apresentava dor predominantemente neuropática (em queimação e com irradiação para região testicular bilateralmente) e intensidade moderada (escala visual analógica 6), sem melhora com anti-inflamatórios não esteroidais ou analgésicos. Apresentava dor ao toque do anel inguinal externo bilateralmente, hiperestesia no teritório de nervos genito-femoral, ílio-hipogástrico e ílio-inguinal do lado esquerdo e hipoestesia no território dos três nervos do lado direito. Apresentou alívio temporário da dor após bloqueio anestésico inguinal bilateral. Paciente foi então submetido a triplo-neurectomia bilateral com remoção das telas de polipropileno. Em seguimento um ano após o tratamento cirúrgico, o paciente permanece sem dor inguinal.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Paulo Henrique Fogaça de Barros, Hospital Alemão Oswaldo Cruz

    Hospital Alemão Oswaldo Cruz - HAOC, São Paulo (SP), Brasil. 

  • Caroline Petersen da Costa Ferreira, Hospital Alemão Oswaldo Cruz

    Hospital Alemão Oswaldo Cruz - HAOC, São Paulo (SP), Brasil.

  • Bruno de Lucia  Hernani, Hernia Clinic

    Hernia Clinic, São Paulo (SP), Brasil.

  • Camila Scivoletto  Borges, Faculdade de Medicina do ABC

    Faculdade de Medicina do ABC, Santo André (SP), Brasil

  • Iron Pires Abreu Neto, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)

    Universidade Federal de São Paulo, São Paulo (SP), Brasil

     

     

  • João Nathanael Lima Torres, Hospital Israelita Albert Einstein

    Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo (SP), Brasil

     

     

  • Marcus Vinicius Figueiredo Lourenço, Hospital Israelita Albert Einstein

    Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo (SP), Brasil

     

  • Luciano Tastaldi, University of Texas Medical Branch

     

    University of Texas Medical Branch, Galveston (TX), Estados Unidos. 

Referências

The Hernia Surge Group Hernia. International guidelines for groin hernia management. Hernia. 2018;22:1-165. https://doi.org/10.1007/s10029-017-1668-x.

Lichtenstein IL, Shulman AG, Amid PK, Montllor MM. The tension-free hernioplasty. Am J Surg. 1989;157(2):188-93. https://doi.org/10.1016/0002-9610(89)90526-6.

Hu QL, Chen DC. Approach to the patient with chronic groin pain. Surg Clin N Am. 2018;98:651-65. https://doi.org/10.1016/j.suc.2018.02.002.

Alfieri S, Amid PK, Campanelli G, et al. International guidelines for prevention and management of post-operative chronic pain following inguinal hernia surgery. Hernia. 2011;15:239-49. https://doi.org/10.1007/s10029-011-0798-9.

Lange JFM, Kaufmann R, Wijsmuller AR, Pierie JPEN, Ploeg RJ, Chen DC, Amid PK. An international consensus algorithm for management of chronic postoperative inguinal pain. Hernia. 2015;19(1):33-43. https://doi.org/10.1007/s10029-014-1292-y.

Reinpold W, Schroeder AD, Schroeder M, Berger C, Roh, M, Wehrenberg U. Retroperitoneal anatomy of the iliohypogastric, ilioinguinal, genitofemoral, and lateral femoral cutaneous nerve: consequences for prevention and treatment of chronic inguinodynia. Hernia. 2015;19(4):539-48. https://doi.org/10.1007/s10029-015-1396-z.

Amid PK. New understanding of the causes and surgical treatment of postherniorrhaphy inguinodynia and orchialgia. In: Hernia repair sequelae. Berlin: Springer; 2010. p.287-92. https://doi.org/10.1007/978-3-642-11541-7_39.

Publicado

2022-02-21

Edição

Seção

Relato de Caso/Case Report

Como Citar

Barros, P. H. F. de, Ferreira, C. P. da C.,  Hernani, B. de L.,  Borges, C. S., Abreu Neto, I. P., Torres, J. N. L., Lourenço, M. V. F., & Tastaldi, L. (2022). Dor crônica inguinal, estamos atentos a essa complicação?. Revista De Medicina, 101(1), e-187494. https://doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v101i1e-187494