Hepatite aguda secundária ao abuso de cocaína, associada a severa rabdomiólise
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v99i2p189-196Palavras-chave:
Cocaína, Hepatotoxicidade, Injúria Renal Aguda, Rabdomiólise, Doença hepática induzida por substâncias e drogas, Lesão renal agudaResumo
A cocaína é uma droga com notória capacidade de afetar adversamente quase todos os órgãos do corpo e pode causar uma infinidade de anormalidades multisistêmicas secundárias. No presente estudo, relatamos três casos de insuficiência hepática aguda complicada por rabdomiólise e lesão renal aguda após consumo de cocaína e álcool. O início da doença, as manifestações clínicas, os dados laboratoriais, o diagnóstico e a terapêutica de cada paciente foram registrados. Nota-se a presença de causas multifatoriais para a ocorrência de Insuficiência Hepática e Rabdomiólise nos três casos relatados. Os testes laboratoriais revelaram que a concentração sérica de transaminases, bem como os de creatinafosfoquinase (CPK) aumentaram e que os sintomas de insuficiência renal aguda estavam presentes, o que forneceu um diagnóstico exato de insuficiência hepática aguda complicada por grave rabdomiólise e lesão renal aguda dialítica. Rabdomiólise é uma condição de hipermioglobinúria, sendo uma dos principais fatores que fomentam uma piora da função renal. A terapia da fase inicial envolveu suporte a ressuscitação volêmica associada a terapia dialítica com rigoroso controle da função renal. Os três pacientes desenvolveram comprometimento de múltiplos órgãos, mas apenas um foi a óbito devido a gravidade do quadro. Considerando os três casos apresentados, concluímos que a insuficiência hepática, complicada por rabdomiólise, secundária ao uso de cocaína e álcool pode ter mau prognóstico clínico, a depender de vários fatores. E os médicos devem estar cientes dos potenciais efeitos causados pela cocaína, a fim de gerir as múltiplas complicações associadas ao abuso destas substâncias.
Downloads
Referências
Haas C, Karila L, Lowenstein W. Cocaine and crack addiction: a growing public health problem. Bull Acad Natl Med. 2009;193:947-62.
Word Drug Report 2016. Cocaine. Chap. 1.Available from: http:// www.unodc.org/doc/wdr2016/WDR_2016_Chapter_1_Cocaine.pdf.
Rigacci R, Madruga CS, Ribeiro M, Pinsky I, Caetano R, Laranjeira R. Addictive behaviors prevalence of cocaine use in Brazil: data from the II Brazilian National Alcohol and Drugs Survey (BNADS). Addict Behav. 2014;39(1):297-301. doi: 10.1016/j.addbeh.2013.10.019.
Goldberg A. Superimposed cocaine-induced rhabdomyolysis in a patient with aortic dissection rhabdomyolysis. A&A Case Rep. 2015;4(6):75-7. doi: 10.1213/XAA.0000000000000122.
Ansari M, Arshed S, Islam M, Sen S, Yousif A. A case of reversible drug-induced liver failure. Clin Case Rep. 2017;5(7):1181-3. doi: 10.1002/ccr3.1030.
Lucey MR, Terrault N, Ojo L, Hay JE, Neuberger J, Blumberg E, et al. Long- term management of the successful adult liver transplant: 2012 practice guideline by the American Association for the Study of Liver Diseases and the American Society of Transplantation. Liver Transpl. 2013;19:3-26. doi: 10.1002/It.
Hurtova M, Duclos-Vallée JC, Saliba F, Emile JF, Bemelmans M, Castaing D, et al. Liver transplantation for fulminant hepatic failure due to cocaine intoxication in an alcoholic hepatitis C virus-infected patient. Transplantation. 2002;73(1):157-8. doi: 10.1097/00007890-200201150-00031.
Payancé A, Scotto B, Perarnau JM, de Muret A, Bacq Y. Severe chronic hepatitis secondary to prolonged use of ecstasy and cocaine. Clin Res Hepatol Gastroenterol. 2013;37(5):e109–13. doi: 10.1016/j.clinre.2013.06.003.
