Sífilis em pessoas vivendo com HIV acompanhados em hospital de referência no Brasil entre 2015 e 2020.

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v102i3e-203426

Palavras-chave:

sífilis, coinfecção, HIV, Síndrome da Imunodeficiência Adquirida

Resumo

 Introdução: A coinfecção por sífilis e HIV/Aids é amplamente diagnosticada no Brasil pois, além do compartilhamento dos fatores de risco entre as doenças, as lesões da sífilis primária amplificam as chances de disseminação do HIV/Aids. As variáveis clínicas, laboratoriais e epidemiológicas da coinfecção podem modificar-se ao longo do tempo e devem ser periodicamente reavaliadas. Objetivo: Descrever as características clínicas, laboratoriais e epidemiológicas de pacientes com coinfecção de sífilis e HIV/Aids em um hospital no Recife, no período entre 2015 e 2020. Material e Métodos: Este foi um estudo transversal, retrospectivo, realizado por meio de questionário produzido pelos próprios pesquisadores, associando as variáveis clínicas, epidemiológicas, laboratoriais e terapêuticas relacionadas a sífilis em pessoas vivendo com HIV/Aids. Resultados: Foram incluídos 171 pacientes com idade média de 34,2 ± 11 anos, sendo 57,9% (99) do sexo masculino. Houve predomínio de homens pardos ou negros (p=0,017), solteiros, ou sem união estável (p<0,001), bissexuais ou homossexuais (p<0,001), que não realizam o uso de drogas ilícitas (p=0,026) e que realizam sexo anal (p<0,001). Entre as mulheres, predomínio de mulheres não empregadas (p<0,001) com renda inferior à linha de pobreza (p=0,032). O estágio clínico da sífilis em pacientes com HIV/Aids mais frequentemente diagnosticados foi a sífilis latente. Conclusão: Houve predomínio de pacientes com características sociodemográficas específicas, demonstrando um perfil de vulnerabilidade em homens homossexuais e bissexuais, e pardos, que não realizam uso de drogas ilícitas, e que realizam sexo anal. Entre as mulheres, houve predomínio de não empregadas e que vivem com uma renda inferior à linha da pobreza. O estágio clínico da sífilis mais frequentemente diagnosticado foi a sífilis latente. 

Palavras-chave (DeCS): sífilis; coinfecção; HIV; Síndrome de Imunodeficiência Adquirida.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

Chen G, Cao Y, Yao Y, Li M, Tang W, Li J, Babu GR, Jia Y, Huan X, Xu G, Yang H, Fu G, Li L. Syphilis incidence among men who have sex with men in China: results from a meta-analysis. Int J STD AIDS. 2017;28(2):170-8. doi: 10.1177/0956462416638224

Abara WE, Hess KL, Neblett Fanfair R, Bernstein KT, Paz-Bailey G. Syphilis Trends among men who have sex with men in the United States and Western Europe: a systematic review of trend studies published between 2004 and 2015. PLoS One. 2016;11(7):e0159309. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4957774/pdf/pone.0159309.pdf doi: 10.1371/journal.pone.0159309

World Health Organization. (2018). Report on global sexually transmitted infection surveillance, 2018. [cited 2023 Apr 27] https://www.who.int/publications/i/item/9789241565691

Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim Epidemiológico [Internet]. 2022 [cited 2023 Apr 12]. https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/boletins/epidemiologicos/especiais/2022/boletim-epidemiologico-de-sifilis-numero-especial-out-2022/view

Cunha CB, Friedman RK, de Boni RB, Gaydos C, Guimarães MRC, Siqueira BH, et al. Chlamydia trachomatis, Neisseria gonorrhoeae and syphilis among men who have sex with men in Brazil. BMC Public Health. 2015;15(1):686. https://bmcpublichealth.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12889-015-2002-0 doi: 10.1186/s12889-015-2002-0

