Psicossexualidade, feminilidade e gênero
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v104i1e-231400Palavras-chave:
Sexualidade, Identidade de Gênero, Feminino, MedicinaResumo
Introdução: O termo psicossexualidade diz respeito aos aspectos psíquicos que sugestionam a atividade e os impulsos sexuais. Influenciada por fatores culturais e psicológicos, a psicossexualidade é moldada por instituições e pressões sociais que reforçam normas hegemônicas, especialmente a heterossexualidade. O objetivo do estudo foi avaliar a compreensão de identidade e expressão de gênero entre acadêmicos de medicina e sua relevância para uma formação inclusiva. Buscou-se a desconstrução de estereótipos misóginos, oportunizando a igualdade de gênero, a promoção da saúde e validação dos direitos humanos do sujeito feminino. Materiais e Métodos: Estudo qualitativo, descritivo e exploratório, realizado pela IFMSA Brazil. Este foi conduzido por meio de uma palestra educativa e aplicação de questionários sobre gênero e sexualidade, aplicado pré e pós-palestra. Os participantes eram estudantes de uma universidade privada do Sul do Brasil com idade superior a 18 anos. Os dados coletados foram tabulados para análise de impacto buscando medir a evolução das compreensões dos participantes sobre os temas discutidos. Resultados: Anteriormente à palestra, as representações sobre feminilidade e masculinidade eram tradicionalmente divididas, sendo a feminilidade associada à delicadeza, maternidade e empoderamento, e a masculinidade ligada a força física e capacidade de liderança. A identidade de gênero era vista, majoritariamente, como o sexo de nascimento, com apenas 60% reconhecendo-a como uma identidade pessoal. Após o evento, as percepções se diversificaram: a feminilidade passou a ser vista como liberdade e força, e a masculinidade como algo fluido. Todos os participantes passaram a compreender a identidade de gênero como uma questão pessoal, independentemente do sexo de nascimento. A atividade estimulou uma reflexão crítica, promovendo a desconstrução de estereótipos e ajudando a criar um ambiente mais inclusivo em que igualdade de gênero e autonomia de mulheres cis e trans sejam valorizadas. Espera-se que visão se espalhe para além do evento, contribuindo para uma sociedade mais igualitária. Conclusão: A atividade abordou psicossexualidade, feminilidade e gênero, promovendo o empoderamento de mulheres cis e trans ao aumentar a compreensão sobre identidade e sexualidade. Questionou ainda os estereótipos de gênero, incentivando uma visão mais inclusiva e promovendo a conscientização sobre violência de gênero. Essa reflexão contribui para a criação de comunidades mais seguras e solidárias, além de possibilitar o aprimoramento de futuras iniciativas por meio da análise crítica dos impactos na comunidade acadêmica.
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