As mulheres e o voto
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2446-7693i9p47-53Palavras-chave:
capacidade eleitoral do sexo feminino, sufrágio sexuado, cidadania cívica versus cidadania civilResumo
O artigo aborda, historicamente, o lugar da mulher no pensamento político brasileiro a partir da tese de Anne Verjus (2002), a qual sustenta que o desligamento das mulheres de seus encraves sociais acompanhou a individualização da prática do voto. Demonstra que o tema – as mulheres e o voto – só começou a ser matéria de debate com o advento da República, momento em que a ausência das mulheres no ato de votar passou a ser justificada com argumentos sexistas, que questionavam a capacidade eleitoral do sexo feminino. Anteriormente, a capacidade política das mulheres estava implícita no cálculo censitário, avaliado a partir do conjunto das contribuições dos membros da família, homens ou mulheres. Com a abolição do direito do voto pautado no patrimônio familiar, o sufrágio passou a se uma prática masculina individual, dando início ao sexismo como fundamento da exterioridade política da mulher. O artigo sugere que essa exclusão, baseada em critérios sexistas, foi o que abriu caminho para se poder começar a imaginar o sufrágio feminino, obtido em 1932.
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