Secretaría de Saúde, Governo de Pernambuco. Boletim Sífilis 2019. 2019 [cited 2023 Apr 12]. http://portal.saude.pe.gov.br/sites/portal.saude.pe.gov.br/files/boletim_sifilis_-_pernambuco_2019-.pdf

Frank TD, Carter A, Jahagirdar D, Biehl MH, Douwes-Schultz D, Larson SL, et al. Global, regional, and national incidence, prevalence, and mortality of HIV, 1980-2017, and forecasts to 2030, for 195 countries and territories: a systematic analysis for the Global Burden of Diseases, Injuries, and Risk Factors Study 2017. Lancet HIV. 2019;6(12):e831–59. https://www.thelancet.com/journals/lanhiv/article/PIIS2352-3018(19)30196-1/fulltext doi: 10.1016/S2352-3018(19)30196-1

UNAIDS. In Danger: UNAIDS Global AIDS Update 2022. 2022 [cited 2023 Apr 12]. https://www.unaids.org/sites/default/files/media_asset/2022-global-aids-update_en.pdf

Luppi CG, Gomes SEC, Silva RJC da, Ueno AM, Santos AMK dos, Tayra Â, et al. Fatores associados à coinfecção por HIV em casos de sífilis adquirida notificados em um Centro de Referência de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids no município de São Paulo, 2014*. Epidemiologia e Serviços de Saúde. 2018;10;27(1). https://www.scielo.br/j/ress/a/KJdVD8FNTMn6DQp9PjYgCgg/abstract/?lang=pt doi: 10.5123/S1679-49742018000100008

Melo CBB, de Lima JTS, Silva JF da Silva EF, Assy JGPL, Said RC, Berretta OCP, Gouvêa-e-Silva LF. HIV infection in the west region of Pará. Sci Med, 31(1), e38938. https://doi.org/10.15448/1980-6108.2021.1.38938

Caixeta, A. K. dos S., Souza, L. S. M. de, Fernandes, E. V., Dias, R. F. G., Menezes Filho, H. R. de, & Gouvêa-e-Silva, L. F. (2023). Pessoas vivendo com HIV/Aids no Sudoeste Goiano: caracterização sociodemográfica, clínica e laboratorial no ano de 2018. Rev Med, 102(1). https://doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v102i1e-195987

Wang H, Wang X, Li S. A case of lues maligna in an AIDS patient. Int J STD AIDS. 2012;23(8):599–600. https://journals.sagepub.com/doi/10.1258/ijsa.2012.011413?url_ver=Z39.88-2003&rfr_id=ori:rid:crossref.org&rfr_dat=cr_pub%20%200pubmed doi: 10.1258/ijsa.2012.011413

Lejman K, Starzycki Z. Syphilis maligna praecox. A case report. Sex Transm Infect. 1972;48(3):194–9. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1048307/ doi: 10.1136/sti.48.3.

Barker EK, Malekinejad M, Merai R, Lyles CM, Sipe TA, DeLuca JB, Ridpath AD, Gift TL, Tailor A, Kahn JG. Risk of Human Immunodeficiency Virus Acquisition Among High-Risk Heterosexuals With Nonviral Sexually Transmitted Infections: A Systematic Review and Meta-Analysis. Sex Transm Dis. 2022 Jun 1;49(6):383-397. doi: 10.1097/OLQ.0000000000001601

Köksal MO, Beka H, Evlice O, Çiftçi S, Keskin F, Başaran S, Akgül B, Eraksoy H, Ağaçfidan A. Syphilis seroprevalence among HIV-infected males in Istanbul, Turkey. Rev Argent Microbiol. 2020 Oct-Dec;52(4):266-271. doi: 10.1016/j.ram.2020.01.002.

