Comunidade Terapêutica democrática ou nova racionalização de operação do poder psiquiátrico

referências históricas de sua emergência

Autores

  • Beatriz Brandão Meirelles Universidade Federal do Rio de Janeiro. Instituto de Filosofia e Ciências Sociais. Departamento de Sociologia
  • Jonatas Carvalho

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2596-3147.v1i1p268-282

Palavras-chave:

Comunidade Terapêutica, Maxwell Jones, Franco Basaglia, Psiquiatria

Resumo

Em meio ao crescimento da formação de Comunidades Terapêuticas no Brasil, bem como de pesquisas que procuram compreender sua lógica, ordem, prática e funcionamento, este artigo pretende apresentar um esboço de dois autores e seus ideários, tomando-os como notas de referência sobre os sentidos das CTs contemporâneas. As ideias de Maxwell Jones e Franco Basaglia são apresentadas para refletir sobre como suas trajetórias em diferentes instituições e modelos de psquiatrias acendeu debates que levam em conta os conceitos de democracia e racionalização para a psiquiatria e a emergência das Comunidades Terapêuticas. Uma das críticas postas era a de que especulações teóricas acabariam por transformar as CTs em instituições modernas e racionalizadas e, por conseguinte, integradas ao sistema sem que se eliminassem as relações de poder. A partir de questões como essas, analisamos pontos colocados por ambos. Seja na descentralização do poder da psiquiatria ou na ambiguidade dialética comunitária, os modelos teórico-práticos propostos pelos autores e apresentados neste artigo colocam em evidência as contradições das instituições no interior dos hospitais psiquiátricos e que nos dão pistas para a compreensão das CTs. 

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Biografia do Autor

  • Beatriz Brandão Meirelles, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Instituto de Filosofia e Ciências Sociais. Departamento de Sociologia

    Doutora em Ciências Sociais pela PUC-Rio (PPGCIS). Mestre em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (PPCIS/Uerj). Professora substituta do Departamento de Sociologia do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IFCS-UFRJ). Professora colaboradora da Pós-Graduação em Educação e Divulgação Científica no Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ). Integrou a pesquisa sobre juventude, vulnerabilidade e inserção social na Itália, por meio do intercâmbio entre Uerj – Tor Vergata e CREG – Centro di Ricerche Economiche e Giuridiche, onde realizou pesquisa com refugiados políticos em Roma. Possui pós-graduação/especialização em Políticas Públicas pela Escola de Políticas Públicas e Governo do Instituto de Pesquisa do Rio de Janeiro (EPPG/IUPERJ). Graduada em Ciências Sociais (Licenciatura) e em Comunicação Social (Jornalismo).

  • Jonatas Carvalho

    Mestre em História pelo PPGH da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Autor do livro Regulamentação e criminalização das drogas no Brasil: a Comissão Nacional de Fiscalização de Entorpecentes, 1936-1946. Nos três últimos anos, vem publicando artigos sobre Comunidades Terapêuticas em parceria com Beatriz Brandão.

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Publicado

2019-03-28

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Comunidade Terapêutica democrática ou nova racionalização de operação do poder psiquiátrico: referências históricas de sua emergência. (2019). Revista Ingesta, 1(1), 268-282. https://doi.org/10.11606/issn.2596-3147.v1i1p268-282