Comunidade Terapêutica democrática ou nova racionalização de operação do poder psiquiátrico
referências históricas de sua emergência
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2596-3147.v1i1p268-282Palavras-chave:
Comunidade Terapêutica, Maxwell Jones, Franco Basaglia, PsiquiatriaResumo
Em meio ao crescimento da formação de Comunidades Terapêuticas no Brasil, bem como de pesquisas que procuram compreender sua lógica, ordem, prática e funcionamento, este artigo pretende apresentar um esboço de dois autores e seus ideários, tomando-os como notas de referência sobre os sentidos das CTs contemporâneas. As ideias de Maxwell Jones e Franco Basaglia são apresentadas para refletir sobre como suas trajetórias em diferentes instituições e modelos de psquiatrias acendeu debates que levam em conta os conceitos de democracia e racionalização para a psiquiatria e a emergência das Comunidades Terapêuticas. Uma das críticas postas era a de que especulações teóricas acabariam por transformar as CTs em instituições modernas e racionalizadas e, por conseguinte, integradas ao sistema sem que se eliminassem as relações de poder. A partir de questões como essas, analisamos pontos colocados por ambos. Seja na descentralização do poder da psiquiatria ou na ambiguidade dialética comunitária, os modelos teórico-práticos propostos pelos autores e apresentados neste artigo colocam em evidência as contradições das instituições no interior dos hospitais psiquiátricos e que nos dão pistas para a compreensão das CTs.
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