Wu MY, Gong HZ, Hu KR, Zheng HY, Wan X, Li J. Effect of syphilis infection on HIV acquisition: a systematic review and meta-analysis. Sex Transm Infect. 2021 Nov;97(7):525-533. doi: 10.1136/sextrans-2020-054706

Gállego-Lezáun C, Arrizabalaga Asenjo M, González-Moreno J, Ferullo I, Teslev A, Fernández-Vaca V, Payeras Cifre A. Syphilis in Men Who Have Sex With Men: A Warning Sign for HIV Infection. Actas Dermosifiliogr. 2015 Nov;106(9):740-5. English, Spanish. doi: 10.1016/j.ad.2015.05.010

Aydin ÖA, Karaosmanoğlu HK, Sayan M, İnce ER, Nazlıcan Ö. Seroprevalence and risk factors of syphilis among HIV/AIDS patients in Istanbul, Turkey. Cent Eur J Public Health. 2015 Mar;23(1):65-8. doi: 10.21101/cejph.a4001.

Spornraft-Ragaller P, Schmitt J, Stephan V, Boashie U, Beissert S. Characteristics and coinfection with syphilis in newly HIV-infected patients at the University Hospital Dresden 1987-2012. J Dtsch Dermatol Ges. 2014 Aug;12(8):707-16. doi: 10.1111/ddg.12382.

Santos AMG, Souza Júnior VR, Melo FL, Aquino AECA, Ramos MOA, Araújo LM, Lira CR, Sobral PM, Figueiroa F, Melo HRL, Araújo PSR. Prevalence and risk factors of syphilis and human immunodeficiency virus co-infection at a university hospital in Brazil. Rev Soc Bras Med Trop. 2018 Nov-Dec;51(6):813-8. doi: 10.1590/0037-8682-0097-2018.

Pires CAA, Lopes NS, Fayal SP, Lopes L da S, Martins BV de O. Aspectos clínicos e epidemiológicos de pacientes com coinfecção HIV/sífilis atendidos em um centro de referência. Braz J Hea Rev. 2020;3(4):7635-53. https://brazilianjournals.com/ojs/index.php/BJHR/article/view/12814 doi: 10.34119/bjhrv3n4-035

Karp G, Schlaeffer F, Jotkowitz A, Riesenberg K. Syphilis and HIV co-infection. Eur J Intern Med. 2009;20(1):9-13. https://www.ejinme.com/article/S0953-6205(08)00130-1/fulltext doi: 10.1016/j.ejim.2008.04.002

Sands M, Markus A. Lues maligna, or ulceronodular syphilis, in a Man Infected with Human Immunodeficiency Virus: Case Report and Review. Clin Infect Dis. 1995;20(2):387-90. https://academic.oup.com/cid/article-abstract/20/2/387/376905?redirectedFrom=fulltext&login=false doi: 10.1093/clinids/20.2.387

Nnoruka EN, Ezeoke ACJ. Evaluation of syphilis in patients with HIV infection in Nigeria. Trop Med Int Health. 2005;10(1):58-64. https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1365-3156.2004.01344.x doi: 10.1111/j.1365-3156.2004.01344.x

Marra CM. Neurosyphilis. CONTINUUM: Lifelong Learn Neurol. 2015;21:1714-28. Available from: https://journals.lww.com/continuum/Abstract/2015/12000/Neurosyphilis.17.aspx doi: 10.1212/CON.0000000000000250

Hook EW. Syphilis. Lancet. 2017;389(10078):1550-7. https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(16)32411-4/fulltext doi: 10.1016/S0140-6736(16)32411-4

Publicado

2023-06-29

Edição

Seção

Artigos Originais/Originals Articles

Como Citar

Alencar, A. A. R. ., Magalhães, M. de A., Lima, H. V. C. de A. e, Medeiros, F. P. M. de, Melo, J. M. G. de, & Souza, E. da S. (2023). Sífilis em pessoas vivendo com HIV acompanhados em hospital de referência no Brasil entre 2015 e 2020. Revista De Medicina, 102(3), e-203426. https://doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v102i3e-203426