Avaliação do metabolismo mineral de pacientes com doença renal crônica em diálise peritoneal: correlação entre parâmetros clínicos, bioquímicos e de histologia óssea

Autores

  • Monique Mendes Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina
  • Rodrigo Azevedo de Oliveira Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina
  • Vanda Jorgetti Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina, Departamento de Clínica Médica

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v92i1p52-56

Palavras-chave:

Insuficiência renal crônica, Diálise peritoneal, Nefropatias, Densidade óssea.

Resumo

Introdução. Os distúrbios mineral e ósseo da doença renal crônica (DMO-DRC) são complicações frequentes e severas nos pacientes em diálise. Esses distúrbios estão bem documentados nos pacientes em hemodiálise (HD), entretanto naqueles tratados com diálise peritoneal (DP) os estudos são raros, a grande maioria não avalia o tecido ósseo através de biópsia, além de apresentarem limitações metodológicas. Dessa forma são necessários estudos que avaliem os DMO-DRC nessa população. Objetivos. O objetivo deste estudo foi avaliar o perfil dos DMO-DRC (características clínicas, laboratoriais, presença de calcificação vascular e tipo de doença óssea) nos pacientes em DP. Metodologia. 29 pacientes em DP com idade entre 18 e 65 anos, em tratamento há pelo menos 6 meses, foram submetidos à avaliação clínica e laboratorial, radiografia de mãos e quadris para detecção de calcificação vascular e à biópsia de crista ilíaca para análise histomorfométrica, além de quantificação da expressão de proteínas ósseas detectadas por imunohistoquímica. Resultados. As principais características bioquímicas e histomorfométricas da população estudada foram: cálcio ionizado: 4.84 ± 0.35mg/ dl; fósforo: 4.9 ± 1.74mg/dl; fosfatase alcalina: 108 ± 37.8U/L; iPTH: 355 (75-2435)pg/ml; esclerostina: 1,667.6 ± 1,181.3ng/ml; FGF-23: 494.5 (76-7122) pg/ml; 25 (OH) vitamina D 12.4 ± 7.3ng/ml. Parâmetros histomorfométricos: Remodelação óssea: BFR/BS 0.01 (0.001-0.1)μm3/μm2/d; Mineralização: OV/BV 3.32 ± 3.82%; Mlt: 66.8 (83-1098) dias; Volume ósseo: BV/TV: 23.1 ± 8.3%. Todos os pacientes apresentavam hipovitaminose D, sendo que 31% tinham deficiência e 69% insuficiência e defeito na mineralização óssea. Distúrbios de alta e baixa remodelação óssea foram detectados em 48,3% e 51,7% dos pacientes, respectivamente. Observou-se predomínio de doença adinâmica (DA). Calcificação Vascular foi detectada em 24% dos pacientes e encontramos associação entre a presença de calcificação vascular e doença de baixa remodelação. A expressão de esclerostina nas traves ósseas correlacionou-se negativamente com o volume ósseo (r:-0.45 P:0.01). O volume ósseo estava preservado em 70% dos pacientes. Discussão. Quanto ao perfil bioquímico, chama atenção a alta prevalência de deficiência e insuficiência de Vitamina D (100% dos doentes analisados). Sabe-se que os níveis de 25 (OH) vitamina D são mais baixos nos pacientes em diálise comparados aos indivíduos saudáveis, sobretudo naquelas que fazem DP, o que se justifica pela grande perda através do peritônio. Os resultados da análise histológica confirmaram os observados na literatura. Encontramos predomínio de doença adinâmica. No entanto, ao agruparmos os pacientes em alto e baixo remodelamento ósseo o primeiro grupo prevaleceu. A esclerostina é uma proteína recentemente descoberta, produzida pelos osteócitos e que tem uma ação inibitória sobre a formação do tecido ósseo. Através de imunohistoquímica documentamos a presença de tal proteína nas traves ósseas e a sua expressão se correlacionou negativamente com o volume ósseo. (r:-0,45; p: 0,01). Conclusões. A prevalência de doenças de baixa e alta remodelação foi semelhante nos pacientes. A DA foi o tipo histológico mais frequente. Observamos ainda associação entre baixa remodelação óssea e calcificação vascular. É relevante a detecção de 100% de hipovitaminose D nos pacientes estudados e a reposição de 25(OH) vitamina D deve ser considerada. Esclerostina, pode ter um papel no desenvolvimento de doenças de baixa remodelação.

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Biografia do Autor

  • Monique Mendes, Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina

    Acadêmica do Curso de Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Trabalho premiado em 1o lugar Prêmio Painel Área Clínica - XXXI Congresso Médico Universitário da FMUSP - COMU 2012.

  • Rodrigo Azevedo de Oliveira, Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina
    Médico, Pó-graduando do Programa de Nefrologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
  • Vanda Jorgetti, Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina, Departamento de Clínica Médica

    Médica Assistente do HCFMUSP, Orientadora do Programa de pós-graduação de Nefrologia, Departamento de Clínica Médica, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

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Publicado

2013-03-20

Edição

Seção

Painéis - COMU

Como Citar

Mendes, M., Oliveira, R. A. de, & Jorgetti, V. (2013). Avaliação do metabolismo mineral de pacientes com doença renal crônica em diálise peritoneal: correlação entre parâmetros clínicos, bioquímicos e de histologia óssea. Revista De Medicina, 92(1), 52-56. https://doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v92i1p52-56