Roqué A, Soy G, Retto O, Núñez C, Fort E, Aldeguer X, et al. Cocaine-induced Fulminant Hepatitis. J Gastrointest Dig Syst. 2017;7(3):505. doi: 10.4172/2161-069X.1000505.
Tsai J-P, Lee C-J, Subeq Y-M, Lee R-P, Hsu B-G. Acute alcohol intoxication exacerbates rhabdomyolysis-induced acute renal failure in rats. Int J Med Sci. 2017;14(7):680-9. doi: 10.7150/ijms.19479.
Kotbi N, Oliveira E, Francois D, Odom A. Mania, cocaine, and rhabdomyolysis: a case report. Am J Addict. 2012;21(6):570-1. doi: 10.1111/j.1521-0391.2012.00287.x.
Park J-S, Seo M-S, Gil H-W, Yang J-O, Lee E-Y, Hong S-Y. Incidence, etiology, and outcomes of rhabdomyolysis in a single tertiary referral center. J Korean Med Sci. 2013;28(17):1194-9. doi: 10.3346/jkms.2013.28.8.1194.
Guollo F, Narciso-Schiavon JL, Barotto AM, Zannin M, Schiavon LL. Significance of alanine aminotransferase levels in patients admitted for cocaine intoxication. J Clin Gastroenterol. 2015;49(3):250-5. doi: 10.1097/MCG.0000000000000056.
Vernaglia TVC, Leite TH, Faller S, Pechansky F, Kessler FHP, Cruz MS. The female crack users: Higher rates of social vulnerability in Brazil. Health Care Women Int . 2017;38(11):1170-87. doi: 10.1080/07399332.2017.1367001.
Hosseinnezhad A, Vijayakrishnan R, Farmer MJS. Acute renal failure, thrombocytopenia, and elevated liver enzymes after concurrent abuse of alcohol and cocaine. Clin Pract. 2011;1(2):35. doi: 10.4081/cp.2011.e35.
García-Marchena N, de Guevara-Miranda DL, Pedraz M, Araos PF, Rubio G, Ruiz JJ, et al. Higher impulsivity as a distinctive trait of severe cocaine addiction among individuals treated for cocaine or alcohol use disorders. Front Psychiatry. 2018;9:1-10. doi: 10.3389/fpsyt.2018.00026.
Pianca TG, Rosa RL, Ceresér KMM, de Aguiar BW, de Abrahão RC, Lazzari PM, et al. Differences in biomarkers of crack-cocaine adolescent users before/after abstinence. Drug Alcohol Depend. 2017;177:207-13. doi: 10.1016/j.drugalcdep.2017.03.043.
Papadatos SS, Deligiannis G, Bazoukis G, Michelongona P, Spiliopoulou A, Mylonas S, et al. Nontraumatic rhabdomyolysis with short-term alcohol intoxication - a case report. Clin Case Rep. 2015;3(10):769-72. doi: 10.1002/ccr3.326.
Roth D, Alarcon FJ, Fernandez JÁ, Preston RA, Bourgoignie JJ. Acute Rhabdomyolysis associated with cocaine intoxication. N Engl J Med. 1988;319(11):673-77. doi: 10.1056/NEJM198903093201011.
Elnenaei MO, Heneghen MA, Moniz C. Life-threatening hyperkalaemia and multisystem toxicity following first-time exposure to cocaine. Ann Clin Biochem. 2012;49(2):197-200. doi: 10.1258/acb.2011.011095.
OConnor AD, Padilla-Jones A, Gerkin RD, Levine M. Prevalence of rhabdomyolysis in sympathomimetic toxicity: a comparison of stimulants. J Med Toxicol. 2015;11(2):195-200. doi: 10.1007/s13181-014-0451-y.
Sise ME, Lo GC, Goldstein RH, Allegretti AS, Masia R. Case 12-2017 — a 34-year-old man with nephropathy. N Engl J Med. 2017;376(16):1575-85. doi: 10.1056/NEJMcpc1616395.